Linkin Park tira música de shows por ser “triste demais”

Linkin Park tira música de shows por ser “triste demais”

Sete anos após a morte trágica de Chester Bennington, o Linkin Park continua enfrentando o luto de forma pública e emocional. Durante uma entrevista recente ao jornal britânico The Guardian, Mike Shinoda, cofundador e cérebro criativo por trás da banda, revelou que a música “One More Night” foi oficialmente retirada da nova turnê mundial — que passou pelo Brasil em 2024 — por ser emocionalmente “insustentável” de se apresentar ao vivo.

A canção, originalmente lançada no último álbum com a voz de Bennington, carrega uma carga simbólica que se intensificou após sua morte. “Ela foi escrita para uma mulher da gravadora com quem trabalhávamos e que faleceu. Mas, quando o Chester se foi, o mundo inteiro decidiu que a música era sobre ele. E, sinceramente, ficou difícil demais tocá-la”, explicou Shinoda.

A decisão marca um momento delicado, mas necessário, na nova fase da banda. Em setembro de 2024, o Linkin Park surpreendeu os fãs ao anunciar não apenas um novo álbum e turnê, mas também a entrada de novos integrantes — incluindo a vocalista Emily Armstrong, que divide os vocais com Shinoda nessa nova jornada sonora. A banda busca equilibrar a memória do passado com a evolução do presente, sem cair na armadilha de parecer uma cópia do que já foi.

“Não queremos soar como uma banda cover de nós mesmos”, já havia afirmado Shinoda em outra ocasião, reforçando que o legado de Chester será sempre respeitado, mas que o Linkin Park também tem direito de continuar existindo — e criando.

Chester Bennington, que ingressou na banda em 1999, foi encontrado morto em 20 de julho de 2017. Sua última apresentação com o grupo aconteceu em Birmingham, na Inglaterra, apenas duas semanas antes, em 6 de julho. Desde então, o silêncio em torno de certas músicas tornou-se parte da forma como o grupo lida com a ausência de seu vocalista.

Linkin Park encara machismo e provoca revolução no rock

O retorno do Linkin Park aos palcos já seria suficiente para causar comoção. Mas a escolha da banda em seguir sem Chester Bennington — e, mais ainda, ao lado de uma mulher no vocal — acendeu debates acalorados nas redes. Desde setembro de 2024, Emily Armstrong, ex-vocalista da banda Dead Sara, ocupa o microfone principal do grupo. E apesar da resistência de parte dos antigos fãs, o grupo americano liderado por Mike Shinoda garante: não vai recuar.

Em entrevista ao podcast Broken Record, Shinoda foi direto ao comentar as críticas — muitas com tom machista — recebidas desde a entrada de Emily: “O fã misógino de metal, barbado, que amava nossos dois primeiros discos e acha que é o dono da verdade… ele vai nos odiar. Mas está tudo bem. Não sentimos falta dessa parcela.”

Emily, que tem 39 anos e cresceu ouvindo Hybrid Theory (2000), teve sua estreia no disco From Zero (2024), o primeiro lançamento da banda desde One More Light (2017), marcado pela morte de Chester. A vocalista, fã declarada desde os 13 anos, imprime uma nova energia ao grupo — e atrai um novo público.

“Essa pessoa que se foi será substituída por uma garota de 15 anos dizendo: ‘Nunca curti som pesado, mas agora quero aprender a tocar guitarra’. E eu amo isso”, completou Shinoda.

O grupo parece ciente da transformação que está provocando na cena do rock — e não se desculpa por isso. Pelo contrário, o Linkin Park está disposto a abrir espaço para vozes novas, mesmo que isso signifique deixar para trás parte de seu público original.

A nova fase poderá ser vista de perto pelos fãs brasileiros ainda este ano. O Linkin Park desembarca no país para três apresentações em novembro: dia 5 em Curitiba (Estádio Couto Pereira), dia 8 em São Paulo (MorumBIS) e dia 11 em Brasília (Arena BRB Mané Garrincha). Os ingressos estão disponíveis no site da Ticketmaster.

Linkin Park comenta com quem eles gostariam de trabalhar

Recentemente, Mike Shinoda, do Linkin Park, destacou Doechii como uma artista com quem quer trabalha, uma parceria dos sonhos.

Segundo a Billboard, em uma conversa com Drink Champs, Shinoda e Joe Hahn, do Linkin Park, listaram algumas das maiores figuras do hip-hop com quem adorariam fazer música. Na lista de Mike estavam Wu-Tang Clan, Kendrick Lamar, Tyler, the Creator e André 3000. Ele então adicionou Lauryn Hill e fez um agradecimento especial a Queen Latifah. “Ela é tão confiante e não é como vender sexo“, disse Shinoda, acrescentando: “Ela parecia um modelo a ser seguido”.

“Ah, Doechii. Por que eu não disse Doechii? … Eu deveria ter dito Doechii antes.” Depois de navegar pelo celular para relembrar rappers femininas, ele acrescentou: “A Doja [Cat] é demais”.

Vale lembrar que a banda se uniu com Jay-Z para o sucesso de “Numb / Encore”, do EP conjunto Collision Course, de 2004. O Linkin Park também colaborou posteriormente com Rakim no single de 2014, “Guilty All the Same“, e com Pusha T e Stormzy em “Good Goodbye”, de 2017.