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Lorde transforma memórias pessoais em reflexões sobre arte

Lorde transforma memórias pessoais em reflexões sobre arte

Na última sexta-feira (22), a cantora neozelandesa Lorde concedeu uma entrevista ao jornal francês Le Monde. Durante a conversa, a artista não apenas falou sobre como encara seus trabalhos, mas também refletiu sobre a relação com sua mãe e como essa ligação íntima influenciou diretamente sua trajetória artística. Em um diálogo permeado por filosofia e autorreflexão, ela revelou detalhes sobre seu processo criativo e destacou influências que carrega desde a infância.

Ao ser questionada sobre a estética visual de seus projetos, Lorde revelou que até mesmo a escolha da fonte utilizada nos materiais de Virgin foi inspirada em momentos de conexão com sua mãe. A cantora contou que, quando mais jovem, elas costumavam transformar conversas em poemas, experiências que ficaram gravadas em sua memória de forma vívida.

“Eu vejo meu trabalho como uma longa conversa entre mim e minha mãe. (…) Às vezes, no computador, ela transformava nossas conversas em poemas. Lembro-me das quebras de linha na tela e da fonte usada, a Times New Roman. Foi a que escolhi para o Virgin.”

Em outro momento da entrevista, Lorde se aprofundou em reflexões sobre sua escrita, descrevendo como sua forma de compor passou a dialogar mais com a coletividade do que com a individualidade. Ao falar sobre essa mudança, a artista utilizou um tom poético e filosófico para expressar como encara, hoje, o sentido de pertencimento em suas músicas.

“É preciso muita confiança para dizer ‘nós’. Na adolescência, não me faltava nenhuma. Esse ‘nós’ expressava uma forma de insatisfação, de desejo… Hoje, ofereço meu corpo, em seus mínimos detalhes, ao coletivo. Meu ‘eu’ é outro tipo de ‘nós’.”

As reflexões de Lorde sobre o processo criativo ressaltam uma característica marcante de sua carreira: a habilidade de se reinventar sem perder a essência. Desde o lançamento de Pure Heroine (2013), a cantora esteve à frente da composição de todas as suas faixas, sempre imprimindo autenticidade em cada projeto.

Mesmo com mudanças de produtores e colaboradores ao longo dos anos, nunca renunciou a sua maneira única de criar. Agora, em Virgin, Lorde apresenta uma abordagem distinta de trabalho. O álbum marca também uma ruptura em sua discografia por ser o segundo registro de estúdio a não contar com a participação de Jack Antonoff, produtor e compositor que esteve ao seu lado em Melodrama (2018), considerado até hoje o ponto alto de sua carreira.