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Música alegre pode te ajudar a se recuperar do enjoo ao viajar de carro, sugere pesquisa


Usando um simulador de direção capaz de induzir enjoo, cientistas verificaram que tocar diferentes tipos de música pode ajudar as pessoas a se recuperarem da sensação de vertigem por movimento. Sons de gêneros mais suaves e ritmos alegres produziram os melhores efeitos de recuperação, enquanto os tons tristes apresentaram os piores resultados.
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Segundo a equipe responsável pelo estudo, a música representa uma estratégia não invasiva, de baixo custo e personalizada para se lidar com o problema. Detalhes dos experimentos foram descritos em um artigo científico publicado na terça-feira (2) na revista especializada Frontiers in Human Neuroscience.
“O enjoo de movimento prejudica significativamente a experiência de viagem para muitas pessoas”, lembra Qizong Yue, coautor do estudo, em comunicado. “Hoje, as intervenções farmacológicas disponíveis não são completamente eficientes e frequentemente apresentam efeitos colaterais, como sonolência.”
Controlando o enjoo no carro
O enjoo de movimento gera emoções negativas, como tensão, o que, por sua vez, desencadeia sintomas como tontura e náusea, afetando seriamente a experiência de viagem das pessoas, indica o centro médico Cleveland Clinic, nos Estados Unidos.
Como a música pode ser usada para aliviar a tensão, Yue e sua equipe se perguntaram se ela poderia também ajudar pessoas que enjoam no carro. Para testar sua hipótese, os pesquisadores desenvolveram um modelo para induzir enjoo de movimento e recrutaram 40 participantes para avaliar rotas em um simulador de direção e selecionar a melhor rota para causar enjoo.
Em seguida, os cientistas avaliaram um grupo de participantes quanto à suscetibilidade prévia ao enjoo e selecionaram 30 indivíduos que relataram níveis moderados de enjoo no passado. Esses participantes usaram toucas de eletroencefalograma (EEG) para tentar identificar sinais quantificáveis de náusea na atividade cerebral e foram divididos em seis grupos.
Desses, quatro foram submetidos a uma intervenção musical para lidarem com o enjoo; um não recebeu música; e o outro teve seus simuladores desligados quando começaram a relatar que poderiam sentir um leve enjoo (assim, servindo como grupo controle do teste).
Cenário da montagem experimental
Yilun Li et al.
Todos receberam os mesmos estímulos. Primeiro, os participantes permaneceram imóveis no simulador por alguns minutos para capturar sinais de EEG de base de seus cérebros. Em seguida, realizaram uma tarefa de direção e relataram seu nível de enjoo aos cientistas. Conforme pararam de dirigir, os participantes dos grupos musicais ouviram música por 60 segundos. Na sequência eram solicitados a relatar o quão enjoados se sentiam.
Tudo na sua cabeça?
Descobriu-se que a música alegre foi a que mais aliviou o enjoo em movimento, reduzindo-o em 57,3%, seguida de perto pela música suave, com 56,7%. Músicas românticas reduziram a náusea em 48,3%, enquanto tocar música triste se mostrou ligeiramente menos eficaz do que não fazer nada.
O grupo de controle relatou uma redução dos sintomas de enjoo em 43,3% após o descanso e aqueles que ouviram música triste relataram uma redução de apenas 40%.
Foi verificado que, quanto melhor se sentiam os participantes na recuperação, mais a atividade medida pelo EEG retornava aos seus níveis normais. Assim, existe chance de que a música suave relaxe as pessoas, aliviando a tensão que agrava o enjoo, enquanto a música alegre distraia as pessoas ao ativar os sistemas de recompensa do cérebro. Música triste pode ter o efeito oposto, amplificando emoções negativas e aumentando o desconforto geral.
Limitações do estudo
Apesar dos resultados encontrados, os cientistas reconhecem que mais pesquisas são necessárias para confirmar suas conclusões. “A principal limitação deste estudo é o tamanho relativamente pequeno da amostra. Essa restrição resulta em poder estatístico limitado”, destaca Yue.
Mais pesquisas com amostras maiores serão necessárias para validar os padrões de EEG como um indicador e para melhorar a compreensão do impacto da música no enjoo de movimento. Os pesquisadores também defendem estudos em condições da vida real, que podem impactar o cérebro de forma diferente em comparação com simulações.
Eles planejam dar continuidade a esses experimentos com investigações sobre diferentes formas de enjoo em viagens e o papel desempenhado pelo gosto musical individual. “Os principais arcabouços teóricos para a gênese do enjoo se aplicam amplamente à doença induzida por diversos veículos. Portanto, os resultados deste estudo provavelmente se estendem ao enjoo experimentado durante viagens aéreas ou marítimas”, avalia Yue.