JOHN DEACON COLABORA COM O QUEEN E PROVOCA REAÇÃO DOS FÃS

Embora tenha se afastado dos palcos e da vida pública há mais de duas décadas, John Deacon, o lendário baixista do Queen, voltou a ser notícia ao participar de uma ação simbólica, porém marcante: ao lado de Brian May e Roger Taylor, Deacon assinou uma cópia do álbum A Night at the Opera, que será leiloada durante a Freddie Mercury Birthday Party, evento oficial organizado pela Mercury Phoenix Trust, em Montreux, na Suíça.

O gesto — discreto, porém histórico — representa a primeira colaboração pública de Deacon com os colegas de banda desde sua aposentadoria oficial em 1997. A assinatura tripla foi autenticada pela própria fundação criada em homenagem a Freddie e tem valor histórico inestimável, não apenas para colecionadores, mas também para os fãs que acompanham com carinho o legado do Queen.

Um retorno com propósito

Brian May comentou recentemente que, apesar do silêncio midiático, Deacon continua envolvido com as decisões empresariais do Queen:

“Se temos qualquer decisão importante, especialmente de negócios, sempre passa pelo John. Ele tem poder de veto, embora prefira se manter distante da parte criativa.”
— Brian May

Ao aceitar participar da ação beneficente, Deacon sinaliza seu apoio contínuo ao legado de Freddie e à luta contra o HIV/AIDS — causa central da Mercury Phoenix Trust, que há anos arrecada fundos por meio de eventos, shows e ações especiais.

Sobre o evento

A Freddie Mercury Birthday Party acontece em setembro, na cidade de Montreux, e reúne fãs do mundo inteiro em uma programação que mescla tributos musicais, exposições, painéis e ações beneficentes. A cópia assinada de A Night at the Opera será um dos itens mais disputados no leilão do evento, com renda 100% revertida para projetos de conscientização sobre HIV e assistência a pessoas soropositivas.

Segundo os organizadores da Mercury Phoenix Trust, a peça assinada representa não apenas um item raro de memorabilia, mas também “um ato de união e respeito entre os membros do Queen em memória de Freddie Mercury”. A fundação ainda destacou que “ver Deacon assinar ao lado de May e Taylor, mesmo de forma pontual, é algo profundamente simbólico para todos que acompanham a trajetória da banda”.

Sinal discreto ou prelúdio de homenagem?

A reaparição de John Deacon nesta ação beneficente pode ser mais do que um aceno simbólico. Em 2025, o Queen celebra os 50 anos do álbum A Night at the Opera — um dos marcos absolutos da discografia da banda e um dos discos mais influentes da história do rock. Lançado originalmente em 21 de novembro de 1975, o álbum elevou o Queen a um novo patamar artístico e comercial, abrindo caminho para experimentações e consolidando o grupo como força criativa inovadora.

Para fãs e observadores, a decisão de Deacon participar justamente com a assinatura deste disco emblemático reacendeu especulações: seria este o primeiro gesto de uma série de homenagens planejadas para celebrar o cinquentenário do álbum? Não há confirmações oficiais — mas a escolha do item, o momento e a reunião simbólica dos três membros lendários acendem a expectativa.

A ópera rock definitiva

Gravado ao longo de quatro meses em uma combinação de estúdios entre Gales e Londres, A Night at the Opera é conhecido por seu perfeccionismo técnico e ambição sonora. À época, foi o álbum mais caro já produzido no Reino Unido — e o primeiro lançado após o rompimento do Queen com seu antigo empresário.

Produzido por Roy Thomas Baker e pela própria banda, o disco é uma verdadeira miscelânea de estilos: do hard rock à opereta, do pop barroco ao music hall, com arranjos vocais extremamente complexos e camadas instrumentais inovadoras. Cada faixa carrega a identidade de seu compositor:

> Freddie Mercury entregou a extravagância definitiva com Bohemian Rhapsody, uma ópera em miniatura que quebrou todos os padrões da época.

