TV de tubo, som em torre e DVD: relembre o combo da sala nos anos 2000


TV de tubo, som com três andares e DVD Player: o combo da sala brasileira nos anos 2000 não era apenas um conjunto de aparelhos eletrônicos – era o retrato de uma época. Antes das smart TVs, do streaming e dos assistentes virtuais, o fim de semana significava passar na locadora, rebobinar a fita VHS antes de devolver e torcer para o aparelho de som não engolir sua fita cassete favorita. Era também o auge do DVD player, que começava a dividir espaço com o velho videocassete.
Tudo isso formava um cenário que hoje parece quase inimaginável, mas que era comum em milhares de lares brasileiros no início dos anos 2000. A televisão de tubo reinava absoluta, os aparelhos de som pareciam torres de comando e o computador, se existisse, ficava em um cantinho da sala, conectado à internet discada. O mundo digital ainda engatinhava, e o consumo de tecnologia era mais lento, analógico e coletivo. Nesta matéria, o TechTudo te convida a uma viagem no tempo para reviver esse passado recente – e entender como ele moldou a forma como consumimos tecnologia hoje.
🔎Que nostalgia! 10 eletros que marcaram a infância nos anos 80 e 90
🔔 Canal do TechTudo no WhatsApp: acompanhe as principais notícias, tutoriais e reviews
Essa era uma sala de estar típica início dos anos 2000
Reprodução/Reddit
📝 É seguro comprar online? Descubra no Fórum do TechTudo
Como era a sala de estar típica nos anos 2000
Antes de mergulhar mais a fundo na nostalgia, é importante destacar o quanto as salas de estar mudaram ao longo dos anos 2000. Pode não parecer a princípio, mas a velocidade em que a tecnologia avançou no início do milênio chega a ser difícil de acompanhar, em especial no Brasil.
No início da década, os lares nacionais ainda demonstravam um grande apego aos aparelhos mais populares dos anos 1990. O VHS ainda era um sucesso colossal e as locadoras do bairro operavam a todo o vapor. Aparelhos de som tinham múltiplos andares e ofereciam suporte a CDs e fitas cassete. Computadores pessoais eram uma grande inovação e os videogames mais populares ainda construíam suas imagens com uma quantidade bem limitada de pixels.
PlayStation 1 era o sonho de consumo de todo jovem dos anos 2000
Reprodução/Pexels
No final dessa década, a situação era muito diferente. Em meados de 2009, muitas salas de estar já estavam equipadas com leitores de Disco Blu-Ray. Os aparelhos de som deram lugar aos home theaters. Computadores eram bem mais comuns e ocupavam um espaço de menor prestígio nos lares. A novidade nos bolsos dos brasileiros eram os celulares, cada vez mais eficientes. E os videogames já eram capazes de gerar imagens em alta definição.
Muitos avanços tecnológicos aconteceram em um espaço curto de tempo, então na grande maioria dos lares brasileiros era comum ter uma mistura saudável de tecnologias de ponta e aparelhos defasados. O epicentro dessas mudanças, que também é o coração de todas as salas de estar, são as televisões.
Das TVs de tubo à era digital
Até meados dos anos 2000, os brasileiros estavam acostumados a assistir aos seus programas favoritos na TV da sala, junto da família, em um formato quadrado. Na época, a ideia era de que esse formato era muito mais intimista e passava para o público a sensação de estar mais próximos de suas estrelas favoritas, fosse ela Hebe Camargo ou Xuxa Meneghel.
Os aparelhos ainda recebiam sinal analógico e as principais fabricantes do período, como a Semp Toshiba e a Philco, dependiam da clássica tecnologia de tubo catódico (CTR). Uma televisão comum tinha, normalmente, 29 polegadas, o que viria a mudar lentamente com a popularização do formato widescreen (16:9).
TV de tubo, som com 3 andares e DVD player: o combo da sala nos anos 2000
Reprodução/Instagram/Nostalgia na tela
Inspirado nas telas de cinema, os televisores continuaram bem volumosos por um tempo, mas a ascensão de novas tecnologias de fabricação, como LCD e Plasma, tornavam os aparelhos mais finos na mesma proporção que ficavam maiores. As telas de LCD costumavam ocupar 32 polegadas e eram mais acessíveis. As TVs de plasma, para poucos, podiam chegar a 50 polegadas e custar até R$ 8 mil.
