Por que o Facebook ainda é popular entre algumas faixas etárias? Entenda

O Facebook ainda é popular entre pessoas com cinquenta anos ou mais. É o que mostra um levantamento feito pela Mobile Time em parceria com a Opinion Box, que apontou que 86% dos respondentes dessa faixa etária mantêm o app ativo em seus dispositivos.

A predominância do Facebook entre os mais velhos indica que o uso da plataforma por jovens, especialmente aqueles entre 16 e 29 anos, é menor — cerca de 63% dos entrevistados. Apesar de ainda ser relevante na rotina, o app azul da Meta perdeu espaço entre os brasileiros: entre abril de 2024 e o mesmo período de 2025, o uso caiu 3%.

Para obter os dados, a Mobile Time e a Opinion Box ouviram em março 2.019 brasileiros com 16 anos ou mais sobre o uso de aplicativos no celular.


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Por que o Facebook é mais comum entre os mais velhos?

Bianca Boucault, diretora de marketing digital na Sherlock Communications e especialista em marketing empresarial, afirma que, diante de tantas opções de redes sociais, as pessoas mais velhas tendem a optar por aquelas com as quais já estão familiarizadas e se sentem no controle.

“O público mais velho quer dominar a ferramenta que utiliza. Muitas vezes, há receio de lidar com plataformas novas por não saber como funcionam. Por isso, continuam no Facebook, uma rede que já conhecem bem”, explica Boucault.

A professora da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP) e referência em pesquisas sobre influenciadores digitais no Brasil, Issaaf Karhawi complementa que existe uma lógica de permanência: há usuários ativos na plataforma há mais de 15 anos, que criaram vínculos ali. Isso contribui para que o público mais velho permaneça na rede.

Ela também destaca que o Facebook é uma rede de caráter “geracional”, surgida em um contexto específico, quando era um dos únicos espaços de socialização digital, algo que já não se repete.

“Se a gente olha para um contexto contemporâneo, um jovem que vai abrir a sua primeira conta nas redes sociais, qual rede ele vai escolher? Será que vai ser o Facebook?”, comenta a professora.

Por que o Instagram não substituiu o Facebook entre os mais velhos?

Embora a presença do Facebook nos celulares tenha diminuído 3% entre 2024 e 2025, segundo o levantamento da Mobile Time, a plataforma ainda ocupa o terceiro lugar entre os apps mais populares do país, atrás apenas do WhatsApp e do Instagram.

Essa popularidade é mantida, sobretudo, pelo público mais velho que, de acordo com Boucault, enxerga no Facebook um espaço para socializar e compartilhar conteúdos com amigos e familiares.

Austin Distel/Unsplash
O público mais velho enxerga no Facebook um espaço para socializar e compartilhar conteúdos com amigos e familiares (Imagem: Austin Distel/Unsplash) 

“A gente percebe que o público geral mais jovem não está produzindo tanto conteúdo também. Ele tá muito mais espectador de conteúdo com os reels do Instagram e o TikTok, por exemplo. Mas o público mais velho não vê tanta razão de ter as redes sociais se não for pra compartilhar“, observa a diretora.

Karhawi acrescenta que os mais velhos recorrem ao Facebook para manter vínculos e acompanhar o conteúdo postado por outras pessoas, uma dinâmica que difere de redes como o TikTok.

“O Facebook funciona a partir da lógica da rede social em si, em que o usuário faz conexões e vê conteúdos a partir delas. Diferente do TikTok, por exemplo, em que não é preciso seguir ninguém, tampouco conhecidos, para consumir conteúdo”, explica a professora.

Jovens também podem continuar no Facebook

Embora o Facebook seja mais popular entre os que têm mais de 50 anos, ele também segue presente nos celulares de usuários entre 16 e 29 anos.

Segundo Karhawi, isso ocorre devido à história da plataforma. Como a rede social foi uma das primeiras opções de login em diversos serviços, tornou-se um ambiente familiar para muitos usuários.

Boucault acrescenta que o Facebook ocupa um lugar afetivo para os brasileiros. Para os mais jovens, a plataforma também funciona como um “memorial”, onde estão guardados álbuns de fotos e publicações antigas, feitas nos primeiros anos da rede.

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