Teste: Geely EX5 é SUV com jeitão de chinês e “DNA” de Volvo

A Geely veio ao Brasil pela primeira vez em 2014, representada pelos executivos do Grupo Gandini. Após cerca de quatro anos e resultados abaixo do esperado, a fabricante foi embora do país sem fazer barulho nenhum. Agora, em 2025, a montadora chinesa retorna renovada e com uma estratégia completamente diferente, encabeçada pelo Geely EX5

O “carro-chefe” do retorno da marca chinesa ao Brasil é um SUV elétrico de médio porte, que chega para brigar em um dos segmentos mais disputados do mercado nacional atualmente

Disponível em duas versões (Pro e Max), o carro está à venda a partir de R$ 205.800, na configuração mais barata, e R$ 225.800 na mais cara. Na pré-venda, que estava disponível desde o dia 17 até esta quarta-feira (30), ambos os modelos estavam com desconto de R$ 10 mil. 


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Com 4,61 m de comprimento, 1,90 m de largura, 1,67 m de altura e 2,75 m de entre-eixos, o EX5 se destaca principalmente em sua frente, que é completamente fechada. No para-choque, há duas aberturas para passagem de ar, além de faróis afilados que se alinham na altura do capô. 

Geely EX5 visto de frente
O “nariz” do EX5 não tem grade, é totalmente fechado (Alexandre Battibugli/LaImagem)

Como é o Geely EX5?

Para manter o foco aerodinâmico, as maçanetas são embutidas na carroceria e as rodas diamantadas possuem apenas pequenas aberturas. Elas podem ser de 18” ou 19”, dependendo da versão. 

A traseira é genérica — não muito diferente do restante do carro. As lanternas são interligadas por meio de uma barra em led, mas no centro há diversos riscos destacados. Para completar: há um aerofólio pintado em preto brilhante (assim como o teto) e detalhes em plástico na parte inferior do para-choque. 

Repleta de tecnologia, a cabine combina uma dupla de telas de ótima qualidade e um head-up display de 13,8” (apenas na versão Max). O quadro de instrumentos é de 10,2”, enquanto a central multimídia 15,4”. Porém, tem conexão apenas com Apple CarPlay. Não há compatibilidade com Android Auto, mas é possível utilizar um navegador GPS nativo. 

Cabine EX5
Console central é elevado e conta com um “porta-trecos” na parte inferior (Alexandre Battibugli/LaImagem)

Vale destaque também para o acabamento e os materiais soft touch utilizados, que cobrem quase todas as superfícies da cabine. No entanto, como (quase) todo carro chinês, vale atenção para a falta de botões físicos no painel. Praticamente tudo tem de ser feito na central multimídia e isso acaba atrapalhando na hora de dirigir. 

Por incrível que pareça, foi muito difícil encontrar o pisca-alerta no primeiro contato com o veículo. Buscamos dentro da central multimídia, no console e nada de acharmos. Até que, ao olhar para cima, pudemos ver o botão junto às luzes que iluminam a cabine. 

Isso, na verdade, vale até ser destacado, já que há diversas marcas que colocam essa função dentro da central, dificultando o uso em momentos de urgência. 

Outro pequeno detalhe que pôde ser observado está na alavanca da seta, que tem uma configuração um pouco diferente dos padrões que estamos acostumados, sendo um pouco mais sensível e não travando quando a colocamos para baixo ou para cima. 

Geely EX5 visto por trás
Lanternas se alinhas por uma barra de led (Alexandre Battibugli/LaImagem)

Ao baixá-la ou levantá-la para sinalizar a curva, a alavanca volta para a posição inicial, dificultando um pouco quando há necessidade de mudar para o sentido oposto rapidamente, pois ela acaba ficando ligada sem você perceber. Depois de algum tempo dirigindo, porém, você acaba pegando o jeito. 

Mas há algo que nos chamou atenção: o espaço interno. Os 2,75 m de entre-eixos foram muito bem aproveitados. Para quem senta atrás ou na frente, as pernas sempre vão estar confortáveis. Assim como as costas, porque os bancos possuem bons materiais nos encostos, além de massagem, ventilação e aquecimento para o motorista e carona. Este segundo tem até apoio para as pernas. Destaque também para o sistema de som Flyme Sound da versão Max, composto por 16 alto-falantes. 

