O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu ministros nesta quinta-feira (31), no Palácio do Planalto, para discutir os próximos passos da resposta brasileira às tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos nacionais.
Segundo informações divulgadas pelo jornal O Globo, o governo decidiu abandonar a ideia de um pacote único de medidas e, em vez disso, adotar uma estratégia de anúncios pontuais, à medida que as negociações com o governo de Donald Trump avançam.
De acordo com interlocutores do Planalto ouvidos pelo jornal, o entendimento é que o Brasil já entrou em uma nova fase de tratativas com os EUA desde o anúncio oficial da sobretaxa, e que há espaço para conquistar flexibilizações e exceções, especialmente setoriais. O histórico de negociações de Trump com países como a China embasa essa expectativa.
Impacto do tarifaço ‘suavizado’ de Trump no PIB brasileiro não ultrapassa 0,3 p.p.
Cálculo foi feito por bancos e gestoras; lista de isenções abarca cerca de 40% das exportações brasileiras aos EUA, segundo a XP
Lula vê sanção dos EUA a Moraes como ataque ao Estado brasileiro e aciona a AGU
Presidente disse a ministros do STF e do governo que medida de Trump ultrapassa disputa comercial e fere a soberania nacional
O plano de contingência econômico, que estava em preparação, será ajustado para priorizar medidas de impacto direto nos segmentos mais afetados, com foco na preservação de empregos e na competitividade das exportações.
Participaram da reunião no Planalto os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Jorge Messias (AGU), Sidônio Palmeira (Comunicação Social), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Márcio Elias Rosa, secretário-executivo do Ministério da Indústria, representando o vice-presidente e titular da pasta, Geraldo Alckmin.
A expectativa é que as medidas sejam divulgadas ao longo dos próximos dias, conforme o avanço dos diálogos entre a equipe de Alckmin e representantes dos setores empresariais mais atingidos pela medida norte-americana.
No encontro, Lula pediu detalhes sobre os impactos econômicos da tarifa e sobre as ferramentas disponíveis para mitigá-los. A principal preocupação, segundo o jornal, é evitar a perda de postos de trabalho e garantir a sobrevivência de empresas que dependem do mercado americano.
Negociação estritamente econômica
Apesar do impacto geopolítico da decisão americana — motivada, em parte, por críticas ao Supremo Tribunal Federal, especialmente ao ministro Alexandre de Moraes — o governo mantém a posição de que a negociação com os EUA será estritamente econômica. A defesa das instituições brasileiras e da soberania nacional não estará na mesa de negociações.
A inclusão de Moraes nas sanções da chamada Lei Magnitsky não foi discutida na reunião ministerial. Ainda assim, segundo fontes ouvidas pelo O Globo, Lula reiterou que considera a justificativa política para o tarifaço inaceitável. A posição do governo é clara: não se admite ingerência externa sobre decisões internas do Judiciário brasileiro.
infomoney.com.br/">InfoMoney.