Presidente da COP30 descarta mudar sede de Belém, apesar de pressão internacional

O secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do MRE, embaixador André Corrêa do Lago, fala durante Coletiva de balanço da 4a reunião da Força-Tarefa para uma Mobilização Global contra a Mudança do Clima (TF CLIMA), no Hotel Sheraton Gran Rio, zona sul da cidade

Após pressão de países participantes e de uma carta assinada por 25 delegações sugerindo a transferência da COP30 para outra cidade com maior infraestrutura, o presidente do evento, André Corrêa do Lago, descartou qualquer possibilidade de mudança. “Não vamos mudar”, afirmou nesta sexta-feira (1º) em entrevista ao G1.

A declaração ocorre em meio ao aumento das críticas sobre os custos e a qualidade das acomodações em Belém (PA), que receberá a conferência climática das Nações Unidas em novembro. Segundo Lago, o Brasil tem a infraestrutura necessária para sediar o evento, e o problema está restrito aos preços cobrados, especialmente por hotéis da capital paraense.

“Não é uma questão de número de acomodações. Não é uma questão de infraestrutura. E acredito que respostas satisfatórias serão dadas pelo grupo que está lidando com a questão da acomodação”, afirmou Lago.

“Mas o fato é que essa discussão se tornou pública e, portanto, acho que teremos uma comunicação mais intensa sobre as soluções possíveis para essa questão.”

Crise de preços

A fala de Lago vem após a revelação de uma carta enviada por 25 países — incluindo nações do G7 como Canadá, Suíça, Noruega e Holanda — à UNFCCC, braço climático da ONU, alertando sobre os custos exorbitantes para participar da cúpula. Além dos valores, o documento mencionava problemas logísticos e de segurança.

A crítica central diz respeito à possibilidade de delegações mais pobres ficarem de fora das negociações, justamente quando o evento se propõe a ouvir países mais vulneráveis às mudanças climáticas.

Lago reconheceu o desafio: “Vamos garantir que essa única dimensão que está sendo levantada, que é o preço dos hotéis, possa ser superada para que todos possam vir a Belém.”

Em outro momento, o presidente da COP30 chegou a admitir que algumas acomodações estão com preços até 10 vezes maiores do que o habitual.

Plataforma de hospedagem

Para contornar a crise, a organização da COP lançou uma plataforma de hospedagem, prometida desde maio, voltada inicialmente a países em desenvolvimento e ilhas do Pacífico. A medida prevê a oferta de quartos de até US$ 220 (R$ 1.225) por diária, com cotas específicas para diferentes categorias de países.

Outras medidas em discussão incluem parcerias com Airbnb, utilização de navios de cruzeiro e até imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida. O governo também apura indícios de práticas abusivas no setor hoteleiro local, em meio ao boom de preços.

A COP30 será realizada entre 10 e 21 de novembro e deve reunir cerca de 50 mil pessoas, entre chefes de Estado, negociadores, ambientalistas e representantes da sociedade civil. A cidade de Belém foi escolhida como sede por representar a região amazônica, protagonista nos debates sobre clima e desmatamento.

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