A cantora sertaneja Marília Mendonça, uma das maiores artistas de sua geração, completaria 30 anos nesta terça-feira (22). Em homenagem ao seu legado, o portal G1 lançou a série “Marília – O Outro Lado da Sofrência”, em formato podcast, sobre o impacto da cantora na cultura brasileira.
Apresentado pela jornalista Carol Prado, o primeiro episódio já está disponível nas plataformas e abordou o luto coletivo que sua partida causou. Mais do que saudade, a morte de Marília Mendonça fez diversos artistas repensarem sua rotina de trabalho pela insegurança, principalmente, no transporte.
“Não foi só um momento de perda. Foi um sacode nas pessoas: todo mundo começou a perceber que as coisas podem acabar a qualquer momento […] Eu acho que ninguém foi o mesmo depois”, conta a cantora sertaneja Luiza Martins.
Além da cantora, a dupla sertaneja Zé Neto & Cristiano também revelaram repensar a rotina após a morte da amiga e colega de trabalho: “Foi uma das piores fases da minha vida, quando ela foi embora. A gente tinha uma proximidade muito grande e eu fiquei muito mal, sabe? Eu não consegui… eu demorei para me reerguer”, declarou Zé Neto.
“Eu confesso que, às vezes, até sinto dificuldade em ouvir as músicas da Marilia porque não cai a ficha. [A morte dela] desencadeou traumas com a estrada, o medo, a insegurança”, complementa Cristiano.
Marília Mendonça faleceu em novembro de 2021, vítima de um trágico acidente aéreo em Minas Gerais enquanto estava em turnê do projeto “Todos os Cantos”, que a levou a diferentes cidades brasileiras, consolidando ainda mais seu nome na história da música. Aos 26 anos, ela deixou o pequeno Leo, fruto do relacionamento com o cantor Murilo Huff, além de um legado inesquecível para a música sertaneja.
Foto: Reprodução/Instagram
Morte de Marília Mendonça foi alerta para artistas desacelerarem
Os cantores também afirmaram à Carol Prado que a partida repentina da cantora sertaneja a reconsiderar o ambiente competitivo da indústria musical, sobrecarregado de shows e agendamentos. Zé Neto & Cristiano anunciaram no fim de 2024 uma pausa na carreira para priorizar a saúde mental dos integrantes.
“Fiquei doente porque as coisas foram ficando robóticas, né? A gente chega, vai para o camarim, hotel, hotel, avião, avião. É uma loucura. Eu estava saturado porque eu já não estava mais entregando o que a dupla se propõe a entregar. É aquele ciclo vicioso de depressão: ‘Vamos empurrar mais um pouquinho’. Foi aumentando”, contou Zé Neto na época ao Fantástico.
Atualmente, os dois realizam cerca de dois a três shows por semana, buscando nunca sobrecarregar sua rotina. Seguindo o estilo da dupla, Luiza Martins contou que também aprendeu a equilibrar a sua carreira de forma a evitar a sobrecarga, após as perdas quase simultâneas da amiga e seu parceiro de trabalho, Maurílio.
“Já ouvi muito esse discurso: se estourou uma música, aproveita, vai fazer show e ganhar dinheiro enquanto está em alta. As pessoas agarram isso e é muito difícil, depois, tirar o pé do acelerador, principalmente quando você aumenta sua proporção, porque aí também aumentam as contas”, explica Luíza Martins.