JPMorgan: Incerteza sobre tarifaço contra Brasil pode ir muito além de 1 de agosto

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O JPMorgan avaliou que a incerteza sobre as tarifas implementadas ao Brasil pelos EUA pode persistir muito além do prazo de 1º de agosto. Primeiro, há a provável decisão sobre as tarifas IEEPA (mecanismo extraordinário usado por Trump no seu tarifaço) em 31 de julho, que pode mudar as tarifas e invalidar acordos, e deve levar a administração Trump a buscar outros mecanismos para implementar as tarifas. Além disso, existem várias investigações em andamento relacionadas às seções 301, 238, entre outras. “Tudo isso demanda bastante tempo”, avalia.

De qualquer forma, o impacto potencial das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil pode ser significativo, especialmente se houver retaliações adicionais. De acordo com os economistas da instituição, apenas o efeito direto da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros já poderia reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) do país entre 0,6 ponto percentual e 0,9 ponto percentual. Isso seria significativo, mas não catastrófico, avalia.

No entanto, o cenário pode se agravar com medidas adicionais, como sanções comerciais, restrições ao investimento direto estrangeiro (IDE) e retaliações bilaterais. Nesse caso, o Brasil poderia enfrentar uma desaceleração mais aguda.

O JPMorgan pondera que o caso brasileiro é distinto de outros países afetados, pois as motivações da tarifa têm caráter predominantemente político, o que dificulta a atuação de empresas norte-americanas para intermediar um recuo, como normalmente ocorre.

A equipe do banco também destacou que o governo dos EUA continua comprometido com a agenda tarifária e deve buscar alternativas legais para manter as medidas, mesmo com a possível derrubada judicial das tarifas aplicadas via IEEPA (Lei de Poderes Econômicos em Caso de Emergência Internacional). A decisão da Corte de Apelações norte-americana sobre a legalidade do uso do IEEPA está prevista para 31 de julho.

No mercado, o banco observou que o real tem mostrado resiliência devido ao diferencial de juros e à atuação de exportadores, mas alertou para saídas relevantes de capital estrangeiro da B3 e aumento das posições vendidas no Ibovespa desde o início de julho.

Por fim, o JPMorgan reforçou que o impacto sobre os preços nos Estados Unidos começa a se tornar mais visível, com inflação de bens alcançando 5,5%, acima da inflação geral, e que, apesar dos efeitos ainda estarem parcialmente mascarados por fatores pontuais, as tarifas devem se tornar o principal vetor dos dados econômicos norte-americanos nos próximos meses.

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