MÚSICOS DO FLEETWOOD MAC INSTIGAM FÃS COM POSTAGENS ENIGMÁTICAS

A era dos anúncios inesperados, dos enigmas visuais e das pistas cuidadosamente lançadas nas redes sociais ganhou um novo e respeitável capítulo — e não veio de um jovem astro do pop ou de uma nova banda indie. Veio de dois nomes que atravessaram décadas com força, complexidade e magia: Stevie Nicks e Lindsey Buckingham, os lendários protagonistas da história do Fleetwood Mac.

Na última semana, os fãs foram surpreendidos por duas postagens quase simultâneas, simples e potentes. Em sua conta no Instagram, Stevie compartilhou um fundo branco com a frase manuscrita:    
“E se você seguir em frente…”

 

 

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Uma publicação compartilhada por Stevie Nicks (@stevienicks)

Logo depois, Lindsey postou:    
“Eu te encontrarei lá.”

 

 

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Uma publicação compartilhada por Lindsey Buckingham (@lindseybuckingham)

Juntas, as frases formam um trecho da canção “Frozen Love”, lançada no álbum Buckingham Nicks, em 1973 — antes mesmo de ambos integrarem oficialmente o Fleetwood Mac. A escolha do trecho e o sincronismo das mensagens não deixaram margem para dúvidas: há algo sendo gestado, e os dois sabem exatamente o que estão fazendo.

Uma possível reconciliação à vista?

As mensagens, além de poéticas, têm peso histórico. Stevie Nicks e Lindsey Buckingham formaram, nos anos 1970, não apenas uma das duplas criativas mais impactantes da música, mas também um casal cuja relação turbulenta inspirou letras, brigas públicas e canções memoráveis. A separação amorosa e artística dos dois, especialmente após a saída de Buckingham da banda em 2018, parecia definitiva.

Mas as publicações recentes mudaram o tom. E ganharam ainda mais força quando Mick Fleetwood, baterista e fundador do grupo, compartilhou um vídeo ouvindo “Frozen Love”, com a legenda:    
“Magia antes, magia agora.”

 

 

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Uma publicação compartilhada por Mick Fleetwood (@mickfleetwoodofficial)

Imediatamente, a imprensa internacional especulou: seria o prenúncio de um reencontro? Uma reedição especial do álbum? Ou, quem sabe, uma nova canção, um show, um projeto visual? Ainda não se sabe. O mistério está lançado — e, como o próprio Fleetwood Mac ensinou, às vezes o não dito fala mais alto.

Uma banda que nunca saiu de cena

Enquanto isso, o Fleetwood Mac segue mais vivo do que nunca no inconsciente coletivo. O grupo voltou recentemente às paradas britânicas, impulsionado por reedições, tributos e pelo impacto de suas músicas nas plataformas digitais. Mas, na prática, a banda nunca deixou o imaginário popular — seja entre os fãs que viveram os anos 70, seja entre jovens que descobriram a sonoridade do grupo por meio de seus pais, de vídeos virais ou até mesmo das famosas dancinhas do TikTok.

A canção “Dreams” é exemplo perfeito dessa travessia geracional. Primeiro, viralizou com a interpretação de uma jovem usuária Lanie Gardner do TikTok (em destaque acima), que interpretou a faixa de forma intimista, reacendendo o interesse de toda uma geração no álbum Rumours (1977). Depois, o vídeo de Nathan Apodaca, o skatista californiano que deslizava calmamente pelas ruas bebendo suco de cranberry enquanto a canção tocava ao fundo, tornou-se um fenômeno global em 2020. Resultado: Dreams voltou ao top 10 da Billboard mais de 40 anos após seu lançamento. Recorde abaixo um dos maiores sucessos do Fleetwood Mac:

 

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Esses momentos mostram que, em um mundo digitalizado, acelerado e muitas vezes volátil, o legado emocional do Fleetwood Mac permanece intocado. E qualquer movimento de seus integrantes continua capaz de parar o tempo por alguns instantes.

Excesso, conflitos e genialidade: a mística que não se desfaz

Ao longo das décadas, o Fleetwood Mac consolidou uma reputação artística marcada por genialidade, sim — mas também por caos, drama, fragilidade humana e redenção. Poucas bandas atravessaram tantas transformações internas e sobreviveram com tanto prestígio.

Durante a produção de Rumours (1977), a banda viveu um colapso coletivo emocional: Stevie e Lindsey se separavam, Christine e John McVie estavam em divórcio, e Mick Fleetwood envolvia-se com a ex de outro membro da banda. Tudo isso envolto em consumo pesado de drogas, excesso de turnês e decisões impulsivas.

E, paradoxalmente, foi nesse cenário que surgiu um dos discos mais celebrados da história. Letras sobre ciúme, dor, ressentimento e independência emocional foram transformadas em harmonias doces, arranjos refinados e vocais memoráveis — como se a arte servisse como catarse para a vida real.

Mais recentemente, a morte da vocalista e tecladista Christine McVie (em destaque acima), em novembro de 2022, aos 79 anos, trouxe um tom de despedida definitiva a uma das formações mais icônicas do grupo. Christine, responsável por clássicos como Everywhere e Songbird, era o equilíbrio lírico e emocional entre os extremos de Stevie e Lindsey.

Sua ausência transformou qualquer possível reunião da formação original em algo mais simbólico do que prático — mas não menos potente em termos de memória afetiva.

Do amor livre aos algoritmos: a arte como elo eterno

Da origem do nome, que remete aos anos 60 — década marcada pelo movimento de contracultura, paz e amor, em que os jovens assumiram o protagonismo de uma revolução pacífica através da arte — até a era atual, dominada por redes sociais, algoritmos e polarização, os fãs continuam acompanhando, com fascínio, a trajetória do Fleetwood Mac. Ou, ao menos, a história viva de seus integrantes, que seguem provocando reações, especulações e afeto coletivo mesmo longe dos holofotes tradicionais.

Em um cenário global tão distante daquela narrativa clássica de sexo, drogas, guerra e rock and roll, Stevie Nicks e Lindsey Buckingham — com poucas palavras escritas à mão — conseguiram reacender a expectativa de um retorno. E fizeram isso com a mesma arma pacifista de sempre: a arte.

No fim, pouco importa se haverá um novo álbum, um reencontro no palco ou apenas mais uma troca de mensagens enigmáticas. O que se mantém eterno é o poder de emocionar. E talvez seja por isso que, diante de um simples “E se você seguir em frente…”, o mundo inteiro ainda torça para ouvir, do outro lado, um sussurro que diga:    
“Eu te encontrarei lá.”

O jornalismo da Rádio Antena 1 segue acompanhando de perto os próximos passos dos músicos do Fleetwood Mac — e qualquer novidade, você confere aqui, no site da número 1 em música.