Para fechar a cabine, o porta-malas tem até 461 litros de capacidade, isso no padrão de medição VDA. Com os bancos traseiros rebatidos, esse número passa para 1.877 litros. Há também uma gaveta de 14 litros abaixo do banco traseiro. 

Geely EX5
Alto-falante do sistema Flyme Sound se sobressai no painel do Geely EX5 (Alexandre Battibugli/LaImagem)

Tem nome de Volvo e anda como um

A Volvo pertence ao Grupo Geely, o que significa que seus carros, de vez em quando, compartilham mecânica, peças e até mesmo plataforma. No caso do EX5, ele “compartilha” o nome com os carros da montadora sueca, já que a nomenclatura de alguns modelos da marca sempre começam com “EX”. 

Montado sobre a plataforma GEA, uma das mais avançadas desenvolvidas pela Geely, o EX5 é maior que o seu “primo” Volvo EX30, que é produzido com a plataforma SEA. O entre-eixos do SUV chinês, por exemplo, é 10 cm maior que o modelo sueco. 

Mas na questão da dirigibilidade, o Geely EX5 “copia” seus companheiros de grupo, principalmente o EX30. Há apenas uma configuração disponível para as duas versões, que utiliza um motor elétrico para gerar 218 cv e 32,6 kgfm. O desempenho de 0 a 100 km/h, no entanto, é diferente para as duas versões: 6,9 segundos, para a variante Pro, e 7,1 segundos para a Max. Segundo a marca, isso acontece por conta da diferença de peso entre elas, que é de cerca de 50 kg, pela adição de mais equipamentos e sistemas de segurança. 

Geely EX5
Teste foi realizado na cidade, na estrada e também na pista (Alexandre Battibugli/LaImagem)

Essa alteração também é sentida na autonomia. O modelo mais barato tem 413 km declarados no Inmetro, enquanto a mais cara 349 km. Ambas utilizam a bateria Short Blade da Geely de Lítio Ferro Fosfato (LFP) com 66,2 kWh de capacidade, que suporta recargas rápidas (DC) de até 100 kW. Ela vai 30% a 80% em cerca de 20 minutos. 

Nós dirigimos a versão topo de linha Max. Como a configuração é a mesma, a avaliação vale para as duas, tirando apenas os sistemas ADAS de auxílio ao motorista, que estão disponíveis somente na variante mais cara. 

A direção é firme, principalmente na estrada, trazendo muito conforto em viagens. Mesmo o volante sendo (bem) grande e achatado, ele se faz muito justo no toque. Há uma pequena confusão em seus botões, já que não tem suas funcionalidades muito bem sinalizadas. Porém, como são personalizáveis, isso não será um problema. 

Os sistemas de segurança são bons, principalmente o piloto automático adaptativo. As curvas são feitas com leveza, assim como as acelerações e a distância entre o veículo da frente. O ajuste de faixa, diferente de outros modelos, não é tão invasivo, movendo o volante com um pouco de “delicadeza”.

Geely EX5
Moldura dos vidros é cromada para combinar com as rodas diamantadas (Alexandre Battibugli/LaImagem)

A leitura de placas, no entanto, acaba prejudicando um pouco a direção, pelo menos foi o que sentimos ao volante. Na Rodovia dos Bandeirantes (SP-348), que tem como velocidade máxima 120 km/h, o Geely EX5, ao passar pelas placas, acabava lendo 90 km/h como limite, que, na verdade, é direcionado para veículos pesados. 

Ao ultrapassar esse número cravado no painel, o sistema ficava apitando por vários segundos, mesmo que não estivéssemos acima da velocidade da via.

Na cidade, em alguns momentos o freio se mostrou pesado demais, fazendo frenagens mais fortes que o padrão. Mas o culpado era a configuração de condução utilizada. O EX5 estava no modo de regeneração alto, que atua com mais vigor na direção. No modo Conforto, o trajeto urbano foi bem leve e confortável, assim como na estrada. 

Com preço semelhante a outros SUV disponíveis no mercado, sejam eles a combustão, híbridos ou elétricos, o Geely EX5 combina diversos elementos que possam fazer o consumidor optar por ele, principalmente na versão Max. 

Com modelos compactos a combustão beirando e já ultrapassando a marca dos R$ 200 mil, o EX5 se torna mais uma alternativa para essa disputa, mas com mais espaço, mais equipamentos e motorização elétrica 

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