Brasileiros que querem estudar nos Estados Unidos agora tem uma preocupação a mais: a análise das suas redes sociais pelas autoridades americanas, que desde junho obrigam aqueles que querem um visto de estudante – vistos F, M e J – a deixar seus perfis públicos.
A análise da atividade nas redes inclui o monitoramento de conteúdos considerados sensíveis, como publicações que manifestem apoio a organizações classificadas como terroristas, discursos antissemitas ou críticas à política externa dos Estados Unidos. O objetivo é identificar inconsistências nas declarações dos solicitantes de vistos e possíveis riscos à segurança nacional.
Mas será que é possível driblar ou “melhorar” seus perfis antes de serem avaliados? Para tentar entender as melhores práticas nesse sentido, o InfoMoney conversou com três especialistas em imigração e redes sociais. Veja abaixo.
Apagar posts, comentários e deixar de seguir pessoas adianta?
Especialistas apontam que as redes sociais devem conversar com a aplicação feita por quem está aguardando o visto. “Uma declaração é feita junto com o pedido de visto, e tudo que for declarado tem que conversar com suas redes sociais, então é importante não haver nada conflitante”, explica João Finamor, professor de Marketing Digital e Mídias Sociais da ESPM.
Para Finamor, uma varredura em postagens, sobretudo no feed, relacionadas a guerras – como Gaza – e política podem ser positiva.
“Outro tipo de postagem que pode valer apagar está relacionada a sentimento de cansaço com o seu país de origem. ‘Cansado daqui’ ou ‘Quero ir embora’ podem levar os avaliadores a pensar que você pretende ficar nos EUA e isso pode te prejudicar”, complementa.
O advogado Vinicius Bicalho, membro da American Immigration Lawyers Association (AILA), orienta que os estudantes façam uma revisão criteriosa de suas redes sociais antes de iniciar o processo de solicitação do visto. “Publicações antigas, curtidas e até comentários descontextualizados podem ser interpretados de forma negativa pelas autoridades consulares”, destaca Bicalho.
Já para Alexandre Marquesi, professor de Mercado e Comportamento Digital da ESPM, não adianta querer “enganar” as autoridades americanas. “Os rastros são claros nas redes sociais, quem é você já está ali. Então a melhor conduta é, se perguntado, você explicar quem você é, da melhor forma. Se questionarem seu posicionamento político, deixe claro que aquilo é apenas uma opinião”, explica.
Marquesi desaconselha apagar posts. “Se for entendido que você está escondendo algo, isso pode ser entendido como estranho. Isso será questionado e atestará contra você”, afirma.
Impacto nos processos de imigração
Desde junho deste ano os EUA passaram a exigir que estudantes estrangeiros, inclusive brasileiros, forneçam acesso às suas redes sociais como parte do processo de solicitação de visto. A diretriz de manter todos os perfis de redes socias abertos (públicos) vale para os vistos F, M e J – destinados a programas acadêmicos, técnicos e de intercâmbio – e passou a ser aplicada com a retomada das entrevistas consulares neste mês.
A revisão de redes sociais pode impactar diretamente os processos de imigração. “Já acompanhamos casos de clientes que tiveram o visto negado por participarem de grupos online ligados à imigração ilegal”, alerta o Dr. Bicalho. Além disso, qualquer atividade que contrarie as permissões do visto pode gerar complicações futuras, dificultando a permanência legal no país.
Segundo Bicalho, esse tipo de verificação é realizado desde 2019. A diferença agora é que, agora em casos considerados sensíveis – como de políticos ou pessoas públicas –, a exigência é obrigatória para todos os solicitantes desses tipos de visto.
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