O mundo perde água doce em uma taxa sem precedentes; veja onde está pior cenário

Com base em 20 anos de dados coletados via satélite, cientistas da NASA revelaram que o planeta está perdendo água doce numa velocidade nunca antes vista. Os responsáveis pelo monitoramento são os satélites gêmeos GRACE, que, desde 2002, analisam o solo terrestre em busca de anomalias que indiquem, entre outras coisas, a perda do líquido.

As extensões de terra que sofrem de perda d’água crescem anualmente o equivalente à área do estado do Mato Grosso (cerca de 900.000 km²), incluindo desde reservatórios de superfície, como lagos e rios, a aquíferos subterrâneos, importantes fontes de água potável por todo o mundo. Regiões com grandes secas surgiram no Hemisfério Norte, com as piores já sendo nas costas oeste e sudoeste da América do Norte e América Central, Oriente Médio e Sudeste Asiático.

Perda de água e suas consequências

Segundo o estudo, publicado na revista científica Science Advances na última sexta-feira (25), isso deixa 75% da população mundial vivendo em áreas com perda de água potável. Isso repercute na agricultura, saneamento e resiliência às mudanças climáticas, podendo causar maior desertificação em áreas com chuvas já esparsas. Os satélites responsáveis monitoram a gravidade das massas de água em constante mudança na Terra, cujo efeito afeta a superfície.


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O aumento na seca ameaça o saneamento e a agricultura de diversas regiões do mundo, aumentando também o risco de incêndios florestais (Imagem: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
O aumento na seca ameaça o saneamento e a agricultura de diversas regiões do mundo, aumentando também o risco de incêndios florestais (Imagem: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

De acordo com os cientistas, o manejo ruim dos recursos hídricos é o principal culpado pela mudança, bem como os efeitos das mudanças climáticas, como as secas na Europa e o derretimento do permafrost do Ártico. A velocidade da seca aumentou em 2014, quando o El Niño mais forte já visto esquentou a água do mar, durando até 2016. A La Niña que se seguiu não conseguiu reverter o progresso da perda de água ocorrida em consequência do fenômeno.

Como os efeitos das mudanças climáticas são difíceis de se manejar, os pesquisadores afirmam que um melhor manejo do uso de água potável é urgente — é preciso desacelerar o bombeamento de água subterrânea, feito em excesso em regiões como os Estados Unidos. A água potável, nesse ritmo, não será renovada em uma escala de tempo humana, podendo causar catástrofes perigosas a toda a nossa espécie.

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