Em junho de 2006, o governo instaura as normas da TV digital, o que abre as portas para uma revolução nas salas de estar de todo o país. Nos anos seguintes, as TVs de tubo foram aos poucos perdendo a sua popularidade. Cada vez mais casas contavam com uma televisão com um conversor digital integrado, mas quem ainda dominava o mercado eram os televisores LCD analógicos. A revolução da televisão digital só estaria completa no início dos anos 2010.
O “combo” tecnológico completo da sala brasileira
Uma sala de estar de classe média de meados dos anos 2000
Reprodução/Arkped
Se a televisão ocupava o lugar de maior prestígio nas salas brasileiras, os aparelhos de som não ficavam muito atrás. O Brasil adora música e reunir a família para grandes celebrações. Que forma melhor de ouvir os maiores nomes do axé, do pagode e do funk carioca, gêneros que surgiam com força na época, do que um aparelho de som com 3 andares?
Estas relíquias do passado, fabricados por marcas como a Gradiente e a Panasonic, permitiam uma grande inovação para os jovens da época: escutar CDs de artistas completamente diferentes sem precisar parar para trocar os discos. Os aparelhos contavam com uma bandeja que trocava automaticamente o CD de acordo com as músicas escolhidas em um pequeno display analógico. Muitos modelos ainda contavam com suporte a fitas cassetes nos níveis mais baixos do aparelho, o que permitia que os adultos resgatassem os mixtapes de sua juventude.
Um aparelho que conectava gerações e foi lentamente substituído por alternativas menores e mais portáteis nos anos seguintes. Conforme a década avançava, os aparelhos de som mais compactos ganharam maior popularidade e encontraram espaço até mesmo nas escolas, como o principal instrumento multimídia. Nos bolsos, os discman davam espaço aos MP3 Players, o que marcou a ascensão dos formatos digitais, uma novidade que demorou para ganhar tração nos lares brasileiros.
TV de tubo, som com 3 andares e DVD player: o combo da sala nos anos 2000
Reprodução/Facebook/Armazém Paraíba
Enquanto os CD Players resistiam firme e forte, os aparelhos de VHS estavam com os dias contados. Estes dispositivos capazes de interpretar as fitas de filmes eram sucesso na maioria dos lares brasileiros, sempre abaixo da televisão. Mudavam, inclusive, a forma como as pessoas consumiam seus programas. Afinal, era bem comum gravar seus programas favoritos ou agendar para que o aparelho captasse aquele episódio da novela que não seria possível assistir ao vivo. Era o início da ideia de assistir tudo no seu tempo, que se consolidou com o streaming.
Consumir fitas VHS era uma experiência bastante diferente do que estaria por vir. Para começar, as próprias fitas tinham uma identidade única. A maioria trazia uma carapaça preta, claro, mas algumas especiais chamavam a atenção por trazerem cores diferentes. A Disney ficou conhecida por suas fitas VHS esverdeadas, que marcaram toda uma geração. No final de um filme também era necessário rebobinar as fitas, um processo automático que fisicamente voltava toda a gravação ao ponto inicial e que se tornou obsoleto com a chegada do DVD.
Mesmo que a tecnologia de vídeo em discos já existisse, ela não dominou as salas de estar brasileiras até meados dos anos 2000. Mesmo depois da chegada dos DVDs Player, ainda levou um tempo para que eles substituíssem totalmente os VHSs no coração dos brasileiros, muito por conta dessas funcionalidades que eram perdidas. Era o fim da capacidade de gravar filmes diretamente da televisão e o início de uma relação mais próxima com a Internet.
Com a popularização dos DVDs, jovens de todo o país conseguiram ter mais liberdade com o consumo de entretenimento. De repente, era possível encontrar na Internet programas que sequer eram exibidos no Brasil, como muitos animes, e gravar em um disco para assistir no conforto de seu lar. As locadoras ainda eram muito presentes na rotina das famílias, em especial nos finais de semana, mas a ascensão dessa mídia também fortaleceu a pirataria.
Sala de estar nos anos 2000
Reprodução/TikTok
Nessa época, os computadores ainda não eram eletrônicos comuns nas casas brasileiras. Por esse motivo, ocupavam um espaço mais comunitário nos lares. Como era difícil que uma família tivesse acesso a mais de um aparelho, era ainda mais comum que o PC ficasse localizado em um canto da sala, em uma mesinha super disputada. A banda larga não se tornaria um hábito de consumo nacional até a metade da década, então por muito tempo os computadores ainda precisam conviver com as linhas telefônicas para o acesso à Internet discada.
