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Almacor e o lugar da arte no vestir

Crédito da foto: Divulgação / Almacor.

Uma marca que nasce do propósito

A Almacor nasceu do desejo e da inquietação da mineira Cynthia Jaber, com longa experiência no mercado têxtil, de criar peças que fossem mais do que roupas ou objetos. A ideia era tratar cada estampa como uma obra em si, e desde o início ficou claro que inclusão seria um eixo central. Para isso, Cynthia trabalhou junto a jovens artistas neurodivergentes em diferentes partes do Brasil e transformou suas pinturas em tecidos aplicados em vestidos, quimonos e peças de casa.

“Nossa missão é tirar o extraordinário do invisível. Os diagnósticos não definem esses jovens”, afirma Cynthia, que conduz a direção criativa da marca e aposta em bases nobres como seda pura, linho e algodão para valorizar ainda mais o gesto artístico.

Em 2023, a marca ganhou o reforço da psicóloga baiana Cecília Freyre, mãe de dois adolescentes autistas e pesquisadora do tema. A entrada de Cecília expandiu o projeto para a linha casa, com cerâmicas e jogos americanos, sempre com o mesmo princípio de que cada criação parte de uma tela original, e os artistas recebem percentual das vendas.

Hoje, o time conta com quatro nomes com produções bastante distintas. O baiano Bernardo Tochilovsky, 24, já expôs em Portugal e Marrocos e é chamado de “poeta das cores” por suas pinceladas largas. O piauiense João Elyo, de 14, tem uma linguagem gestual que lembra Jackson Pollock e recebeu prêmio de arte abstrata em Madri. A ítalo-brasileira Clara Woods, 18, acumula mais de 30 exposições em três continentes e já esteve na Art Basel Miami a convite da Louis Vuitton. E Gio Freyre, a mais jovem, com 12 anos, apresenta pinceladas impressionistas delicadas, próximas da atmosfera lírica de Monet.

A estreia da marca em São Paulo aconteceu em março deste ano, quando o Festival Nordestesse levou a Almacor à Feira Rosenbaum. Agora, retorna com fôlego na 7ª edição do festival, instalado na Pinga Store, onde divide espaço com bordadeiras, ceramistas e criadores de cinco estados nordestinos. Em meio a bordados, cerâmicas e referências do Nordeste apresentados por 12 marcas da Bahia, Alagoas, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte, sob curadoria de Daniela Falcão, a Almacor se destaca pelas estampas que transformam a relação com a peça, conduzindo a silhueta em vez de apenas acompanhá-la, como se cada roupa fosse construída para ampliar o gesto dos artistas.

Não é comum encontrar projetos parecidos no mercado. O que faz a diferença na Almacor é que a ideia de inclusão não se dissocia da qualidade plástica das estampas. As roupas chegam ao público como peças de arte que mantêm vivo a mão de quem as criou.

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