Cientistas da Universidade de Harvard desenvolveram um bioplástico feito a partir de algas e o utilizaram como abrigo para o cultivo de algas verdes. Os resultados bem-sucedidos foram publicados no início de julho na revista Science Advances e podem apontar um caminho promissor para construções em Marte.
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A equipe de pesquisadores da Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson (SEAS), liderada pelo professor Robin Wordsworth, realizou o cultivo em condições semelhantes às do Planeta Vermelho. A ideia é que as informações obtidas na pesquisa sejam utilizadas para projetar habitats sustentáveis no espaço.
“Se você tem um habitat composto de bioplástico e, nele, crescem algas, essas algas podem produzir mais bioplástico. Assim, você começa a ter um sistema de ciclo fechado que pode se sustentar e até crescer ao longo do tempo”, destacou Wordsworth em comunicado.
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Características do bioplástico
Nos experimentos, os cientistas de Harvard recriaram a fina atmosfera de Marte e utilizaram a alga verde da espécie Dunaliella tertiolecta. A simulação foi feita sob uma pressão atmosférica de 600 Pascal — mais de 100 vezes menor do que a da Terra — e em um ambiente rico em dióxido de carbono.
O bioplástico utilizado na fabricação da câmara impressa em 3D é chamado de ácido polilático — um plástico biodegradável — e se mostrou capaz de bloquear a radiação UV. Ao mesmo tempo, o material permitia a passagem de luz suficiente para viabilizar a fotossíntese das algas.
A equipe também criou um gradiente de pressão dentro da estrutura, o que estabilizou a presença de água líquida, permitindo a atividade biológica no local.
Segundo os cientistas, os resultados do experimento demonstram um grande potencial para a criação de sistemas renováveis voltados à manutenção da vida em condições extremas, como as de Marte.
Combinação de experimentos
O mesmo grupo de pesquisadores de Harvard desenvolveu, em 2019, um sistema de aerogéis de sílica capaz de replicar o efeito estufa da Terra para estimular o crescimento biológico.
De acordo com os cientistas, a combinação dos dois experimentos pode resolver os desafios relacionados à temperatura e à pressão, condições essenciais para o crescimento de plantas e algas em Marte. O próximo passo da equipe é demonstrar que esses habitats funcionam em condições de vácuo — semelhantes às da Lua e do espaço profundo.
“O conceito de habitats feitos com biomateriais é fundamentalmente interessante e pode sustentar a vida humana no espaço. À medida que esse tipo de tecnologia se desenvolve, ela também trará benefícios indiretos para as tecnologias de sustentabilidade aqui na Terra”, ressaltou Robin Wordsworth.
Confira o estudo na íntegra na revista Science Advances.
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