Se computadores não eram muito comuns no início da década, videogames eram mais raros. Normalmente, mesmo que modelos mais modernos já estivessem em circulação, era comum que os jovens herdassem um Super Nintendo ou Master System, da TecToy, de algum primo mais velho.
Com o passar do tempo, entretanto, o PlayStation dominou completamente o gosto da juventude e se tornou o principal sonho de consumo da garotada. A marca atravessou três gerações ao longo dos anos 2000. Começou a década com gráficos tridimensionais simples, bem poligonais, de 32-bits e encerrou essa era entrando na alta definição com o lançamento do PlayStation 3.
O que substituiu cada item hoje
Uma sala moderna costuma contar com uma smart TV
Ana Letícia Loubak/TechTudo
Pensar na tecnologia de antigamente só reforça como alcançamos um estado de praticidade geral. Nos dias de hoje, a TV de Tubo abriu espaço para as TVs Smart, com conexão constante à Internet e acesso aos principais serviços de streaming. A própria TV digital, que engatinhava nos anos 2000, começa a ser substituída pela TV 3.0 nos próximos anos, que eleva a interatividade a um novo patamar.
Os DVDs Player já são completamente coisa do passado. Ainda é possível encontrar discos de Blu-Ray dos principais lançamentos, com alguma dificuldade. Contudo, a nova norma é acessar filmes e séries por meio de plataformas de streaming, como Globoplay, Netflix e HBO Max. As visitas semanais à locadora deram espaço a uma assinatura mensal para ter acesso a qualquer conteúdo que quiser no momento em que achar melhor.
O consumo de música seguiu o mesmo caminho. Enquanto os CD Players pareciam verdadeiras torres de entretenimento, hoje em dia é cada vez menos comum encontrar aparelhos dedicados a essa função. A forma mais comum de consumir música, além de acessar diretamente pelos smartphones, é por meio de aparelhos conectados a plataformas como Spotify e Amazon Prime Music. Assim, os soundbars se transformam nos CD Players dos tempos modernos e assistentes como a Alexa são os novos rádios, com funcionalidades inteligentes.
Os computadores e videogames saíram das salas de estar na maioria dos lares e se tornaram aparelhos de uso individual, guardados nos quartos de cada membro da família. Os gigantescos monitores de tubo foram substituídos por telas cada vez mais finas dos notebooks e os videogames de poucos pixels abriram espaço para dispositivos poderosos e portáteis, como o Nintendo Switch 2.
O que isso dizia sobre o consumo de tecnologia da época
Todo esse avanço tecnológico teve um custo. Pode parecer uma memória distante, mas, nos anos 2000, os aparelhos eletrônicos eram vistos como bens duráveis. Não existia um sentimento de urgência para substituir modelos por suas versões mais modernas, o que explica o porquê de tecnologias tão contrastantes terem convivido por bastante tempo.
Um televisor novo poderia acompanhar a família por quase uma década, algo impensável na nova era de obsolescência programada. Se por um lado isso representava uma grande vantagem sob uma ótica sustentável e para a economia das famílias, serviu como um freio na popularização de novas tecnologias no país. Um exemplo claro foi a lenta transição das televisões analógicas para aquelas com sinal digital, que só seria completada no início da década seguinte.
Sala de estar nos anos 2000
Reprodução/Reddit
Em certos círculos, gastos com tecnologias de ponta eram vistos como um luxo, um gasto supérfluo reservado para quem tinha dinheiro sobrando. Uma geração que saia de um momento de instabilidade política preferia guardar dinheiro a investir em melhorias opcionais na sua sala de estar. Assim, a aquisição de grandes saltos tecnológicos se tornou uma forma de marcador social. Em meados dos anos 2000, DVD Players eram uma raridade, como os televisores 8K são nos tempos de hoje.
Muita coisa mudou em mais de 25 anos de avanços tecnológicos e sociais. A relação dos brasileiros com a tecnologia não é mais a mesma. A cada ano, as telas ficam cada vez menores. Os aparelhos escondem mundos hiperindivualistas, que são montados por algoritmos para agradar o gosto pessoal de cada um. Mas nem sempre foi assim. Não faz muito tempo em que a sociedade viveu uma era mais simples. Uma época em que a tecnologia não dividia ninguém em bolhas. Na verdade, unia famílias no sofá da sala.
Com informações de Abinee e TCL Semp.
Mais do TechTudo
Veja também: Samsung lança TV com IA e comandos de gestos; conheça
Samsung lança TV com IA e comandos de gestos; conheça