Usar o celular no escuro faz mal à visão? Veja o que dizem especialistas


É mito ou verdade que usar o celular no escuro pode causar problemas de visão? Segundo especialistas, essa prática tem efeitos reais sobre os olhos, mesmo que não provoque cegueira ou doenças graves diretamente. Embora pareça inofensivo, o uso prolongado do celular em ambientes escuros pode causar uma série de desconfortos visuais imediatos e, a longo prazo, contribuir para alterações na visão, especialmente se o comportamento for recorrente. Entre as consequências mais relatadas estão a chamada cegueira temporária, sensação de olhos secos, dor de cabeça e dificuldades para dormir. Mas afinal, o que é mito e o que é verdade nesse contexto? Para esta matéria, o TechTudo ouviu especialistas e reuniu evidências científicas que esclarecem como proteger sua visão das telas. Confira!
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Para evitar os impactos negativos da luz azul na pele, utilize filtros de tela e mantenha os aparelhos distantes do rosto
Reprodução/Freepik
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Usar o celular no escuro faz mal à visão? Veja o que diz a ciência
O TechTudo reuniu informações importantes acerca do uso do celular no escuro. Sabia que essa prática pode alongar o globo ocular, gerarando, a longo prazo, miopia. A seguir, confira os tópicos que serão abordados neste guia.
O que acontece com os olhos no escuro?
Pode causar danos permanentes?
Síndrome da visão de computador (CVS)
Como proteger a visão ao usar o celular
Quando procurar um oftalmologista
Mitos x verdades
Conclusão
1. O que acontece com os olhos no escuro?
Imagem ilustrativa de um homem utilizando colírio apara evitar os olhos secos por usar celular por tempo prolongado
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Em ambientes escuros, nossos olhos se adaptam à baixa luminosidade por meio da dilatação da pupila e de um processo natural chamado adaptação escotópica, que aumenta a sensibilidade à luz. Quando uma tela brilhante é colocada abruptamente diante dos olhos nesse cenário, o contraste entre escuridão e luz intensa causa desorientação visual, desconforto e, em alguns casos, a chamada cegueira temporária. Segundo o oftalmologista Dr. Lucca Ortolan, esse fenômeno não é uma doença:
“A sensação de cegueira é uma desorientação visual momentânea, uma resposta normal do sistema ocular à mudança abrupta de luminosidade, e não uma patologia induzida pelo uso do aparelho.”
Além disso, a luz azul emitida pelas telas é mais agressiva aos olhos durante a noite. Em excesso, ela suprime a produção de melatonina, o hormônio do sono, interferindo diretamente no ritmo circadiano e prejudicando a qualidade do descanso. O especialista alerta: “Quando estamos expostos à luz azul antes de dormir, ela pode suprimir a produção de melatonina, dificultar o adormecer e comprometer a qualidade do sono.” Esse ciclo afeta não somente o descanso, mas também amplifica a fadiga ocular, sensação de olhos pesados, vermelhidão e ardência que muitos experimentam após longos períodos no celular à noite.
2. Pode causar danos permanentes?
Imagem ilustrativa de um médico testando a visão do paciente
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Apesar do desconforto, não há evidências científicas robustas de que o uso do celular no escuro cause danos permanentes à retina, como degeneração macular ou glaucoma. No entanto, a miopia, especialmente em jovens, é uma preocupação crescente. O uso excessivo de telas para leitura ou consumo de conteúdo próximo aos olhos está associado ao alongamento do globo ocular, fator determinante no surgimento da miopia.
“O esforço visual prolongado para focar em objetos próximos pode favorecer o aumento do comprimento axial do olho, levando ao surgimento ou progressão da miopia”, explica Dr. Ortolan.
A luz azul, embora tenha sido alvo de estudos que sugeriram danos em células da retina, ainda não tem efeitos comprovados em humanos nas condições normais de uso dos dispositivos. “O consenso atual é que não há evidência científica robusta de que a luz azul emitida por dispositivos digitais cause danos permanentes à retina humana”, reforça o oftalmologista. Assim, os maiores riscos estão mais ligados ao comportamento de uso do que à emissão luminosa em si.
3. Síndrome da visão de computador (CVS)
Pessoa que trabalha em casa à noite com computador
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O uso contínuo de telas, especialmente em más condições de iluminação, pode desencadear a chamada Síndrome da Visão de Computador (CVS), ou astenopia digital. Trata-se de um conjunto de sintomas causados pela sobrecarga dos músculos oculares, como olhos secos, dor de cabeça, ardência, visão turva e dificuldade de foco.
“Passar muito tempo em frente às telas pode levar a uma condição conhecida como astenopia”, confirma o especialista.
