Uma onda, um violão e uma artista que não recua — assim nasceu uma das imagens mais emblemáticas da música brasileira recente. A foto de Adriana Calcanhotto com um violão parcialmente submerso na praia do Vidigal, no Rio, quase terminou em desastre. Mas virou arte. E agora ganha destaque no livro “Álbum”, que o fotógrafo Leo Aversa lança nesta terça-feira (22), celebrando 35 anos de retratos marcantes dos grandes nomes da música nacional.
Registrada em 2008, a imagem sintetiza o espírito do trabalho de Aversa: intimidade, risco e poesia. O fotógrafo relembra com humor e uma pitada de susto o momento em que o improviso quase virou prejuízo. As informações abaixo são do jornal O Globo.
— Era um violão bem caro. Afogá-lo não estava nos meus planos, mas veio a onda… O maravilhoso da foto é que a Adriana não saiu da pose, mesmo com a água cobrindo tudo. Se ela tivesse se mexido, teríamos perdido o instrumento e a imagem. Ela entendeu o valor daquele segundo. É uma artista brilhante — conta Aversa.
Calcanhotto, por sua vez, trata o episódio como uma memória doce — e sonora.
— Trabalhar com o Leo é sempre uma aventura. No caso do violão no mar, é charme dele dizer que o instrumento foi arruinado… Depois que secou, o som até melhorou! Ganhamos a foto e um novo timbre. O violão e eu devemos isso a ele — brinca a cantora.
Além de Adriana, o livro traz retratos potentes de ícones como Chico Buarque, Caetano Veloso, João Gilberto, Tom Zé e outros tantos — ao todo, são cem músicos reunidos em imagens que mais parecem composições visuais. E mais: toda a renda obtida com os royalties de “Álbum” será revertida ao Retiro dos Artistas, instituição que cuida de profissionais do entretenimento na velhice.
Clássico de Adriana Calcanhotto ganha releitura da banda Metade de Mim
Metade, o clássico de Adriana Calcanhotto, ganhou uma nova versão completamente reimaginada pelo Metade de Mim nesta terça-feira (8). Presente no disco A Fábrica do Poema, que completou 20 anos em 2024, a faixa agora traz sentimentalismo e sensibilidade de sobra na voz, guitarras, baixo, bateria e teclados da banda paulista, formada por Renan Sales, Felipe Angelim, Matheus Caccere, Fernando Oska e Danilo Tanaka.
“É uma honra enorme regravar uma música que significa tanto pra gente”, declara o guitarrista e vocalista Renan. “Nós crescemos ouvindo Adriana Calcanhotto por toda a nossa adolescência, e foi interessante demais poder mergulhar um pouco em ‘Metade’.”
Ele continua: “A forma como ela canta, a letra, cada intenção na música tem uma sensibilidade absurda e nós tentamos respeitar o máximo isso. Estamos muito orgulhosos do resultado e esperamos que as pessoas gostem também.”
Metade está com essa versão reimaginada sendo trabalhada desde 2024 e chega acompanhada de um videoclipe gravado no Estúdio Costella, em São Paulo, mostrando os bastidores da faixa.