“Mão Morta”: o que é a arma nuclear russa que poderia acabar com o mundo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na última sexta-feira (1º) que ordenou o deslocamento de submarinos nucleares para áreas próximas da Rússia, em resposta a ameaças feitas por autoridades russas com o uso da arma conhecida como “Mão Morta”, um controverso sistema de retaliação nuclear automática da era soviética, conhecido por uma capacidade destrutiva que poderia supostamente colocar o mundo inteiro em risco.

A medida representa uma nova escalada nas tensões entre Washington e Moscou, que se agravaram após declarações do ex-presidente russo e atual vice do Conselho de Segurança do país, Dimitri Medvedev.

Na última segunda-feira (28), Trump havia estabelecido um prazo de 10 dias para um cessar-fogo na guerra entre Rússia e Ucrânia, sob pena de endurecimento das sanções. Em reação, Medvedev acusou os EUA de adotarem “jogos de ultimato” e fez referência direta ao sistema Perimetr, apelidado de “Mão Morta”.

“Trump deveria se lembrar de como a lendária ‘Mão Morta’ pode ser perigosa”, disse Medvedev em canal no Telegram.

A fala foi interpretada por analistas ocidentais como um alerta nuclear. Em entrevista à emissora Newsmax, Trump respondeu de forma contundente:

“Ele [Medvedev] não deveria ter dito isso. Tem uma boca solta. Já disse outras coisas antes também. Então, queremos sempre estar preparados”, afirmou.
“Enviei dois submarinos nucleares para a região. Só quero ter certeza de que as palavras dele são apenas palavras, nada além disso.”

O que é a “Mão Morta”?

Conhecido formalmente como sistema Perimetr, o recurso foi criado pela União Soviética nos anos 1980 para garantir um ataque de retaliação nuclear mesmo que a liderança do país fosse eliminada em um bombardeio.

Segundo o Centro para Análises Navais (CNA) dos EUA, o Perimetr funciona por meio de sensores instalados em centros de comando, capazes de detectar ataques nucleares. Se nenhuma autoridade conseguir responder após sucessivas tentativas, inclusive com acionamento da maleta nuclear, chamada Cheget, o sistema autoriza automaticamente o disparo de mísseis nucleares balísticos.

Por seu funcionamento autônomo, mesmo na ausência de comando humano, o sistema ficou conhecido como a “Mão Morta”. Informações de inteligência divulgadas pelos EUA em 2017 indicam que o Perimetr ainda estaria ativo e aprimorado.

Risco crescente

A ofensiva verbal entre Trump e Medvedev reacende temores sobre os riscos de um conflito nuclear acidental. Embora o sistema russo permaneça envolto em segredo e ceticismo, muitos analistas duvidam que esteja plenamente funcional, seu papel simbólico eleva o tom da retórica e dificulta iniciativas de desescalada entre as potências.

A troca de ameaças ocorre em um momento delicado da guerra na Ucrânia, que se arrasta desde 2022 e pressiona a política externa americana. Trump tenta mostrar firmeza frente à Rússia, ao mesmo tempo em que impõe pressão direta por um cessar-fogo imediato.

“Estão mais próximos da Rússia. Sim, estão mais próximos da Rússia”, respondeu Trump, ao ser questionado se os submarinos se aproximaram do território russo.

A movimentação dos EUA pode aumentar a tensão com Moscou e acirrar a corrida armamentista no Leste Europeu. Nas últimas semanas, países da OTAN vêm reforçando seus alertas de prontidão, temendo o colapso de canais diplomáticos e a ampliação do conflito para além das fronteiras da Ucrânia.

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