Chris Martin, vocalista do Coldplay, sempre demonstrou profundidade em suas letras, e isso não é por acaso. Em entrevista recente ao podcast #ABTalks, o músico revelou que sua relação com a música foi, desde cedo, influenciada por sua formação religiosa. Quando adolescente, Martin recusou-se a cantar músicas que mencionassem “o mal ou o Diabo”, decisão que refletia os princípios que carregava na época.
Aos 15 anos, enquanto participava de uma banda, seus colegas sugeriram covers de clássicos como Sympathy For The Devil, dos Rolling Stones. A resposta dele foi imediata: “Não consigo cantar isso”. Naquele momento, o jovem Chris acreditava que essas letras não eram apropriadas. Hoje, ele admite que enxerga a questão de forma diferente, reconhecendo que, no fim, tratava-se apenas de uma música.
Martin cresceu em um ambiente cristão conservador, frequentando a Capela Belmont com sua família. Ele estudou na Exeter Cathedral School e depois na Sherborne School, instituição com raízes monásticas. Essa base religiosa deixou marcas profundas, refletindo não apenas em sua visão pessoal, mas também na sensibilidade artística que carregaria para sua carreira.
Com o passar dos anos, Chris Martin se distanciou das doutrinas religiosas tradicionais, mas não abandonou a espiritualidade. Em uma entrevista concedida a Howard Stern em 2021, ele se descreveu como um “alteísta” alguém que vê Deus como uma presença onipresente e incognoscível. Para ele, Deus não é uma entidade única, mas “a vastidão por trás de tudo”.
O cantor explicou sua visão: “Meu Deus é tudo e todos. Ele está em todos os lugares e em cada pessoa. Quando você chega ao ponto em que não consegue mais pensar, é aí que acredito que Deus está”. Essa perspectiva ampla e inclusiva também se reflete nas composições do Coldplay, que frequentemente abordam temas de fé, esperança e espiritualidade. Canções como Fix You, Paradise e Viva La Vida são exemplos claros dessa influência.
Chris Martin: Homer Simpson e a essência humana
Durante a entrevista, Chris também falou sobre algo aparentemente inusitado: sua identificação com Homer Simpson, personagem icônico da série Os Simpsons. Para ele, Homer representa a imperfeição e a humanidade: “Ele comete erros, é impulsivo, mas tem um bom coração e sempre faz a coisa certa no final”.
Essa conexão com o personagem não é apenas curiosa, mas revela um traço marcante da personalidade do cantor: a busca pelo equilíbrio entre falhas humanas e intenções genuínas. Inclusive, Chris fez uma participação especial no episódio Million Dollar Maybe da série, em 2010, cantando Viva La Vida para Homer e Bart em um momento que marcou os fãs.
De adolescente guiado por dogmas a artista que enxerga a espiritualidade de forma universal, Chris Martin mostra que sua jornada pessoal teve impacto direto em sua arte. Essa fusão de fé, filosofia e música é um dos segredos por trás do sucesso duradouro do Coldplay e da conexão única que a banda mantém com milhões de pessoas no mundo.