Morgan corta CSN para venda e Usiminas a neutro diante de cenário desafiador para aço

Em meio a um cenário desafiador para a indústria do aço no Brasil, o Morgan Stanley rebaixou sua recomendação para as ações da CSN (CSNA3) de equalweight (exposição igual a média do mercado, equivalente à neutro) para underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda), e para Usiminas (USIM5) de overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para equalweight.

O preço-alvo para CSN foi reduzido de R$ 9,10 para R$ 7,70, enquanto USIM5 teve preço-alvo cortado de R$ 8,20 para R$ 6,70.

Para CSN, o banco cita um perfil risco-retorno desfavorável, alta alavancagem, forte apetite por investimentos e fluxo de caixa livre negativo até 2028, sem perspectiva de pagamento de dividendos. A ação negocia a 6,8 vezes o Valor da Firma (EV)/EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) estimado para 2026 — acima da média histórica de 4,5 vezes.

No caso da Usiminas, embora o risco-retorno pareça atrativo, o Morgan não enxerga gatilhos de valorização no curto prazo. A pressão nos preços deve limitar a rentabilidade, mesmo com bom controle de custos, e os múltiplos estão em 4,3 vezes EV/EBITDA para 2025 e 4,2 vezes para 2026.

A Gerdau (GGBR4), por outro lado, teve sua recomendação mantida em overweight, com o preço-alvo sendo elevado de R$ 21 para R$ 22. A avaliação é que a companhia está melhor posicionada, com os ganhos nos Estados Unidos ajudando a mitigar os riscos no Brasil. A empresa também é menos exposta à concorrência de produtos importados por atuar majoritariamente no segmento de aço longo (60% a 70% do mix), cuja penetração por importações segue mais controlada.

Cenário

O Morgan Stanley aponta que as importações elevadas de aço devem continuar, uma vez que o novo sistema de cotas tarifárias (TRQ) se mostra ineficaz contra produtos vindos de zonas de livre comércio ou de países com acordos bilaterais — o que favorece o redirecionamento (transhipment) de aço para o Brasil. As importações provenientes da China, por exemplo, atingiram recorde em maio de 2025, com 444 mil toneladas, um aumento de 6% na comparação anual. No acumulado do ano, o avanço já chega a 16% em relação ao mesmo período de 2024.

Segundo relatório, esse excesso de oferta deve manter a pressão sobre os preços domésticos no segundo semestre de 2025, mesmo diante de uma demanda relativamente resiliente. O banco estima queda entre 0,3% e 2% nos preços realizados no segundo trimestre para CSN, Gerdau e Usiminas, além de uma retração média de 1,1% no segundo semestre em relação ao primeiro.

Há ainda 13 investigações antidumping (medida comercial usada por um país para proteger sua indústria nacional) em andamento, cobrindo cerca de 56% das importações de aço dos últimos 12 meses. Embora cinco processos já tenham decisões preliminares favoráveis aos produtores nacionais, apenas um resultou em recomendação de medida provisória, o que, segundo o Morgan Stanley, sinaliza uma baixa prioridade do governo em adotar medidas mais rígidas de proteção comercial.

Possível gatilho

O banco ainda destaca que uma mudança na postura do governo com medidas adicionais de proteção comercial ou decisões favoráveis nas investigações antidumping poderiam melhorar significativamente o ambiente competitivo para as siderúrgicas locais.

No caso específico da CSN, uma decisão positiva na disputa judicial com a Ternium sobre os direitos de tag along na Usiminas também poderia destravar valor.

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