Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Toulouse, na França, aponta que os seres humanos podem inalar diariamente quantidades surpreendentes de partículas de microplástico. Os resultados da pesquisa foram divulgados no dia 30 de julho, em artigo publicado na revista PLOS One.
Uma vez presentes no ar, os microplásticos atuam como vetores de Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), substâncias altamente nocivas e tóxicas. A exposição humana a esses compostos já foi associada ao aumento de doenças neurodegenerativas, como o Parkinson.
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A nova investigação teve como foco o contato com partículas plásticas em ambientes internos, como apartamentos e carros. No total, foram coletadas 16 amostras de ar, analisadas com uma técnica conhecida como espectroscopia Raman — que permite identificar e medir a concentração de microplásticos suspensos no ar.
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“As pessoas passam, em média, 90% do seu tempo em ambientes fechados, incluindo casas, locais de trabalho, lojas, meios de transporte etc., e durante todo esse tempo estão expostas à poluição por microplásticos via inalação, sem nem mesmo pensar nisso”, destacaram ao EurekAlert Nadiia Yakovenko e Jeroen E. Sonke, cientistas envolvidos no estudo.
Pequenas partículas em grandes quantidades
As análises revelaram que as amostras coletadas em apartamentos apresentaram uma concentração média de 528 partículas de microplástico por metro cúbico. Nos veículos, esse número saltou para 2.238 partículas por metro cúbico.
Os dados finais também mostraram que 94% das partículas analisadas tinham menos de 10 micrômetros de largura — tamanho suficiente para penetrar nos pulmões uma vez inaladas.
A equipe da universidade francesa estimou que adultos inalam aproximadamente 71 mil partículas de microplástico todos os dias, sendo que cerca de 68 mil delas têm menos de 10 micrômetros.
“O que mais nos surpreendeu foi a quantidade de microplásticos presentes no ar de ambientes que consideramos seguros e familiares. Frequentemente associamos a poluição plástica a oceanos ou áreas industriais, mas nossas descobertas mostraram que o ambiente interno cotidiano pode ser uma importante fonte de exposição humana”, pontuaram os especialistas.
Fontes de microplástico em cada ambiente
Os autores do estudo destacaram que a presença elevada de microplásticos no ar doméstico ocorre principalmente devido à degradação de objetos plásticos como carpetes, cortinas, tintas e tecidos.
No caso dos veículos, a exposição às partículas se deve, em grande parte, à presença de materiais como painéis, estofados e carpetes, em um espaço pequeno e fechado.
“Esses materiais podem liberar minúsculas partículas de plástico ao longo do tempo, especialmente devido à radiação solar, atrito, calor e uso diário. Ao contrário das casas, as cabines dos carros costumam ter ventilação limitada, permitindo que as partículas de microplástico se acumulem e se concentrem no ar”, explicam Yakovenko e Sonke.
Confira o estudo na íntegra na revista PLOS One.
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