> John Deacon assina You’re My Best Friend, uma balada romântica marcada pelo uso marcante de piano elétrico Fender Rhodes.

> Brian May trouxe canções como ’39 (com influência folk e sci-fi) e a pesada The Prophet’s Song.

> Roger Taylor marca presença com I’m in Love with My Car, uma ode nada sutil à velocidade.

O legado

A Night at the Opera foi um divisor de águas comercial e artístico. O álbum chegou ao primeiro lugar no Reino Unido e foi aclamado pela crítica como uma obra-prima de ousadia musical. A revista Rolling Stone o descreveu como “uma declaração definitiva de liberdade criativa no rock britânico”, enquanto o The Guardian o colocou entre os 50 álbuns mais importantes da música ocidental.

A faixa Bohemian Rhapsody foi, à época, a canção mais longa a alcançar o topo das paradas britânicas, e seu videoclipe, com estética teatral e iluminação dramática, é considerado o ponto de partida da era dos videoclipes modernos.

Cinco décadas depois, fãs ainda descrevem o álbum como uma “ópera emocional” e uma “viagem caleidoscópica por estilos e sentimentos”. Nos fóruns especializados, a possibilidade de novas homenagens ao cinquentenário movimenta discussões e alimenta o desejo de relançamentos especiais, box sets e tributos.

O silêncio de Deacon

Desde a morte de Freddie Mercury, em 1991, John Deacon optou por um afastamento gradual — e definitivo — da vida pública. Embora tenha participado de gravações e eventos pontuais até 1997, incluindo o tributo a Freddie no estádio de Wembley e o single “No-One But You (Only the Good Die Young)”, Deacon se retirou completamente do Queen e da indústria musical logo depois.

Sua decisão sempre foi respeitada pelos colegas de banda. Em diversas entrevistas, Brian May e Roger Taylor destacaram que Deacon é uma pessoa sensível, reservada e que “não conseguiria seguir com o Queen sem Freddie”. Desde então, ele passou a viver longe dos holofotes, mantendo-se apenas como sócio formal da banda e responsável por algumas decisões administrativas em raros momentos.

Durante o auge do sucesso do filme Bohemian Rhapsody, em 2018 — que se tornou a cinebiografia musical de maior bilheteria da história — a figura de John Deacon voltou a ganhar atenção dos fãs e da imprensa, apesar de ele não ter se envolvido criativamente na produção.

Na época, enquanto multidões lotavam as sessões nos cinemas britânicos, especialmente em Londres, jornalistas e fãs relataram ter visto Deacon em raros passeios pelo parque Greenwich, no sudeste da cidade, próximo à casa onde vive discretamente até hoje. De jeans, óculos escuros e sempre sozinho, caminhava em silêncio, como quem observava de longe o impacto daquele revival global — discreto, presente e ao mesmo tempo à parte.

A imagem do autor de clássicos como Another One Bites the Dust e I Want to Break Free — dois dos maiores sucessos do Queen — caminhando calmamente a poucos metros das filas que se formavam para ver sua história nas telonas, se tornou símbolo de um personagem central que escolheu o silêncio como forma de presença.

Sua postura reforça a ideia de que, mesmo afastado da fama, Deacon continua profundamente conectado à trajetória da banda, ainda que à sua maneira: silenciosa, respeitosa, e — como neste gesto recente — comoventemente pontual.

Uma história que segue viva

Crédito da imagem: foto original promocional do álbum Queen The Game

O envolvimento de John Deacon, mesmo que pontual, é um lembrete da contribuição essencial que ele teve na identidade musical do Queen — com composições históricas entre os marcos de sua autoria.

Este momento raro reforça que, mesmo longe dos holofotes, Deacon permanece uma parte viva e respeitada da história do Queen. Um reencontro silencioso, elegante e cheio de significado — como ele sempre preferiu.

Assista a seguir ao clássico “You’re My Best Friend” no videoclipe oficial — uma das composições mais queridas de John Deacon e um dos momentos mais marcantes do repertório do Queen.

 

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