O enviado de Donald Trump para a Ucrânia, Keith Kellogg, iniciou conversações em Kiev nesta segunda-feira (14) sobre segurança e sanções contra a Rússia, depois que o presidente dos EUA disse que mandará mísseis de defesa aérea Patriot para a Ucrânia.
Em um forte afastamento de sua posição anterior, Trump também deve anunciar um novo plano para armar a Ucrânia com armas ofensivas, informou o site de notícias norte-americano Axios, citando duas fontes familiarizadas com o assunto.
As medidas de Trump destacam seu crescente desencanto com o presidente russo, Vladimir Putin, devido à falta de progresso nos esforços liderados pelos EUA para garantir um cessar-fogo na guerra de mais de três anos da Rússia na Ucrânia.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, que se encontraria com Kellogg na capital ucraniana, quer mais recursos defensivos para se defender dos intensos ataques de mísseis e drones da Rússia, que detém cerca de um quinto da Ucrânia, está avançando no leste e não mostra sinais de abandonar seus principais objetivos de guerra.
“Enviaremos Patriots, que eles precisam desesperadamente, porque Putin realmente surpreendeu muitas pessoas. Ele fala bonito e depois bombardeia todo mundo à noite”, disse Trump aos repórteres na Base Conjunta Andrews, nos arredores de Washington, no domingo.
“Basicamente, vamos lhes enviar vários equipamentos militares muito sofisticados. Eles vão nos pagar 100% por isso, e é assim que queremos que seja”, declarou Trump.
Trump não disse quantos Patriots ele planeja enviar para a Ucrânia, mas afirmou que os Estados Unidos serão reembolsados pelo custo deles pela União Europeia.
Trump também se reunirá com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, nesta semana para discutir a Ucrânia, entre outras questões, e o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, deve visitar Washington para conversar com o secretário de Defesa, Pete Hegseth.
Berlim se ofereceu para pagar pelos sistemas Patriot para a Ucrânia, de acordo com uma proposta tornada pública pelo chanceler Friedrich Merz, e emergiu como um importante ator à medida que os Estados europeus da Otan se movimentam para aumentar sua força militar sob pressão dos EUA.
Putin disse a Trump por telefone em 3 de julho que Moscou quer um fim negociado para a guerra, mas não recuará de seus objetivos originais, disse um assessor do Kremlin.
Há um ano, Putin estava disposto a interromper a guerra com um cessar-fogo negociado, reconhecendo as linhas existentes no campo de batalha, informou a Reuters na época. Mas, nas negociações do mês passado, a Rússia estabeleceu termos punitivos para a paz, exigindo que Kiev abrisse mão de grandes novas porções de território e aceitasse limites para o tamanho de seu Exército.
Objetivos de guerra
Putin afirma que a Rússia foi obrigada a entrar em guerra na Ucrânia para evitar que o país se unisse à Otan e fosse usado pela aliança ocidental como plataforma de lançamento para atacar a Rússia. A Ucrânia e seus aliados europeus dizem que esse é um pretexto ilusório para o que eles chamam de uma guerra de estilo imperial.
Zelenskiy disse que havia instruído os comandantes militares a apresentar a Kellogg informações sobre as capacidades da Rússia e as perspectivas da Ucrânia.
“Defesa, fortalecimento da segurança, armas, sanções, proteção do nosso povo, fortalecimento da cooperação entre a Ucrânia e os Estados Unidos — há muitos tópicos a serem discutidos”, escreveu Andriy Yermak, chefe da administração presidencial em Kiev, no aplicativo de mensagens Telegram.
Centenas de milhares de pessoas, incluindo civis de ambos os lados, foram mortas ou feridas no maior conflito terrestre da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Nos últimos combates relatados, drones ucranianos atacaram um centro de treinamento na usina nuclear de Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia, na noite de domingo, disse na segunda-feira a administração da usina, instalada pela Rússia. A Ucrânia não comentou sobre o suposto ataque.
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