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Povo que vivia na região do Nilo tatuava o rosto de crianças há 1,4 mil anos

Descoberta Arqueológica Revela Tatuagens em Crianças na Região do Nilo Há 1.400 Anos

Uma equipe de arqueólogos liderada por Anne Austin, da Universidade de Missouri–St. Louis, fez uma descoberta surpreendente ao estudar restos humanos mumificados na região do Nilo, no norte do Sudão. Eles encontraram evidências de tatuagens em crianças com apenas 18 meses de idade, o que é um achado raro e significativo no registro arqueológico mundial.

A análise de mais de 1.000 restos humanos mumificados de três sítios arqueológicos sudaneses revelou 27 indivíduos com tatuagens preservadas na pele. Isso representa quase o dobro de todos os casos conhecidos até então no antigo Vale do Nilo. Os detalhes dos achados foram publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) e lançam uma nova luz sobre as transformações religiosas, culturais e sociais da antiga Núbia durante a expansão do cristianismo na região.

Padrão Inesperado de Tatuagens

O sítio de Kulubnarti, um assentamento cristão ativo entre 650 e 1000 d.C., foi o que mais chamou a atenção dos arqueólogos. Ali, 19% dos indivíduos analisados apresentavam sinais de tatuagem, uma proporção excepcionalmente alta para padrões arqueológicos. Mais surpreendente do que a frequência foi a distribuição das marcas, que estavam principalmente no rosto, incluindo testa, têmporas, bochechas e sobrancelhas.

A maioria dos indivíduos tatuados eram crianças com menos de 11 anos, e a pessoa mais jovem identificada com tatuagens visíveis tinha apenas 18 meses. Isso sugere que as tatuagens podem ter sido usadas como uma forma de proteção espiritual ou médica, ou até mesmo como um símbolo da fé cristã.

  • As tatuagens eram compostas por pontos e traços simples, com o desenho mais recorrente sendo uma cruz estilizada.
  • A equipe de arqueólogos acredita que as tatuagens faciais podem ter funcionado como uma espécie de batismo permanente, visível a toda a comunidade e impossível de ser removido.
  • Além disso, as tatuagens podem ter tido uma função protetora ou terapêutica, como na medicina tradicional ou para afastar males espirituais.

O estudo sugere que as tatuagens em Kulubnarti podem ter sido usadas para aliviar ou prevenir dores de cabeça e febres altas, que são sintomas compatíveis com a malária, uma doença endêmica no Vale do Nilo desde a Antiguidade.

A análise microscópica das marcas revelou detalhes sobre como as tatuagens eram feitas, usando pequenas facas ou lâminas para produzir cortes superficiais nos quais o pigmento era aplicado. O método parece ter sido relativamente rápido, mas doloroso.

Essa descoberta arqueológica revela que as práticas de tatuagem no mundo antigo eram mais difundidas, variadas e socialmente complexas do que se imaginava. Ela também destaca a importância de considerar o contexto histórico e cultural ao interpretar achados arqueológicos.

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