O Spotify encerrou o segundo trimestre de 2025 com números que misturam crescimento robusto na base de usuários e uma frustração inesperada para o mercado financeiro. A companhia superou a marca dos 696 milhões de usuários ativos mensais, ampliando sua liderança no streaming global. No entanto, a plataforma registrou um prejuízo líquido de €86 milhões, o que levou a uma queda superior a 10% em suas ações logo após a divulgação dos resultados.
- Vivo bate R$ 1,3 bilhão em lucro e avança em fibra, 5G e serviços digitais
- Eletrônicos mais caros? Como o tarifaço de Trump afeta o Brasil
A expectativa era de mais um trimestre lucrativo para a empresa, como vinha ocorrendo desde meados de 2024. Mas, segundo o próprio Spotify, fatores como custos trabalhistas mais altos, variação cambial e desempenho fraco da publicidade acabaram minando o resultado.
Números que impressionam, mas não sustentam o lucro
Apesar do prejuízo, os dados operacionais mostram que a companhia segue expandindo:
–
Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.
–
- Usuários ativos mensais: 696 milhões, crescimento de 11% em um ano, 20 milhões a mais que no trimestre anterior
- Assinantes Premium: 276 milhões, alta de 12% em relação ao mesmo período de 2024
- Receita total: €4,19 bilhões, crescimento anual de 10%, mas abaixo das expectativas do mercado, que previam cerca de €4,26 bilhões
- Margem bruta: 31,5%, impulsionada por maior eficiência operacional e controle de custos
- Lucro operacional: €406 milhões, bem abaixo da estimativa de analistas, que esperavam algo próximo de €480 milhões
Por que o Spotify teve prejuízos
A principal surpresa veio do resultado final negativo, com prejuízo de €0,42 por ação, em contraste com a projeção de lucro de até €1,97 por ação feita por analistas.
Três fatores explicam essa queda:
- Impostos trabalhistas mais altos, principalmente devido à remuneração baseada em ações, que se valorizou com a alta da cotação da empresa nos últimos trimestres
- Flutuações cambiais, especialmente a desvalorização do dólar frente ao euro, impactaram negativamente as receitas internacionais, reduzindo o crescimento em cerca de €104 milhões
- Desempenho fraco no setor de publicidade, que registrou uma queda de 1% no trimestre. O CEO Daniel Ek reconheceu que a execução nessa área foi mais lenta que o desejado
Programa de recompra e confiança no longo prazo
Mesmo com o prejuízo, o Spotify demonstrou confiança em sua saúde financeira e anunciou a ampliação de seu programa de recompra de ações, agora com um limite de US$ 2 bilhões até abril de 2026. A medida sinaliza ao mercado que a empresa acredita no valor de suas ações e em uma recuperação sustentável da lucratividade.
Perspectivas para o terceiro trimestre
A empresa projeta números positivos em crescimento de base, mas ainda abaixo das expectativas financeiras:
- Receita prevista: €4,2 bilhões
- Lucro operacional esperado: €485 milhões
- Usuários ativos mensais: 710 milhões
- Assinantes Premium: 281 milhões
Embora esses números indiquem continuidade no crescimento, os analistas destacaram que a previsão de receita ficou abaixo das estimativas mais otimistas do mercado, o que contribuiu para a reação negativa nas bolsas.
Vídeo e podcasts seguem como aposta estratégica
Entre as prioridades estratégicas para o restante do ano está o avanço no consumo de conteúdo em vídeo e podcasts. Segundo a empresa, mais de 400 mil podcasts com vídeo foram adicionados à plataforma, e o tempo de consumo de vídeo segue aumentando. O Spotify também aposta no uso de inteligência artificial para personalização, automação de playlists e criação de experiências mais imersivas.
O CEO Daniel Ek afirmou que as novas regras da App Store da Apple, que agora permitem comunicar preços diretamente aos usuários, também contribuíram para o aumento de assinantes no iOS. Ainda assim, ele reforçou que a concorrência com Apple Music e Amazon continua intensa, especialmente na publicidade digital, um dos focos de melhoria da companhia.
Por que isso importa?
O desempenho do Spotify revela os desafios enfrentados por empresas de tecnologia que operam em escala global: mesmo com crescimento constante na base de usuários e ganhos operacionais sólidos, fatores macroeconômicos e estratégicos podem inviabilizar o lucro no curto prazo.
Para os usuários, nada muda imediatamente. Mas os próximos trimestres podem trazer impactos indiretos como ajustes na oferta de planos, foco maior em podcasts, novos formatos de vídeo e até mudanças nas experiências de publicidade.
O Spotify caminha para um cenário em que o volume de usuários, por si só, não garante estabilidade financeira. Com a desaceleração em publicidade e os custos externos pressionando a operação, o desafio da empresa será converter sua liderança em receita consistente e manter a confiança do mercado.
Saiba mais:
- Galeria Magalu: nome de loja do Magazine Luiza no Conjunto Nacional é revelado
- Modo de Estudo do ChatGPT promove aprendizado com perguntas e reflexões
VÍDEO: Ainda vale a pena comprar um console?
Leia a matéria no Canaltech.