O general da reserva Mário Fernandes, ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, admitiu ao STF ser o autor do “Plano Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. O documento, impresso no Palácio do Planalto, embasa a denúncia da PGR sobre tentativa de golpe.
No depoimento ao STF, Fernandes afirmou ser o autor do plano que previa os assassinatos de Lula, Alckmin e Moraes, mas alegou que o documento era apenas um “estudo de situação” pessoal. “Esse arquivo digital retrata um pensamento meu. Não foi compartilhado com ninguém”, disse.
A PF, no entanto, identificou três impressões do plano feitas por Fernandes no Palácio do Planalto, em dezembro de 2022. Minutos depois, ele entrou no Palácio da Alvorada, onde estavam Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cid.
Militar de elite e assessor no Planalto
Mário Fernandes iniciou a carreira militar em 1983, na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Chegou ao posto de general de brigada e, entre 2018 e 2020, chefiou o Comando de Operações Especiais — as forças especiais do Exército, conhecidas como “kids pretos”.
Ao ir para a reserva em 2020, assumiu cargos de confiança no governo Jair Bolsonaro. Foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e comandou a pasta interinamente. Depois, atuou como assessor do deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ).
Ligação com Bolsonaro e núcleo golpista
Segundo a PF, Fernandes mantinha diálogo direto com Bolsonaro e com o general Luiz Eduardo Ramos. Em mensagens, pedia que Ramos “blindasse” o presidente. Ele também teria expressado preocupação com a perda de força dos atos golpistas e a possibilidade de descontrole sobre os manifestantes.
A delação de Mauro Cid aponta Fernandes como um dos generais mais radicais do núcleo que articulava um golpe de Estado para impedir a posse de Lula. A PF destaca sua atuação em manifestações antidemocráticas e acampamentos militares após a derrota eleitoral de Bolsonaro.
Prática golpista e queda
O plano previa o uso de armas de guerra e a criação de um gabinete de crise. Fernandes negou que tivesse intenção de executá-lo, mas a PGR o considera peça-chave na articulação. Ele foi preso em novembro de 2024, acusado de participação no planejamento e execução de atos antidemocráticos.
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