A padronização do USB-C como conector universal de dispositivos eletrônicos avança em escala global, puxada principalmente pela regulamentação da União Europeia. Desde 2024, fabricantes que atuam no bloco europeu precisam obrigatoriamente adotar o conector em smartphones, tablets e outros aparelhos. A medida mira na redução do lixo eletrônico, simplificação para o consumidor e maior compatibilidade entre os produtos.
A lei imposta por países europeus foi aprovada em 2022, após um embate com a Apple. O prazo para a adoção do USB-C foi até o final de 2024. No Brasil, ainda não existe uma exigência legal, mas o impacto da decisão europeia já é visível nas vitrines nacionais. Com o USB-C ganhando espaço também nos modelos intermediários e de entrada, o consumidor começa a conviver com um novo cenário: mais prático, sim, mas que também exige atenção a detalhes técnicos e às diferenças internas entre cabos com a aparência idêntica. A seguir, o TechTudo destrincha os impactos dessa transição e responde às principais dúvidas sobre o tema.
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União Europeia adotou o USB-C como padrão obrigatório desde 2024
Taís Aparecida/TechTudo
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A seguir, confira os tópicos que serão abordados neste guia sobre os benefícios e dores de cabeça da padronização do USB-C:
O que é o USB-C e por que ele se tornou o novo padrão?
Regulamentações e pressão política: o papel da União Europeia
Os benefícios para o consumidor
As dores de cabeça do USB-C
E no Brasil? Como está a adoção do USB-C por aqui?
O que o consumidor precisa saber na prática?
Conclusão
1. O que é o USB-C e por que ele se tornou o novo padrão?
O USB-C é um conector reversível, o que significa que pode ser encaixado de qualquer lado, trazendo mais praticidade para o dia a dia do usuário. Ele chegou para substituir padrões antigos, como o micro USB e o USB-A, e isso com vantagens claras tanto na potência quanto na velocidade da transferência de dados. Além disso, o mesmo cabo USB-C pode ser usado para carregar celulares, alimentar notebooks, conectar fones de ouvido e até transmitir vídeo em alta resolução para monitores 4K.
A versatilidade deve-se aos avanços técnicos que acompanham o USB-C. O padrão inclui compatibilidade com tecnologias como o Power Delivery, que permite o carregamento rápido de até 240 Watts. Ainda é possível alcançar taxas de transferência de até 40 gigabits por segundo, dependendo da versão do cabo. Porém, essa variedade técnica gera um desafio: embora o formato físico seja exatamente igual, as capacidades internas podem variar bastante.
Na prática, isso significa que um cabo USB-C comprado por impulso pode não atender a todas as funções desejadas. Existem modelos voltados apenas para carregamento lento, outros que não suportam transmissão de vídeo ou que apresentam velocidades reduzidas na transferência de dados. A aparência é idêntica, mas o desempenho não. Essa complexidade técnica é o que torna o tema tão importante para o consumidor comum.
Expectativa é que a padronização reduza custos e aumente a compatibilidade entre marcas
Divulgação/ELG
2. Regulamentações e pressão política: o papel da União Europeia
A União Europeia aprovou, em 2022, uma regulamentação que tornou obrigatório o uso do USB-C em celulares, tablets, e-readers e outros eletrônicos a partir de 2024. A medida já está em rigor na Europa e o principal objetivo foi acabar com a fragmentação de cabos e reduzir as aproximadamente 13,5 mil toneladas de lixo eletrônico geradas anualmente dentro do bloco, segundo informações divulgadas pelo parlamento europeu.
Empresas como a Apple, que utilizavam o conector Lightning nos iPhones, foram as mais impactadas. Com a nova legislação, a marca precisou adotar o USB-C nos modelos mais recentes, como o iPhone 15, lançado em 2023. Marcas como Samsung, Motorola e Xiaomi já haviam migrado para o padrão anteriormente, o que facilitou a adaptação às novas regras.
3. Os benefícios para o consumidor
A padronização do USB-C elimina um problema antigo: a necessidade de vários carregadores e cabos diferentes para cada dispositivo. Com a adoção do novo padrão, fica mais simples carregar todos os aparelhos com um único cabo, independentemente da marca. Isso representa economia, facilidade e menos itens para carregar em viagens, por exemplo.
Além disso, do ponto de vista ambiental, a mudança traz impactos positivos. Ao utilizar um único padrão, reduz-se a produção e o descarte de cabos incompatíveis ou ultrapassados. Deste modo, o consumidor abandona a necessidade de comprar um carregador novo a cada troca de smartphone, o que gera menos lixo e evita gastos desnecessários
Mudança para cabo USB-C visa reduzir lixo eletrônico e facilitar o uso de carregadores universais
Carol Danelli/TechTudo
Outro benefício importante é a flexibilidade do uso, já que um cabo USB-C de qualidade pode ser usado em um celular Android, um notebook, um fone de ouvido ou até em um console portátil. Ou seja, essa flexibilidade aumenta a vida útil dos acessórios e diminui a dependência de soluções proprietárias, dando mais liberdade ao usuário.
