A StoneCo anunciou nesta terça-feira (22) a venda da Linx e de outros ativos de software menores para a TOTVS (TOTS3) por um equity value total de R$ 3,41 bilhões — composto por R$ 3,05 bilhões em enterprise value mais o caixa líquido estimado da Linx de R$ 360 milhões. Além do valor em dinheiro, a Stone manterá o ágio fiscal (R$ 3,8 bilhões) gerado pela aquisição original da Linx, que continuará a ser amortizado ao longo de oito anos.
A XP Investimentos considera a transação positiva para a Stone, uma vez que ela põe fim a uma aquisição que não conseguiu entregar as sinergias esperadas. Embora o valor final de R$ 3,41 bilhões esteja bem abaixo dos R$ 6,7 bilhões pagos originalmente (incluindo earn-outs) e 54% abaixo do valor de R$ 3 bilhões, a corretora acredita que o preço seja razoável no contexto atual — especialmente porque a Stone está focada na disciplina de capital e na simplificação do portfólio. Negociados na Nasdaq, os ativos da Stone subiam mais de 5% durante a tarde desta terça, enquanto a Totvs operava entre leves ganhos e perdas.
A Stone já havia reconhecido uma redução de valor de R$ 3,6 bilhões, refletindo parcialmente essa perda de valor. Com essa transação, a Stone monetiza um ativo não essencial, fortalece sua posição de caixa e agora pode se concentrar mais intensamente em suas operações principais.
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A instituição financeira ainda aponta que o valor do negócio representa cerca de 15% do valor de mercado atual da Stone (cerca de R$ 20 bilhões), e os recursos podem ser direcionados para recompra de ações e dividendos, já que a empresa atualmente atende aos três pilares de sua estratégia de alocação de capital.
O Bradesco BBI também avalia positivamente o anúncio, visto que o preço de venda ficou ligeiramente acima da expectativa do mercado de R$ 3,0 bilhões, chegando a R$ 3,2 bilhões, além da retenção de R$ 360 milhões em caixa líquido e de R$ 3,8 bilhões em ágio.
O BBI também destaca que a venda de R$ 3,2 bilhões envolve 79% da receita da unidade de software, ou 71% da lucratividade da unidade. Por fim, o banco acredita que a conclusão das aprovações regulatórias para a transação com a TOTVS pode levar pelo menos 6 meses, devido à sua complexidade.
O Bradesco BBI manteve recomendação de compra para Stone, com preço-alvo de US$ 15.
O sentido da compra para a Totvs
O Goldman Sachs comenta que essa aquisição pela Totvs já era amplamente esperada, após uma sequência de notícias e comunicados da companhia — especialmente após a retomada das negociações com exclusividade em 25 de abril.
Sobre racional estratégico, o Goldman destaca a complementaridade entre os portfólios de produtos no segmento de Varejo, o que permite oportunidades de cross-selling e up-selling por meio da rede de distribuição da Totvs — aumentando, assim, a presença da empresa nas operações dos clientes. “A Totvs também vê oportunidade de vender infraestrutura de nuvem para a base de clientes da Linx, além de sinergias em despesas gerais e administrativas (SG&A).”
Por fim, o Goldman Sachs que a Totvs espera gerar R$ 1 bilhão em ágio (goodwill) com a transação. No Brasil, esse valor pode ser amortizado para fins fiscais, e operações de M&A (fusões e aquisições) costumam resultar em algum benefício tributário.
O Goldman Sachs reiterou recomendação neutra para Totvs, com preço-alvo de R$ 42,50.
Para a Ativa Investimentos, o movimento faz sentido, reforçando o posicionamento da Totvs no varejo, trazendo oportunidades de cross-selling e up-selling e atuando com um portfólio complementar. “A Linx complementa a Totvs em segmentos com farmácias, lojas de materiais de construção, concessionárias de veículos, fast food, postos de combustíveis e moda, complementando os segmento de atacadistas, supermercados e restaurantes que a Totvs já atua”, destaca a corretora.
Em termos de valuation, a Totvs pagou um 12,8 vezes Ebitda à Stone pela Linx, enquanto a Stone negocia 3,0 vezes ebitda e a própria Totvs negocia 15,5 vezes Ebitda. Na visão da Ativa, o preço pago foi vantajoso tanto para a Totvs, quanto para a Stone. Vale lembrar que a Totvs e a Stone já disputaram a aquisição da Linx em 2020, com a Stone vencendo e pagando R$ 6,7 bilhões.
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