Mito ou verdade: preciso tirar eletrônicos da tomada quando chove?


A recomendação de tirar os aparelhos da tomada quando a tempestade se aproxima é uma sabedoria popular passada de geração em geração. Mas seria isso um mito ou uma verdade científica? A resposta é certa: é verdade. O perigo não está na chuva em si, mas nos raios que a acompanham, capazes de gerar surtos de energia tão violentos que viajam pela fiação e entram em nossas casas, colocando em risco não apenas os eletrônicos, mas também a segurança dos moradores.
O que muitos não sabem é que os aparelhos mais modernos e caros, como smart TVs, computadores, consoles de videogame e eletrodomésticos inteligentes, são, em sua maioria, os mais frágeis diante dessa ameaça. O guia completo do TechTudo vai explicar por que essa precaução é fundamental, quais são os riscos reais, como proteger seus bens e, o mais importante, como garantir a segurança da sua família quando o céu anuncia uma tempestade.
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Tempestades com raios podem danificar aparelhos eletrônicos
Reprodução/Freepik (vecstock)
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Neste guia, você encontrará os seguintes tópicos que te ajudarão durante uma tempestade com raios:
Quais são os riscos de deixar os eletrônicos ligados durante as tempestades?
Eletrônicos mais sensíveis e possíveis danos
Cuide dos aparelhos e de você
A chuva já começou: o que priorizar?
Dicas para se proteger
1. Quais são os riscos de deixar os eletrônicos ligados durante as tempestades?
Para compreender a real dimensão do perigo, é preciso entender o inimigo: o surto elétrico, também conhecido como sobretensão. Pense na rede elétrica da sua casa como uma mangueira com um fluxo de água constante e controlado (127V ou 220V). Um surto é como uma onda de pressão súbita e violenta que percorre essa mangueira, com força suficiente para rompê-la. Tecnicamente, é um pico de tensão extremo, que dura uma fração de segundo, mas pode elevar a voltagem da rede para mais de 5.000 Volts, danificando instantaneamente os circuitos delicados dos seus aparelhos.
Um dos equívocos mais perigosos é acreditar que apenas um raio que atinge diretamente a fiação da rua representa um risco. A ameaça mais comum é o impacto indireto: quando um raio cai, mesmo a quilômetros de distância, ele gera um poderoso campo eletromagnético. Esse campo induz uma corrente de alta tensão na fiação elétrica, nos cabos de telefone e de internet, que viaja até a sua casa. Isso significa que, se você pode ouvir um trovão, os seus aparelhos já estão em risco, pois você está dentro do raio de alcance do fenômeno elétrico.
O perigo em uma tempestade são os raios
Reprodução/Freepik
Outro ponto fundamental é entender que um surto elétrico é oportunista e utiliza qualquer caminho condutor para entrar na sua casa. A ameaça não vem apenas da tomada. As linhas de telefone e de internet (cabos coaxiais ou de fibra), as antenas de TV externas e até mesmo os encanamentos metálicos podem servir como porta de entrada para a sobretensão. Um surto que entra pelo cabo da antena, por exemplo, pode queimar sua smart TV e, através do cabo HDMI, danificar também o seu console de videogame ou home theater, mesmo que eles não estejam ligados diretamente na antena.
2. Eletrônicos mais sensíveis e possíveis danos
Existe uma correlação irônica entre a sofisticação de um aparelho e a sua fragilidade. Quanto mais “inteligente” e repleto de microprocessadores, mais vulnerável o equipamento se torna a um pico de tensão. A lista de aparelhos com risco muito alto inclui smart TVs e computadores desktop, por possuírem múltiplos pontos de entrada: energia, internet, antena, HDMI etc. Em seguida, com risco alto, vêm os consoles de videogame, roteadores de internet, aparelhos de ar-condicionado (cujo compressor é caro e sensível) e eletrodomésticos com painéis digitais, como micro-ondas e air fryers.
O dano causado por um surto nem sempre é imediato e visível. Existem dois tipos principais de falha. O dano catastrófico é a queima instantânea e total dos componentes, inutilizando o aparelho na hora. É o que acontece quando um surto de alta intensidade literalmente “frita” os circuitos. O segundo tipo, mais traiçoeiro, é o dano por degradação. Surtos de menor intensidade, mais frequentes, causam microdanos que estressam os componentes, causando um “envelhecimento precoce”, que reduz a vida útil do equipamento e leva a falhas inexplicáveis meses depois.
A prevenção, portanto, não serve apenas para evitar um desastre, mas também para proteger o valor do seu investimento a longo prazo. Um surto que entra pela porta de rede pode queimar não só o roteador, mas a placa-mãe do seu computador, por exemplo. Um pico de tensão que atinge a TV pode danificar a saída HDMI do seu PlayStation 5. Entender que os aparelhos estão interconectados e que a modernidade os tornou mais sensíveis é o primeiro passo para criar uma estratégia de proteção eficaz para sua casa.