Dois mecanismos estão por trás desses sintomas: a redução da frequência de piscar e o esforço contínuo para manter o foco. Estudos demonstram que piscamos até 60% menos ao olhar para telas, provocando evaporação da lágrima e ressecamento ocular. Além disso, ambientes escuros exigem mais esforço de foco e aumentam o contraste da tela, amplificando a fadiga. “Esse esforço constante contribui para a fadiga visual”, alerta o Dr. Ortolan, lembrando que a postura inadequada também pode causar dores musculares e cervicais.
4. Como proteger a visão ao usar o celular
Imagem ilustrativa de uma moça jovem fazendo uma pausa ao longo do dia, olhando para uma paisagem natural
Kireyonok_Yuliya
A resposta curta é: muitos desses problemas podem ser prevenidos com hábitos simples de cuidado ocular. Uma das estratégias mais eficazes é a regra 20-20-20, que como já explorado aqui no TechTudo, sugere que a cada 20 minutos de uso, olhar por 20 segundos para um ponto a 6 metros de distância. Isso relaxa os músculos oculares e ajuda a prevenir a fadiga.
“A aplicação da regra 20-20-20, o ajuste do brilho e contraste da tela, e a hidratação ocular são medidas preventivas importantes”, aconselha o especialista.
Outras práticas incluem ativar o modo noturno, que reduz a emissão de luz azul, e ajustar o brilho da tela conforme a iluminação do ambiente. Evitar o uso do celular no escuro total é fundamental: opte por um abajur ou luz indireta para reduzir o contraste. Manter o celular a uma distância de 25 a 30 cm dos olhos e adotar uma postura confortável também são cuidados essenciais. Para quem sente os olhos secos, o uso de colírios lubrificantes é recomendado.
5. Quando procurar um oftalmologista
Imagem ilustrativa de um médico e paciente no consultório do oftalmologista
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A consulta oftalmológica regular deve fazer parte da rotina, mesmo na ausência de sintomas. “A recomendação geral é uma visita ao oftalmologista uma vez por ano”, orienta o Dr. Ortolan. Essa frequência permite identificar alterações precoces e adaptar prescrições de óculos ou lentes de contato, especialmente para quem usa frequentemente dispositivos digitais.
Entre os sinais de alerta estão: visão turva persistente, dores de cabeça frequentes após o uso de telas, sensação de areia nos olhos, lacrimejamento excessivo e aumento na sensibilidade à luz. “A persistência desses sintomas, apesar dos cuidados básicos, serve como um sinal de alerta”, reforça o oftalmologista. Crianças também devem seguir um cronograma de exames oftalmológicos conforme recomendação da OMS e da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica.
6. Mitos x verdades
Imagem ilustrativa de um polegar para cima e outro para baixo
rawpixel.com
Agora, desvendando alguns mistérios que envolvem o uso do celular durante a noite. Dormir com o celular no rosto causa catarata? Mito. Não há evidência científica que relacione diretamente o calor ou a luz do celular com o surgimento da catarata. Outra grande questão. Luz azul queima a retina? Também é mito. A exposição à luz azul das telas é muito inferior à da luz solar e, até o momento, não foi comprovado que ela cause degeneração macular.
Ler deitado faz mal? Verdade relativa. O problema não é exatamente a posição deitada, mas o mau posicionamento do celular, que pode causar tensão ocular ou muscular. O ideal é manter o aparelho na altura dos olhos e com distância adequada. Também é importante evitar que apenas um dos olhos receba luz direta — o que pode contribuir para a já citada cegueira temporária.
7. Conclusão
Imagem ilustrativa de uma mulher utilizando o celular em um local com luz natural ao mesmo tempo em que tira um momento para focor no bem-estar
marymarkevich
De maneira geral, usar o celular no escuro não vai te deixar cego, mas o hábito exige atenção. O desconforto ocular, a fadiga visual e o risco aumentado de miopia são consequências reais do uso prolongado e incorreto de telas. A prática comum de se deitar no escuro com o celular colado ao rosto pode parecer inofensiva, mas afeta não só os olhos, como também a qualidade do sono e o bem-estar geral.
A moderação e o uso consciente da tecnologia são aliados da saúde ocular. Adotar hábitos preventivos e manter os exames oftalmológicos em dia são as melhores formas de evitar complicações. Como lembra o Dr. Ortolan:
“Com consciência e a implementação de práticas simples, é perfeitamente possível desfrutar da tecnologia sem comprometer a saúde dos olhos.”
Com informações de American Academy of Ophtamology, National Library of Medicine e Scielo Brazil
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