4. As dores de cabeça do USB-C
Apesar das promessas, a adoção do USB-C ainda traz confusão para muitos consumidores. O principal problema é que nem todo cabo USB-C entrega a mesma performance. Existem variações quanto à potência de carregamento, suporte a vídeo, transferência de dados e até segurança elétrica. E essas diferenças raramente ficam claras na embalagem.
Nas redes sociais, é comum encontrar relatos de usuários frustrados com cabos que não carregam rápido ou não funcionam com notebooks, mesmo tendo o formato correto. Isso acontece porque, internamente, há padrões diferentes de fabricação e o mercado ainda não é transparente quanto a isso. Além disso, cabos mais baratos geralmente omitem certificações técnicas importantes.
Outro ponto crítico é o custo da transição. Quem já possui acessórios com conectores Lightning, micro USB ou USB-A precisa comprar novos cabos ou adaptadores. Embora existam opções para a conversão, elas nem sempre funcionam bem. A substituição se resume em gastos e pode gerar descarte indevido de componentes ainda funcionais.
Entrada USB-C do Redmi Note 13 Pro 5G
Ana Letícia Loubak/TechTudo
5. E no Brasil? Como está a adoção do USB-C?
O mercado brasileiro já vive a transição para o USB-C, mas ela não é uniforme. Marcas como Samsung, Motorola, Xiaomi e Realme adotaram o padrão nos aparelhos intermediários e premium. No entanto, em celulares de entrada e dispositivos mais simples, o micro USB ainda resiste, principalmente por conta de custos de produção e da ausência de exigência legal no país.
Nas prateleiras, a oferta de acessórios com entrada USB-C vem crescendo, mas ainda há dificuldade de identificação. Muitos cabos e carregadores vendidos no Brasil não informam claramente a velocidade de carregamento, a compatibilidade com o Power Delivery ou a versão do padrão USB. E isso exige atenção redobrada na hora da compra.
Do ponto de vista legislativo, o debate sobre a padronização do carregador também está em curso, embora sem grandes avanços até agora. O Projeto de Lei 2.643/2022, apresentado pelo senador Carlos Fávaro (PSD-MT), determina que a Anatel estabeleça o USB-C como padrão obrigatório para carregadores de celulares no Brasil.
A proposta foi protocolada em outubro de 2022 e segue em tramitação no Senado. Ainda não há previsão concreta para sua aprovação, mas o texto reforça o movimento de alinhamento com o que já foi adotado pela União Europeia. Enquanto isso, o mercado brasileiro continua à mercê das decisões das fabricantes e do impacto de políticas internacionais, especialmente as europeias, que já tornaram o USB-C obrigatório desde 2024.
Microfone, entrada USB-C e entrada para fone de ouvido do celular Infinix Note 30 5G
Letícia Rosa/TechTudo
6. O que o consumidor precisa saber na prática?
Antes de comprar um cabo USB-C, é fundamental entender o que ele realmente oferece. Um modelo básico pode carregar o celular, mas não transferir dados com eficiência. Já um cabo completo, com suporte ao padrão USB 3.2 ou superior e tecnologia Power Delivery, entrega desempenho profissional, mas custa mais caro.
Por precaução, verifique sempre as especificações técnicas no rótulo ou na embalagem. Além disso, procure marcas reconhecidas e, se possível, modelos com certificação USB-IF. Isso garante que o produto cumpre os requisitos mínimos de qualidade e segurança. Outro ponto importante: evite cabos genéricos sem identificação, pois eles podem danificar seu aparelho ou comprometer a velocidade de carregamento.
A transição para o USB-C não será instantânea. Por isso, é recomendável manter cabos antigos por um tempo, ter adaptadores confiáveis à disposição e observar com atenção a compatibilidade entre seus dispositivos. Entender a tecnologia por trás do conector é o primeiro passo para aproveitar de fato os benefícios da padronização.
Modelos de teclado com USB-C permitem conexões reversíveis e cabos removíveis. Redragon Dragonborn traz cabo USB-C para conectar no PC
Divulgação/Redragon
7. Conclusão
A chegada do USB-C como padrão global de conectividade marca uma virada importante para o setor de eletrônicos. A proposta é clara: facilitar o uso diário, reduzir o desperdício e ampliar a liberdade do consumidor. Mas, para que essa mudança funcione de verdade, é preciso mais do que vontade política ou decisão de fabricante, é necessário conhecimento técnico e educação do consumidor.
No Brasil, essa realidade ainda está em construção. A adoção parcial do novo padrão, a falta de padronização nas embalagens e a ausência de legislação específica tornam a experiência do consumidor mais complexa. Ainda assim, o movimento global é irreversível.
A era do cabo único já começou, mas só será plenamente bem-sucedida se o consumidor for capaz de identificar o que realmente está comprando. Nesse novo cenário, informação é o fio que conecta segurança, economia e eficiência.
Com informações de europarl.europa.eu, G1, Senado Notícias.
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