A decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) de manter os parâmetros atuais de aversão ao risco no modelo de precificação de energia e elevar o Volume Mínimo Operacional (VMinOp) para a região Norte deve beneficiar companhias com grande volume de energia não contratada, segundo avaliação do Itaú BBA.
Para os analistas do banco, o prolongamento de um modelo mais conservador favorece empresas com presença relevante no mercado livre, como Eletrobras (ELET3; ELET6) e Copel (CPLE6), que permanecem entre as principais recomendações da instituição, com avaliação de desempenho superior à média do mercado (outperform, equivalente à compra).
O debate sobre a calibragem dos modelos de precificação ganhou força no início deste ano, quando o Comitê Permanente de Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico (CPAMP) implementou mudanças estruturais no modelo Newave e nos parâmetros de Conditional Value at Risk (CVaR).
As alterações passaram a antecipar o despacho térmico em períodos de estiagem, pressionando os preços de curto prazo. Durante o período úmido, parte dos agentes do setor passou a questionar a eficácia da nova modelagem, argumentando que o avanço nos preços não resultou em melhora no nível dos reservatórios.
Em junho, o Ministério de Minas e Energia (MME) abriu a Consulta Pública 186 para avaliar a manutenção dos parâmetros de CVaR e propor o aumento do VMinOp de 19,1% para 28,0% na região Norte. A iniciativa foi motivada por recomendações técnicas da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A consulta recebeu 38 contribuições de agentes do setor, com maioria contrária às propostas do MME.
Segundo o Itaú BBA, empresas como Eletrobras, Auren (AURE3), Engie (EGIE3), CPFL (CPFE3) e Copel participaram do processo e manifestaram apoio à manutenção do par de valores atualmente adotado no CVaR, além da elevação do VMinOp. A leitura dos analistas é que a decisão final do CMSE vai ao encontro desses interesses e pode representar uma oportunidade de valorização para as geradoras com portfólios descontratados.
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Na avaliação do banco, a continuidade do modelo em vigor amplia a previsibilidade para empresas e investidores, preservando margens de negociação no ambiente de contratação livre. O modelo continuará a ser utilizado no cálculo do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), com desdobramentos esperados nos leilões futuros, nas estimativas de Custo Marginal de Operação (CMO) e nos contratos bilaterais entre empresas.
O Itaú BBA também observa que a discussão sobre a modelagem de preços integra um processo mais amplo de modernização do setor, que desde 2023 vem incorporando ferramentas computacionais mais complexas. A decisão do CMSE, nesse contexto, diz o banco, sinaliza uma condução técnica por parte das autoridades do setor elétrico, beneficiando agentes que estruturaram seus ativos com flexibilidade e exposição ao mercado livre.
Para os analistas, a atualização do volume mínimo operacional na região Norte pode contribuir para a estabilidade da operação do sistema interligado nacional, mesmo em períodos de menor afluência hídrica.
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