Para Jean Alessandro, o sofrimento psicológico está diretamente ligado à dificuldade de integrar conhecimento, ação e caráter. O psicólogo clínico especializado em altas habilidades e superdotação, participou do episódio 14 da 3ª temporada do programa Mapa Mental, no canal GainCast.
Segundo ele, o narcisismo — muitas vezes confundido com excesso de autoestima — é, na verdade, um mecanismo de defesa criado diante de traumas profundos.
“O narcisista, recebe um trauma tão intenso numa época onde ele não tem como lidar com isso, que ele não consegue se ver como tão frágil, tão vulnerável. Então ele cria, como se fosse um holograma. E esse holograma cria um personagem. Esse holograma é perfeito. Ele é onipotente, ele é onipresente. Assim, é como se fosse um Deus interno “, explica.
Jean explica que, por trás da postura arrogante e manipuladora do narcisista, existe um esforço inconsciente para proteger esse “holograma” de qualquer ameaça à sua autoimagem. “Se você me critica, eu sou narcisista, eu tendo a ficar raivoso, eu tendo a manipular a situação”, alerta.
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A fuga da responsabilidade moral
Mais do que uma questão de comportamento, Jean enxerga o narcisismo como uma recusa a encarar a dor e a responsabilidade por vivências passadas. “Diante disso você é meio que convocado a fazer uma escolha. Esse lugar do ‘não fui eu que fiz isso’ é um lugar perigoso, porque você vai se afastando”, pondera.
Para ele, a construção narcisista envolve um afastamento progressivo da consciência moral, substituída por mecanismos de negação e rigidez. “Você vê um certo apagamento das questões mais profundas de consciência moral. Um apagamento mesmo. Uma cisão”, pontua.
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