O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (25), durante cerimônia de lançamento do programa Periferia Viva em Osasco (SP), que o vice-presidente Geraldo Alckmin é o principal articulador do governo nas negociações com os Estados Unidos e afirmou que, quando o presidente americano Donald Trump souber a verdade sobre o Brasil, deixará de aplicar a tarifa de 50% prometida contra produtos brasileiros.
“Trump, o dia que você quiser conversar, o Brasil estará pronto e preparado para discutir, para tentar mostrar o quanto você foi enganado com as informações que te deram”, disse Lula. “E quando você souber da verdade, você vai falar: ‘Lula, eu não vou mais taxar o Brasil, vou ficar do jeito que está.’”
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A medida, que ainda não foi finalizada, seria necessária para aplicar a tarifa de 50% prometida por Trump a um país cuja situação difere significativamente de outras nações que já enfrentaram tarifas recíprocas
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Lula destacou que Alckmin tem “perfil calmo” e capacidade de diálogo. “Esse moço aqui, Geraldo Alckmin, é o meu vice-presidente… esse cara é exímio negociador, não levanta a voz e não manda carta, ele só quer conversar.”
O presidente destacou ainda a atuação de um comitê interministerial liderado por Alckmin e Mauro Vieira, que já realizou dez reuniões com representantes dos EUA. “No dia 16 de maio, o Alckmin, junto com Mauro Vieira, assinaram uma carta pedindo resposta do governo americano sobre as reuniões.”
Segundo Lula, o Brasil continua aberto ao diálogo, mas não aceitará imposições: “Estamos tranquilos, estamos discutindo, queremos ouvir de verdade o que vai acontecer, e aí nós vamos tomar nossas posições.”
As falas ocorrem a exatos sete dias do prazo estabelecido por Trump para início da sobretaxa de 50% sobre as exportações brasileiras, medida anunciada no início do mês como retaliação ao julgamento de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Traidores da nação”
Sem citar nomes, Lula criticou fortemente parlamentares aliados de Bolsonaro que atuam nos EUA em favor da tarifa. “Estão agarrados nas botas do presidente dos Estados Unidos pedindo pra ele fazer intervenção no Brasil. Numa total falta de patriotismo. Junta a falta de patriotismo com ser vergonhoso, com traição”, disse.
O presidente também ironizou as manifestações públicas de apoio a Trump. “Esse cara tá traindo a nação. Ele tá traindo o povo brasileiro. Era deputado federal… Ficava, ‘ô Trump, ô Trump, sabe o meu pai, Trump?’”
Lula afirmou ainda ter sido surpreendido pela carta divulgada no site oficial de Trump. “Eu estranhei que o presidente norte-americano postasse uma carta para mim no portal dele, dizendo que o Brasil ia ser taxado em 50%, e pede na carta que a gente pare de perseguir Bolsonaro imediatamente.”
O presidente defendeu a independência do Judiciário brasileiro. “Se o presidente Trump tivesse ligado para mim, eu certamente explicaria… O Bolsonaro não está sendo perseguido, ele está sendo julgado com todo o direito de defesa.”
Negociação segue improvável
A tarifa de 50% prometida por Donald Trump contra produtos brasileiros está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto e permanece sem acordo. O governo brasileiro mantém uma frente de negociação liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo chanceler Mauro Vieira, mas interlocutores reconhecem que as conversas estão travadas.
Enquanto isso, os EUA buscam uma nova base legal para sustentar a tarifa, já que o Brasil não possui superávit comercial com os americanos — o argumento usado em outras sanções anteriores. A medida é vista como politicamente motivada, com Trump pressionando o Brasil a abandonar o julgamento de Jair Bolsonaro pelo STF.
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