Governo Trump divulga documentos sobre assassinato de Martin Luther King Jr.

O governo de Donald Trump divulgou nesta segunda-feira, 21, centenas de milhares de registros da vigilância do FBI sobre Martin Luther King Jr., apesar da oposição da família do ganhador do Nobel e do grupo de direitos civis que ele liderou até seu assassinato em 1968.

A divulgação envolve cerca de 230 mil páginas de documentos que estavam sob sigilo imposto pelo tribunal desde 1977, quando o FBI reuniu os registros pela primeira vez e os entregou à Administração Nacional de Arquivos e Registros.

A família de Martin Luther King, incluindo seus dois filhos vivos, Martin III e Bernice, foi notificada com antecedência sobre a divulgação e teve suas próprias equipes revisando os documentos antes da liberação pública.

Em uma publicação nas redes sociais anunciando a divulgação, a Diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, afirmou que os 230 mil arquivos incluem detalhes sobre possíveis pistas no caso e informações do antigo companheiro de cela de James Earl Ray.

Ray se declarou culpado pelo assassinato de King, mas posteriormente renunciou à confissão e manteve sua inocência até sua morte, em 1998. Gabbard também compartilhou um link para os documentos divulgados no site da Administração Nacional de Arquivos e Registros.

Em declaração conjunta, os dois filhos afirmaram que seu pai foi submetido a uma operação “invasiva, predatória e profundamente perturbadora” a mando de John Edgar Hoover, então diretor do FBI.

Eles disseram que a campanha tinha como objetivo “não apenas monitorar, mas desacreditar, desmantelar e destruir” tanto Martin Luther King quanto o movimento que ele liderava, classificando as ações como “projetadas para neutralizar aqueles que ousaram desafiar o status quo”.

No início deste ano, advogados do Departamento de Justiça pediram a um juiz federal que revogasse a ordem de sigilo antes de sua data de expiração.

Além da família do ativista, a Conferência da Liderança Cristã do Sul — da qual King foi cofundador em 1957 — se opôs à liberação dos arquivos, argumentando que o FBI vigiou ilegalmente Martin Luther King e outras figuras dos direitos civis, grampeando seus escritórios e linhas telefônicas com o objetivo de desacreditá-los, assim como seu movimento.

Acadêmicos, historiadores e jornalistas se preparam para estudar os documentos e buscar novas informações sobre o assassinato ocorrido em 4 de abril de 1968, em Memphis, Tennessee.

Já se sabe que o então diretor do FBI tinha intenso interesse em King e em outros que considerava radicais. Registros do FBI divulgados anteriormente mostram como o departamento de Hoover grampeou as linhas telefônicas do ativista, invadiu seus quartos de hotel e usou informantes para obter informações contra ele.

Durante a campanha presidencial do ano passado, Trump prometeu divulgar arquivos relacionados ao assassinato do presidente John F. Kennedy, em 1963.

Quando assumiu o cargo, em janeiro, Trump assinou um decreto para desclassificar os registros de JFK, juntamente com aqueles associados aos assassinatos de Robert F. Kennedy e Martin Luther King, ambos em 1968.

O governo tornou públicos os registros de JFK em março e divulgou alguns arquivos de RFK em abril.

A divulgação ocorre em um momento em que Trump enfrenta críticas de alguns apoiadores pela forma como seu governo lidou com os arquivos do caso de tráfico sexual contra o ex-financista Jeffrey Epstein.

O influente reverendo Al Sharpton afirmou que o presidente divulgou os arquivos para desviar a atenção da “tempestade que envolve Trump em relação aos arquivos de Epstein e ao desmoronamento público de sua credibilidade entre a base do MAGA”.

O procurador-geral adjunto Todd Blanche solicitou na sexta-feira a divulgação das transcrições do grande júri nos processos contra o abusador sexual Jeffrey Epstein e sua ex-namorada.

O pedido ocorre enquanto o governo tenta conter a crise gerada pelo anúncio de que não divulgaria arquivos adicionais da investigação de Epstein, apesar de ter prometido anteriormente que o faria.

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