EUA e China retomam negociações comerciais: Fim da trégua?

As tensões comerciais entre EUA e China ganharam um novo capítulo com o anúncio da retomada das negociações sobre tarifas. O prazo para um acordo duradouro, estabelecido para 12 de agosto, adiciona pressão para que ambos os países encontrem um terreno comum.

Ainda no cenário global, a China propôs uma aliança internacional de IA com o Sul Global, incluindo o Brasil. Essa iniciativa surge em um momento de crescente competição entre China e EUA pela liderança no campo da Inteligência Artificial, acirrando ainda mais a disputa tecnológica e econômica entre as nações.

Dependência de Terras Raras e Vulnerabilidade Estratégica

A dependência de certos recursos críticos, como as terras raras, expõe vulnerabilidades estratégicas. No início deste ano, os EUA enfrentaram problemas com os controles de exportação de terras raras da China, mas conseguiram que Pequim reabrisse o fornecimento como parte de um acordo comercial. Essa situação demonstra a importância de diversificar as fontes de recursos para evitar a dependência excessiva de um único país.

“Se os custos não importam, reduzir a dependência da China pode ser viável, mas as empresas não podem suportar despesas altas” – disse Kazuto Suzuki, professor da Escola de Políticas Públicas da Universidade de Tóquio.

Suzuki acrescentou que, no Japão, as empresas entendem a vulnerabilidade, mas continuam dependentes da China devido à falta de alternativas viáveis. No início do século, a China passou a dominar o fornecimento dos 17 elementos de terras raras, bem como o refino dos metais e a fabricação de ímãs que os contêm. Em 2009, 85% das importações de terras raras do Japão eram provenientes da China.

Pequim utilizou essa dependência como ferramenta diplomática em 2010, após um incidente entre um arrastão chinês e embarcações de patrulha japonesas perto de ilhas controladas pelo Japão e reivindicadas pela China. A detenção do capitão e da tripulação pelo Japão gerou um confronto diplomático e interrupções no fornecimento de terras raras para empresas japonesas. A China negou ter usado essa ferramenta, mas o incidente expôs a fragilidade da cadeia de suprimentos japonesa.

Estratégias para Reduzir a Dependência

Após mais de uma década, o Japão começou a tomar medidas para reduzir sua dependência. Em 2023, o órgão governamental japonês, Jogmec, e a Sojitz investiram mais de 200 milhões de dólares australianos na Lynas, uma empresa que recentemente começou a produzir disprósio e térbio, com até 65% destinados ao Japão.

Adicionalmente, a Jogmec e a empresa de energia Iwatani anunciaram um investimento de 110 milhões de euros em uma subsidiária da francesa Carester para apoiar um projeto que pode suprir um quinto da demanda japonesa por disprósio e térbio. O Japão também planeja aumentar a produção de ímãs de neodímio, desenvolver ímãs com menores quantidades de terras raras e intensificar a reciclagem.