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GLP-1: como medicamentos para obesidade entram no debate sobre tratar dependência

Introdução ao GLP-1 e seu Potencial no Tratamento de Dependências

Os medicamentos à base de GLP-1, como Ozempic, Wegovy e Zepbound, inicialmente desenvolvidos para combater o diabetes e a obesidade, têm mostrado potencial em um novo território: o tratamento de dependências químicas e comportamentais. Essa possibilidade tem sido explorada em estudos preliminares e clínicas de reabilitação nos Estados Unidos, reacendendo o debate sobre como o cérebro responde a esses fármacos e até onde eles podem ir na redução de comportamentos compulsivos.

Mecanismos de Ação e Evidências Preliminares

A endocrinologista Alessandra Rascovski, especialista em medicina metabólica, observa que os mecanismos de ação dos GLP-1 incluem a modulação da liberação de dopamina, o neurotransmissor central da sensação de recompensa. Isso pode tornar gatilhos menos provocativos, diminuindo impulsos e facilitando a interrupção do comportamento aditivo. Estudos recentes, como um publicado em JAMA Psychiatry, mostraram que pessoas com consumo problemático de álcool que receberam semaglutida relataram beber menos e sentir menos vontade de beber ou fumar.

Impacto no Cérebro e Comportamento

A hipótese mais investigada é que os GLP-1 reduzem o “food noise”, o ruído mental constante que impulsiona a busca por comida, e que esse mecanismo pode ser semelhante ao que sustenta outras compulsões. Alessandra Rascovski destaca que, na clínica, o uso de GLP-1 off-label para alcoolismo mostrou resultados eficientes, com pacientes parando de beber. Ela também enfatiza o impacto sobre o food noise, que pode ser um pensamento obsessivo que invade a vida e afazeres.

Desafios e Limitações Atuais

Apesar do entusiasmo crescente, as evidências sobre o uso de GLP-1 no tratamento de dependências ainda são preliminares. Não há aprovação específica para uso em saúde mental, o que limita o acesso e mantém o tratamento restrito a prescrições off-label, geralmente caras e não cobertas pelos planos de saúde. Além disso, os efeitos colaterais e a segurança do uso prolongado dessas medicações ainda precisam ser avaliados em estudos de maior escala e duração.

Perspectivas Futuras e Potencial de Impacto

Ensaios clínicos nos Estados Unidos já estão em andamento para responder às lacunas atuais. A especialista Alessandra Rascovski lembra que o impacto potencial desses medicamentos se torna especialmente relevante em países como o Brasil, onde o consumo abusivo de álcool é um problema de saúde pública. Ela enfatiza que esses medicamentos não dispensam tratamentos já estabelecidos, mas podem servir como um suporte importante para que as pessoas dêem o primeiro passo e consigam mantê-lo.

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