Padrão ouro | Como DNA é usado para identificar vítimas de mortes em desastres

Amostras de DNA são consideradas o “padrão ouro” para identificação de restos humanos após desastres onde há mortes em massa, ou seja, cenários nos quais há grande quantidade de corpos e a distinção das vítimas é mais complexa. Como os cientistas forenses realizam esse processo e descobrem quem é quem?

Coletando o DNA

Desastres naturais, acidentes aéreos, ataques terroristas — situações onde vários humanos morrem em condições que tornam seus corpos irreconhecíveis são desafiadoras para as autoridades. O método mais confiável é a análise de DNA dos corpos, feita a partir da coleta de duas amostras: uma pós-morte e uma ante-mortem (de antes da morte).

A primeira amostra vem da cena do desastre, sendo coletada enquanto outros especialistas forenses tiram fotos dos dentes e outros restos da vítima, buscam por impressões digitais e características importantes, como restos de roupas e bens pessoais, segundo contou a bióloga molecular Kerstin Montelius ao site Live Science. Segundo ela, a amostra de DNA pode vir de qualquer tecido do corpo.


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Acidentes onde há grande quantidade de corpos podem dificultar a identificação dos corpos — o DNA é a ferramenta mais confiável para fazer a distinção (Imagem: Tim Foster/Unsplash/CC)
Acidentes onde há grande quantidade de corpos podem dificultar a identificação dos corpos — o DNA é a ferramenta mais confiável para fazer a distinção (Imagem: Tim Foster/Unsplash/CC)

É preciso garantir que os restos não estejam contaminados, ou seja, misturados com restos de outras pessoas, o que é comum em cenários de desastre. Exposições ambientais também são preocupantes — elas podem ir de fogo e calor intensos a água do mar, ar úmido e até mesmo a água usada para apagar incêndios.

Para minimizar chances de contaminação, os cientistas preferem coletar sangue ou tecidos intactos. Exceções incluem cenários onde os restos estão putrefatos ou misturados, quando amostras dentárias e de ossos são preferidas.

Analisando o DNA

Após a coleta, é preciso preparar o perfil genético de cada vítima, limpando e separando a amostra dos tecidos. Determina-se a quantidade de DNA presente e, em seguida, a informação é copiada usando enzimas para que se obtenha material o suficiente para análise, seguindo o biólogo forense Jeremy Watherston contou ao Live Science.

Após a coleta das amostras pós-morte, é coletado o DNA de restos deixados em escovas de dente ou giletes, ou, alternativamente, sangue de familiares (Imagem: Freepik/rawpixel)
Após a coleta das amostras pós-morte, é coletado o DNA de restos deixados em escovas de dente ou giletes, ou, alternativamente, sangue de familiares (Imagem: Freepik/rawpixel)

De acordo com o cientista, as amostras são comparadas com amostras ante-mortem, ou seja, vindas de itens que pertenciam à vítima, como escovas de dente ou giletes. Uma alternativa é usar o perfil genético de parentes biológicos, como pais, filhos ou irmãos.

Caso o procedimento seja feito com o alto padrão esperado, é garantido que as vítimas sejam identificadas: no acidente da Air India, em 12 de junho de 2025, todos os 260 passageiros mortos foram identificados duas semanas após o desastre.

As únicas desvantagens do método são os equipamentos tecnológicos caros necessários para o trabalho, e, claro, a necessidade de haver amostras pós-morte boas o suficiente para análise. Quando o corpo está totalmente carbonizado, fica impossível a identificação.

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