Huawei Mate XT Ultimate: para que serve um celular que dobra em 3?

A Huawei chamou atenção do mercado tech brasileiro ao anunciar, em junho, a estreia oficial do Mate XT Ultimate no Brasil. Com preço sugerido de R$ 33 mil, o celular também se destaca pelo formato dobrável triplo, que permite o uso de três formas diferentes: com uma tela comum, com uma tela dupla, ou tripla, como se fosse um tablet. 

Eu testei o smartphone logo após o lançamento no país e, neste texto, conto se um dispositivo desses faz sentido ou se é só exagero.

É importante destacar que, neste texto, não vou discutir se o celular vale a pena, ou não, porque o Mate XT custa nada menos que R$ 33 mil. Aqui, descrevo apenas a experiência com o celular da Huawei. 


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Design dobrável em três partes: inovação ou exagero?

Logo de cara, o primeiro sentimento ao pegar o Mate XT Ultimate é medo. O celular não só tem duas dobras, como é extremamente fino. E o fato de dobrar uma parte para a frente e a outra para trás pode confundir um pouco no começo. 

Assim, a sensação de medo é em relação à resistência. Nos primeiros usos, dá impressão de que qualquer movimento errado pode quebrar o smartphone. E, levando em consideração que ele tem o preço de um carro popular, esse receio é justificado. 

Ainda assim, o Mate XT Ultimate demonstra resistência. O celular, inclusive, alerta caso o usuário tente dobrá-lo para o lado errado

Quanto à usabilidade, é inegável que é bem interessante mexer em um smartphone assim — apesar de as aplicações práticas serem poucas, comparado a um dobrável comum. Na maior parte do tempo, inclusive, eu usei ele no modo de duas telas, em vez das três. 

Totalmente aberto, dobrável triplo da Huawei tem tela do tamanho de um tablet (Imagem: Gabriel Furlan/Canaltech)

No caso do Mate XT Ultimate, eu ainda usava o espaço da terceira tela fechada como “grip” para melhorar a pegada, já que a espessura bem discreta do celular não torna o uso muito seguro — aqui volta o medo de derrubar o celular como justificativa. 

Tela gigante: quando ela realmente faz a diferença?

A principal vantagem é o fato de poder abrir múltiplas janelas e ainda ter uma boa visualização de cada uma. Ainda assim, não é nada que outro dobrável — como Galaxy Z Fold ou Honor Magic V3 — já não faça. 

O uso mais interessante para o modo totalmente aberto — que combina as três telas internas — é para assistir a filmes e séries. Nessa configuração, ele fica com o tamanho de um tablet, com 10,2 polegadas.

Já para navegar em redes sociais e tirar fotos o uso com a tela externa já é o suficiente. E, em muitos casos, é o mais indicado.

Durante os testes, notei que o TikTok, por exemplo, corta as partes inferior e superior dos vídeos no modo de duas telas. Isso, inclusive, acontece com outros dobráveis que já usei. 

Dessa forma, dá para concluir que o uso de um dobrável triplo tem seu lado de “exagero”, ainda que o luxo e praticidade de ter um celular e tablet em um único dispositivo tenha suas vantagens. 

Desafios de usabilidade

O tamanho e a espessura são os principais “desafios” para um uso cotidiano prático. Esse é o principal ponto forte dele, mas também traz algumas dificuldades, principalmente nos primeiros usos. 

Huawei Mate XT Ultimate também pode ser usado com tela dobrável dupla (Imagem: Gabriel Furlan/Canaltech)

Para começar, as bordas são bem finas. Isso, assim como o visual mais discreto, torna a pegada um pouco mais complicada, com toques acidentais na tela. 

O uso das três telas é particularmente mais complicado. A ideia é segurá-lo com as duas mãos, como um tablet, mas essa particularidade do visual mais fino pode dificultar um pouco mais. E, tentar segurar o celular com uma mão só é praticamente impossível — a não ser que você seja o Shaquille O’Neal ou também tenha uma mão gigante. 

Desempenho geral 

O Mate XT Ultimate tem um chip topo de linha, apesar de ser um pouco ultrapassado em relação a modelos que não sofreram embargo dos Estados Unidos.

Ainda assim, a performance com ele é fluída, e o sistema operacional da Huawei — a EMUI, no caso do modelo comercializado no Brasil — é bem otimizada para funcionar com “pouco”. 

Assim, não notei travamentos, engasgos ou lentidão durante o uso. É possível navegar com bastante agilidade, e ele abre apps com rapidez. 

Mas não dá para deixar de destacar a ausência dos serviços móveis do Google — ou GMS. Assim, o celular da Huawei não tem Play Store, Google Maps, Chrome ou qualquer outro serviço da empresa norte-americana. 

Até existem algumas formas de “contornar” esse problema e instalar alguns apps que usamos bastante por aqui e de origem norte-americana. Mas não funciona com todos e não é oficial. 

Uso com tela externa é o mais confortável e prático (Imagem: Gabriel Furlan/Canaltech)

Ainda assim, o celular tem uma alternativa oficial ao GMS, que é o Petal Services, da Huawei. Assim, ainda é possível acessar um serviço de mapas funcional, agenda, buscador, navegador, entre outros apps úteis.

Infelizmente, porém, fiquei pouco tempo com o celular e não pude testar a fundo essas aplicações. 

Para quem um celular dobrável triplo faz sentido? 

O Huawei Mate XT Ultimate — ou qualquer outro celular dobrável triplo que seja lançado no futuro — é mais indicado para entusiastas ou pessoas que querem um celular e tablet em um só aparelho, mas não é muito prático ou útil para um uso cotidiano. 

Um dobrável comum como Galaxy Z Fold, Honor Magic V3 ou até o Huawei Mate X6, que também foi lançado no Brasi, é mais útil e prático em contextos do dia a dia. 

Já se você é um usuário “comum” e quer um dispositivo móvel bom para assistir a filmes ou séries, ou simplesmente ver qualquer conteúdo em uma tela maior, comprar um tablet faz mais sentido e é bem mais barato, já que existem modelos que custam menos de R$ 2.000 — enquanto o Mate XT Ultimate custa cerca de R$ 33 mil.

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