Na última quinta-feira (24), pesquisadores anunciaram uma descoberta na caverna Gran Dolina, em Atapuerca, no norte da Espanha: um parente humano arcaico e canibal comia crianças. Acontece que um osso do pescoço pertencente a uma criança de 2 a 5 anos, com cerca de 850 mil anos, exibe marcas de cortes precisos que sugerem decapitação e consumo de carne. O fóssil pertence à espécie extinta Homo antecessor, considerada um dos mais antigos parentes humanos da Europa.
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A descoberta foi feita durante a mais recente escavação no nível TD6 do sítio arqueológico, onde também foram encontrados outros nove esqueletos com evidências de canibalismo.
De acordo com a equipe do Instituto Catalão de Paleoecologia Humana e Evolução Social (IPHES-CERCA), os ossos mostram marcas típicas de desmembramento e fraturas intencionais, sinais claros de que os corpos foram processados como alimento, da mesma forma que os animais caçados.
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Palmira Saladié, uma das diretoras da escavação e especialista em tafonomia, destacou a precisão das incisões feitas na vértebra da criança: “É uma evidência direta de que a criança foi tratada como qualquer outra presa”. Marcas de mordidas humanas também foram identificadas, fortalecendo a hipótese de que os corpos foram efetivamente consumidos.
Sinais de canibalismo
Este não é um caso isolado. Ao longo de quase 30 anos de escavações em Gran Dolina, mais de duas dezenas de restos humanos com sinais de canibalismo foram identificados. Estima-se que cerca de 30% dos ossos encontrados no local apresentam marcas de corte.
Os pesquisadores acreditam que o canibalismo praticado por Homo antecessor fazia parte de uma estratégia sistemática de aproveitamento de recursos, e não apenas de atos esporádicos de sobrevivência.
Esse consumo de carne humana era uma prática recorrente entre esses antigos hominídeos, possivelmente relacionada também à disputa por território em um ambiente competitivo com outros predadores, como as hienas.
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