O mercado não recebeu com entusiasmo os resultados da WEG (WEGE3) do segundo trimestre deste ano, divulgados nesta quarta-feira (23). Apesar do lucro líquido de R$ 1,592 bilhão – 10,4% maior que no mesmo período de 2024 -, as ações operam em queda de 5,13% no dia, a R$ 41,32, o maior recuo diário do Ibovespa.
Segundo os analistas do Safra, o desempenho “pouco animador” foi sustentado pela valorização de 8,8% do dólar frente ao real e pela consolidação total das empresas Marathon, Cemp e Rotor, adquiridas em 2023 pela empresa. “Excluindo esses efeitos, o crescimento orgânico teria sido de 6,3% em reais e -2,3% em dólares”.
Já o Goldman Sachs destacou que os juros mais altos no Brasil e a incerteza macroeconômica global estão pressionando a entrega de projetos de ciclo longo – especialmente na divisão de motores elétricos, que respondeu por cerca de 50% da receita consolidada no trimestre.
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Mas afinal: vale investir no papel agora? E o que esperar dos dividendos no segundo semestre? A resposta varia.
Comprar ou vender, eis a questão
O próprio Safra manteve a recomendação neutra – ou seja, nem comprar, nem vender. O motivo: o cenário macroeconômico global ainda incerto. A XP também segue cautelosa e destaca três principais riscos:
- Tensões geopolíticas: se agravadas, podem provocar disrupções na cadeia de suprimentos, aumento de custos e mais incerteza no mercado.
- Revisões negativas nos lucros: a XP estima lucro líquido de R$ 7,4 bilhões em 2026, cerca de 11% abaixo do consenso, o que indica espaço para cortes nas estimativas.
- Valuation assimétrico: com crescimento modesto, o múltiplo P/L justo seria de 20 vezes – abaixo das 24 vezes atualmente projetadas para 2026. “Isso indica uma assimetria negativa em relação ao múltiplo atual, ou seja, o mercado está pagando mais do que deveria com base nas perspectivas de crescimento”.
Já o Genial tem visão mais otimista e manteve recomendação de compra. A casa destaca que, pela primeira vez em cinco anos, a WEG negocia com desconto de 7% no P/E, frente à média histórica de prêmio de 30%.
“Embora reconheçamos que parte disso se deva à frustração no curto prazo, seguimos vendo a necessidade de prêmio como uma diferença estrutural. A WEG ainda se destaca por ter margens mais elevadas que seus pares, modelo verticalizado e presença relevante em geografias resilientes, o que justifica sua capacidade de capturar crescimento com mais eficiência”, disse o banco.
Maiores quedas diárias do Ibovespa:
Empresa | Maiores quedas do dia | Preço |
WEG (WEGE3) | -5,13% | R$ 41,32 |
BRF (BRFS3) | -2,02% | R$ 22,16 |
Vamos (VAMO3) | -1,27% | R$ 3,95 |
Vale (VALE3) | -0,14% | R$ 57,5 |
Arezzo (ARZZ3) | -0,08% | R$ 48,69 |
E os dividendos?
A companhia anunciou ontem o pagamento de R$ 719,35 milhões em dividendos extraordinários, o equivalente a R$ 0,1714503823 por ação, com depósito previsto para o dia 28 de agosto para investidores com posição até 25 de julho (dia da data com).
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No ano, o dividend yield (retorno somente de dividendos) anunciado é de 1,16%, ou R$ 0,48 por ação, segundo Pedro Galdi, analista da AGF. A projeção de proventos, no entanto, é de 2,07% (ou R$ 0,80 por papel), falou o especialista. Ainda falta, portanto, 0,91 ponto percentual para atingir esse patamar.
“As expectativas para este ano estão uniformes com o histórico de distribuição de Dividendos/Juros sobre Capital Próprio (JCP) da empresa”, afirmou Galdi.
Com base nessa diferença que falta, quem investisse R$ 10 mil hoje teria um retorno bruto de R$ 91 apenas com proventos. Segundo o analista, “as ações da WEG são voltadas a investidores que buscam ganhos por crescimento (valorização do preço da ação) e não por dividendos”.
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