“Multimercado vão se beneficiar mais que qualquer categoria”, diz Maciel, da AZ Quest

Walter Maciel, CEO da AZ Quest, na Expert XP. (Foto: Paulo Bareta/Divulgação)

Os fundos multimercado têm a agilidade necessária para fazer frente ao novo cenário global que se desenha neste governo de Donald Trump. Com as decisões econômicas tomadas pelo presidente norte-americano – incluindo o tarifaço –, gestores veem uma mudança no fluxo de investimentos, que antes iam exclusivamente para os Estados Unidos, para outros países.

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“Parecia que o único local pra investir capital eram os EUA”, disse Fabiano Rios, CIO e sócio fundador na Absolute Investimentos na Expert XP 2025. “Olhando para frente, se o crescimento é mais distribuído, o fluxo de capital global vai ser distribuído. Os EUA talvez deixem de ser o único país e, isso, para alguns países pode ser relevante em moeda e precificação de ativos.”

Fabiano Rios participou da Expert XP no painel “Flexibilidade para se adaptar: a estratégia de resiliência dos Multimercados” ao lado de André Raduan, sócio-fundador e gestor da Genoa Capital e Walter Maciel, CEO da AZ Quest, com mediação do responsável por Parceria de Fundos de Investimento XP, Felipe Manfredini.

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Rios afirma que essa mudança atrelada aos EUA é estrutural e representa um movimento longo, de reequilíbrio, e que deve refletir em um crescimento global mais equilibrado. “O momento é de uma mudança no fluxo global de investimentos, de uma preferência exclusiva pelos Estados Unidos para outros países”, disse o gestor da Absolute.

Um dos países que emerge nessa mudança de eixo é a China, aponta André Raduan, da Genoa. “Pela primeira vez a China está fazendo um esforço fiscal substancial, com câmbio depreciado. As pessoas olham a China como uma bomba relógio que vai explodir, mas eles já fizeram um bom ajuste.”

Felipe Manfredini, da XP, André Raduan, da Genoa Capital, Fabiano Rios, da Absolute Investimentos, e Walter Maciel, da AZ Quest em painel da Expert XP. (Foto: Paulo Bareta/Divulgação)

Tarifaço de Trump

Os gestores apontam que as tarifas anunciadas por Trump para produtos originários de vários países para os EUA terão impactos inflacionários tanto nos EUA quanto nos países afetados pela tributação. O Brasil, por exemplo, será taxado a 50% a partir de 1º de agosto.

“Nos EUA as tarifas têm um impacto inflacionário e, no mundo, deflacionário. Estamos de olho para pegar esse choque de oferta negativa nos EUA”, diz Raduan.

Decisão rápida

Os fundos multimercado vêm enfrentando uma crise nos últimos anos, com perdas de R$ 500 bilhões desde 2022. Os gestores que participaram do painel na Expert XP reconhecem os resultados ruins no passado, mas acreditam que, no futuro, a classe de investimentos vai ser capaz de se recuperar por ter como característica principal a rapidez com que se adapta às mudanças de cenário.

“Foi o pior momento da indústria da história”, resumiu Walter Maciel, da AZ Quest. “Agora, fora a oportunidade local, tem um quadro externo muito mais favorável. O fundo multimercado pode comprar qualquer ativo, então ele vai se beneficiar muito mais que qualquer outra categoria.” Maciel aponta para a gravidade do problema fiscal brasileiro, mas acredita que as eleições presidenciais de 2026 possam trazer otimismo caso um candidato favorável ao ajuste se viabilize.

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Rios, da Absolute, apontou que, com a reorganização global do fluxo de investimentos dos EUA para outros países, o Brasil será beneficiado. “A gente vai começar a ver capital estrangeiro vindo para o Brasil, ainda que haja risco interno. É um mundo de muita oportunidade para investimentos e os multimercado são o veículo mais rápidos para tomada de decisão.”

Raduan destaca outra vantagem dos multimercado, de poder incluir ativos de “diversas geografias”. “Vai ter países mais e outros menos vencedores”, disse, em relação às tarifas de Trump.

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