IA do Google ou TikTok: quem desbanca quem nas buscas?

Durante o Web Summit Rio, em abril, Gabriela Comazzetto, diretora-geral de negócios do TikTok na América Latina, afirmou que três em cada quatro descobertas feitas na plataforma foram resultado de buscas. Segundo ela, 91% dos usuários tomaram alguma ação após uma pesquisa, como comprar um produto.

Esse comportamento posiciona o TikTok como um potencial concorrente ao modelo tradicional de buscas do Google. Ainda no evento, Comazzetto destacou que 40% dos usuários nos Estados Unidos já usam o TikTok como ferramenta de busca.

No Brasil, a tendência também aparece. Uma pesquisa da Opinion Box, divulgada em 15 de julho, apontou que 42% dos usuários brasileiros do TikTok usam a rede para descobrir coisas novas.


Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

Existe, de fato, uma concorrência?

É inegável que o Google domina o mercado de buscas. Resultados recentes da empresa apontam que 2 bilhões de pessoas utilizam resumos gerados por inteligência artificial em suas pesquisas.

Apesar disso, novas plataformas começam a disputar atenção, especialmente entre os mais jovens. Ainda em 2022, o próprio Google reconheceu essa mudança: segundo o vice-presidente sênior da empresa, em uma conferência de tecnologia da Fortune, cerca de 40% dos jovens preferem iniciar suas pesquisas por lugares ou recomendações no TikTok ou Instagram, e não no Google ou Maps. 

A tendência se manteve em 2024, com uma pesquisa da YPulse à Axios indicando que 21% dos jovens de 18 a 24 anos já começam suas buscas pelo TikTok.

Esse novo comportamento preocupa o Google, principalmente por afetar sua principal fonte de receita: os anúncios vinculados à busca. O avanço do Search Ads do TikTok, que posiciona marcas em palavras-chave no campo de pesquisa, intensifica essa disputa.

Ao mesmo tempo, as ferramentas de IA do Google mudaram o comportamento dos usuários, mas ainda não impactam diretamente o tipo de descoberta feita em plataformas como o TikTok por não terem o mesmo formato de resultado nas pesquisas. 

Issaaf Karhawi, professora da Escola de Comunicações e Artes da USP e especialista em influenciadores digitais, explica que o TikTok alterou o “desenho das redes sociais” ao integrar a busca de forma natural à experiência do usuário.

“O TikTok apresenta uma integração sólida da busca dentro da própria rede. O Instagram, por exemplo, ainda limita pesquisas a hashtags, usuários ou localização”, diz Karhawi.

(Imagem: Reprodução/Unsplash)
avanço do Search Ads do TikTok, que posiciona marcas em palavras-chave no campo de pesquisa, intensifica disputa do Google (Imagem: Reprodução/Unsplash)

Segundo ela, a forma como a plataforma permite a descoberta de conteúdos — por meio de vídeos, comentários e sugestões — cria uma experiência de busca mais fluida e envolvente, que retém o usuário e entrega respostas em formatos visuais, diferentemente do resumo de IA do Google, que entrega resultados em texto. 

IA do Google disputa com outras IAs

No que diz respeito à inteligência artificial, Karhawi avalia que a concorrência para o Google não está tanto no TikTok, mas em outras IAs generativas, como ChatGPT. Contudo, o protagonismo do mercado ainda é da gigante de Mountain View. 

O surgimento de novos buscadores baseados em IA, como o Perplexity, com seu próprio navegador, o Comet, e a ferramenta de busca da OpenAI, reforça essa disputa.

O Perplexity, por exemplo, oferece um buscador próprio e promete respostas baseadas em fontes confiáveis. Ainda que seja pago, sua proposta é servir como alternativa real ao Google.

Solen Feyissa/Unsplash
Há uma disputa cde outras empresas de IAs com o Google que lançaram suas próprias ferramentas de buscas (Imagem: Solen Feyissa/Unsplash)

O ChatGPT por sua vez já ocupa um espaço mais consolidado quando se trata de buscas na web. O ChatGPT Search é livre para todos os usuários e consegue trazer respostas mais “conversacionais” com o usuário. 

Dessa forma, ele fornece não só respostas contextuais, mas também links, referências e informações atualizadas e possibilita uma pesquisa completa e instantânea em uma única interação. 

Mesmo assim, Karhawi acredita que desbancar o Google será difícil, já que a empresa consolidou o hábito de “googar” como sinônimo de buscar tanto no Brasil quanto no exterior durante os últimos 20 anos. 

Leia mais:

VÍDEO: pesquisar no Google deixou de fazer sentido?

Leia a matéria no Canaltech.