Uma reunião realizada nesta semana no Departamento de Estado dos Estados Unidos colocou Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), no centro de uma nova polêmica internacional.
Segundo o jornalista Paulo Figueiredo, aliado da família e denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), representantes do governo Donald Trump chegaram a sugerir um plano de asilo e proteção contra eventuais ordens da Interpol para o ex-presidente e seu filho. A informação foi antecipada pelo O Globo.
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A informação foi revelada por Figueiredo em transmissão ao vivo no programa Paulo Figueiredo Show, na qual Eduardo Bolsonaro participou e confirmou a proposta — que, segundo ele, foi recusada.
“Tinha oito pessoas do Departamento de Estado, mas também tinha uma pessoa da Casa Branca. E ela virou e falou: ‘se fosse oferecido algum acordo de liberdade para o seu pai vir para os EUA exilado e a gente livrasse vocês dois da Interpol?’”, relatou Figueiredo.
“Fora de cogitação”, respondeu Eduardo, apostando, segundo o próprio, na aprovação de uma “anistia ampla, geral e irrestrita” no Brasil.
STF vê risco de fuga
A revelação ocorre no momento em que o Supremo Tribunal Federal aprofunda a investigação sobre possível atentado à soberania nacional, crime incluído no Código Penal em 2021, por lei sancionada pelo próprio Jair Bolsonaro.
No despacho mais recente, o ministro Alexandre de Moraes impôs ao ex-presidente medidas cautelares que incluem tornozeleira eletrônica, toque de recolher, veto ao uso de redes sociais, proibição de contato com embaixadores e com o próprio filho Eduardo. Também foi mantida a retenção do passaporte, vigente desde a operação Tempus Veritatis, deflagrada em fevereiro de 2024.
Moraes e a Polícia Federal apontam uma atuação dolosa e coordenada entre Jair e Eduardo para interferir em processos em andamento no STF, incluindo a Ação Penal 2.668, na qual o ex-presidente é réu por tentativa de golpe.
A articulação incluiria sanções econômicas ao Brasil — como o tarifaço de 50% anunciado por Trump — e pressões diplomáticas para constranger autoridades brasileiras.
Do exílio à ofensiva
A discussão sobre possível asilo revive suspeitas anteriores sobre tentativas de Bolsonaro de buscar proteção internacional. No ano passado, o jornal New York Times revelou que o ex-presidente passou dois dias na embaixada da Hungria em Brasília, em fevereiro, logo após ter o passaporte apreendido.
Apesar disso, em coletiva de imprensa, o ex-presidente negou que tenha cogitado deixar o país ou recorrer a embaixadas. “Estou submetido a uma suprema humilhação”, afirmou, acrescentando que “sempre guardou dólar em casa”.
Trump amplia apoio
Desde a semana passada, o ex-presidente dos EUA Donald Trump tem intensificado sua retórica em defesa de Bolsonaro, classificando os processos no STF como “caça às bruxas”. Na terça-feira (16), reiterou as críticas e, no dia seguinte, anunciou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros — medida considerada por investigadores brasileiros como consequência direta da pressão articulada por Eduardo Bolsonaro.
Na carta em que oficializou o tarifaço, Trump justificou as sanções como resposta aos “ataques insidiosos do Brasil às eleições livres”, em referência à inelegibilidade de Bolsonaro, às ações do STF contra plataformas digitais e ao suposto — e inexistente — déficit comercial com o Brasil.
“Estarei acompanhando de perto os desdobramentos do caso Bolsonaro”, escreveu Trump em comunicado oficial na última quinta-feira.
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