Tarcísio sai em defesa de Bolsonaro e cobra “eleições livres” após tornozeleira

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a se alinhar publicamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta sexta-feira (18), após a imposição de medidas cautelares pelo Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo o uso de tornozeleira eletrônica.

Em publicação nas redes sociais, Tarcísio cobrou “eleições livres, justas e competitivas” e criticou o que chamou de “sucessão de erros” no cenário político.

“Não haverá pacificação enquanto não encontrarmos o caminho do equilíbrio. […] A sucessão de erros que estamos vendo acontecer afasta o Brasil do seu caminho”, escreveu. Em outro trecho, elogiou a “coragem” de Bolsonaro e disse que o ex-presidente tem sido alvo de humilhações. “Mas o tempo trará a justiça”, completou.

As declarações foram feitas horas após a Polícia Federal cumprir mandados contra Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinar uma série de restrições ao ex-presidente, incluindo proibição de uso de redes sociais, recolhimento noturno e veto ao contato com diplomatas e investigados – entre eles, o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Crise do tarifaço e cálculo político

A manifestação ocorre no contexto de desgaste do governador junto a empresários e ao núcleo bolsonarista, após a crise provocada pelo tarifaço de 50% anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A sobretaxa foi justificada por Trump como resposta a uma suposta perseguição do Judiciário brasileiro a Bolsonaro, e foi explorada por aliados do ex-presidente como instrumento de pressão internacional.

A ofensiva do ex-presidente americano, aliada à movimentação de Eduardo Bolsonaro nos bastidores em Washington, deixou Tarcísio em posição delicada: de um lado, ele tenta preservar sua imagem de gestor moderado e confiável para o mercado; de outro, enfrenta a expectativa de fidelidade do bolsonarismo, base de seu projeto político.

Internamente, aliados de Tarcísio avaliam que o gesto de solidariedade é uma tentativa de reposicionamento estratégico, num momento em que sua viabilidade como presidenciável de terceira via sofre abalos com a radicalização do grupo de Bolsonaro e o avanço de Lula nas pesquisas.

Operação

A nova operação da PF contra Bolsonaro foi autorizada por Moraes com base em indícios de articulações para pressionar o Judiciário por meio de sanções impostas pelos EUA. A investigação foi autuada no STF em 11 de julho, dois dias após Trump anunciar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e fazer referência direta ao processo contra Bolsonaro.

Além da tornozeleira, as medidas cautelares incluem recolhimento domiciliar noturno, proibição de contatos estratégicos e manutenção do passaporte apreendido. A decisão baseia-se na suspeita de tentativa de obstrução de Justiça, coação de autoridades e atentado à soberania nacional — crimes tipificados pela própria lei que Bolsonaro sancionou em 2021.

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