Os consumidores brasileiros têm se deparado com uma situação curiosa: enquanto celulares chineses chegam ao país com preços cada vez mais altos, os carros de montadoras chinesas têm conquistado o mercado com valores relativamente acessíveis, quando comparados aos seus concorrentes diretos.
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Antigamente, os celulares chineses fizeram sua fama no mercado brasileiro por serem mais acessíveis, mas isso deixou de ser verdade com a taxação de importações diretas por lojas como AliExpress.
Somente em 2025, tivemos três smartphones de marcas chinesas sendo lançados por R$ 20 mil ou mais! Enquanto isso, montadoras como a BYD têm trazido veículos de ponta por valores bem abaixo dos praticados pela concorrência, o que vem aquecendo o mercado automobilístico no país.
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A seguir, entenda melhor quais são os possíveis motivos por trás dessa falta de proporção entre os celulares e os carros chineses:
Impostos e o peso da importação de eletrônicos
O primeiro fator que ajuda a explicar o alto custo dos celulares chineses no Brasil é a carga tributária sobre eletrônicos importados. Smartphones que não são fabricados localmente pagam impostos de importação, IPI, PIS/Cofins e ICMS, que podem somar mais de 60% do valor final do produto.
Algumas marcas chinesas vêm expandindo sua linha de produção no país para dar conta da demanda sem inflacionar demais os preços, mas esse é um processo que leva tempo.
A Jovi, por exemplo, estreou no Brasil já com fabricação nacional, mas seus celulares por aqui custam bem mais caro que equivalentes da Motorola ou Samsung, por exemplo.
Além disso, o mercado brasileiro de celulares premium é pequeno e altamente competitivo, o que certamente tem influenciado bastante as fabricantes do segmento.
Assim, muitas empresas têm focado em modelos premium e intermediários avançados com margens de lucro maiores.
Somado ao problema dos impostos, temos celulares bem mais caros, que ultrapassam a casa dos R$ 5.000 com facilidade – algo que vai totalmente na contramão da reputação de custo-benefício que as chinesas um dia já tiveram no mercado brasileiro.
Carros chineses e a estratégia de produção local
No caso dos carros, a situação é diferente. Montadoras chinesas como BYD, GWM e Chery adotaram uma estratégia de produção local ou montagem em CKD (desmontados) em fábricas brasileiras, o que reduz drasticamente os impostos.
Ao fabricar ou montar os veículos aqui, as marcas se beneficiam de incentivos fiscais e evitam parte das taxas de importação que encarecem os produtos.
Além disso, os carros chineses chegam com um bom posicionamento competitivo. Eles oferecem tecnologias avançadas, motores híbridos e elétricos, além de pacotes de equipamentos robustos com preços inferiores aos de marcas tradicionais japonesas, alemãs e americanas – estabelecidas aqui há quase um século.
Essa combinação de produção nacional parcial e foco em custo-benefício faz com que os carros chineses sejam vistos como uma oportunidade de compra, em vez de um luxo inacessível.
Demanda, dólar e percepção de marca
Outro ponto que pesa contra os celulares chineses é a oscilação do dólar, que afeta diretamente o preço final.
Como smartphones têm margens menores para grandes reduções de custo sem produção local, qualquer variação cambial é repassada ao consumidor. Nos carros, a produção nacional parcial e acordos comerciais amenizam esse impacto.
Além disso, existe uma questão de percepção de valor e estratégia de mercado. No setor automotivo, as marcas chinesas apostam em preços agressivos para ganhar participação rapidamente – uma estratégia muito semelhante à utilizada pelas fabricantes de smartphones quando estavam chegando ao Brasil.
Hoje, marcas como Xiaomi e Huawei passaram a investir em produtos premium e, muitas vezes, precificam seus aparelhos nas alturas para transmitir uma imagem de sofisticação.
O problema é que grande parte delas construíram sua imagem a partir da estratégia que vem sendo utilizada pelas montadoras de veículos. O consumidor não associa essas marcas a luxo, mas sim a produtos de alta qualidade por preços acessíveis.
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