Níveis de risco em aparelhos eletrônicos
3. Cuide dos aparelhos e de você
Diante dos riscos, a proteção se torna uma necessidade, e ela envolve tanto os equipamentos quanto, e principalmente, as pessoas. A estratégia mais simples e 100% eficaz para proteger seus aparelhos é desconectá-los da tomada. Essa ação cria uma barreira física que a corrente do surto não consegue cruzar. Lembre-se de remover também outros cabos conectados, como os de antena e de rede, para garantir um isolamento completo do dispositivo.
Para situações em que desconectar não é prático, a principal ferramenta de defesa é o Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS). Diferente de um filtro de linha comum ou de um estabilizador (que são ineficazes contra raios), o DPS é projetado para detectar o pico de tensão e desviar a energia excessiva para o sistema de aterramento da casa. Para que ele funcione, é absolutamente indispensável que sua tomada tenha o pino de aterramento (o pino do meio) devidamente conectado a um sistema de aterramento funcional. Sem isso, o DPS se torna inútil.
Dispositivo de Proteção contra Surtos só funciona em tomadas de três pinos com aterramento funcional
Letícia Rosa/TechTudo
A segurança pessoal, no entanto, é a prioridade máxima. Durante uma tempestade, evite qualquer contato com água encanada: não tome banho, não lave louça e afaste-se de torneiras. A corrente elétrica pode viajar pela tubulação. Da mesma forma, evite usar telefones com fio e, principalmente, não utilize celulares ou notebooks enquanto estiverem carregando. O perigo não está no aparelho em si, mas na sua conexão física com a rede elétrica, que pode conduzir um surto diretamente para a pessoa.
4. A chuva já começou: o que priorizar?
O cenário é comum: a tempestade começa de repente e você não teve tempo de se preparar. A regra de ouro, repetida por todos os especialistas em segurança, é: se a tempestade já está sobre a sua casa, com raios e trovões próximos, não toque nas tomadas. O ato de se aproximar de um aparelho energizado para desconectá-lo se torna extremamente perigoso. O risco de sofrer um choque elétrico fatal naquele exato momento supera em muito o prejuízo de perder o equipamento. A desconexão deve ser feita antes, nunca durante a tempestade.
A melhor ação é sempre a proativa. Crie o hábito de verificar a previsão do tempo e, ao ver a indicação de tempestades, adote uma rotina preventiva. Desconecte os aparelhos mais caros e sensíveis com antecedência, lembrando sempre de remover todos os cabos (energia, antena, rede). Garanta que celulares e lanternas estejam com a bateria cheia para o caso de uma queda de energia. Ter um plano de ação evita a necessidade de tomar decisões arriscadas no calor do momento.
Se a tempestade o pegou de surpresa, mas os raios ainda parecem distantes, é possível fazer uma triagem de emergência com máxima cautela. A prioridade deve ser desconectar os aparelhos mais caros, sensíveis e com múltiplas conexões. Comece por computadores e televisores, depois consoles e roteadores, e por fim eletrodomésticos com painéis digitais. Para aparelhos essenciais como a geladeira, que não podem ser desligados, a única proteção segura é um sistema de DPS instalado no quadro de luz da residência.
Um plano de ação eficiente pode evitar danos durante tempestades
Reprodução/Freepik
5. Dicas para se proteger
A proteção eficaz contra os perigos de uma tempestade envolve um conjunto de ações antes, durante e depois do evento. Ter uma checklist clara pode fazer toda a diferença. Antes da tempestade, monitore os alertas da Defesa Civil (enviando seu CEP por SMS para 40199), execute a desconexão preventiva dos eletrônicos e prepare um kit de emergência com lanternas e pilhas. Carregue seus dispositivos móveis para não depender da tomada durante o evento.
Durante a tempestade com raios e trovões, se estiver em casa, afaste-se de janelas, portas e de qualquer fiação ou encanamento. Não use água encanada e evite telefones com fio ou celulares carregando. Se estiver na rua, o abrigo mais seguro é um carro fechado (não conversível) ou uma edificação sólida. Evite a todo custo áreas abertas, ficar debaixo de árvores isoladas ou perto de objetos metálicos como cercas. Como último recurso, se não houver abrigo, agache-se com os pés juntos e a cabeça entre os joelhos, tornando-se o menor alvo possível.
Depois da tempestade, a cautela deve continuar. Espere pelo menos 30 minutos após ouvir o último trovão antes de sair de casa ou começar a religar seus aparelhos eletrônicos. Ao sair, fique extremamente atento a possíveis cabos elétricos caídos na rua. Não se aproxime, não toque em hipótese alguma, isole a área para alertar outras pessoas e ligue imediatamente para a concessionária de energia local ou para o Corpo de Bombeiros (193).
Evite raios e áreas cobertas durante tempestades
Reprodução/Freepik
Com informações de Safe Electricity, Southern Living, Bryan Hindman Electric e Defesa Civil.
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