Estresse, tecnologia e veneno: como Nova York pretende vencer a infestação de ratos

Há décadas, Nova York trava uma guerra declarada contra seus habitantes mais indesejados: os ratos. Presentes permanentemente na paisagem urbana da metrópole, os roedores agora enfrentam uma estratégia multifacetada que combina tecnologia, controle social e até estresse alimentar como arma biológica.

Com cerca de 8,5 milhões de habitantes, a cidade é um prato cheio para os ratos: restos de comida nas ruas, lixeiras transbordando e alimentos deixados para pombos criam o ambiente ideal para a proliferação. Mas as autoridades decidiram cortar o problema pela raiz — ou, melhor, pelo estômago.

Segundo Caroline Bragdon, diretora de Intervenções Comunitárias dos Serviços de Controle de Pragas de Nova York, a escassez de comida gera estresse nos ratos, o que pode impactar diretamente sua taxa de reprodução. Um único rato precisa de 28g de comida e a mesma quantidade de água por dia. Já uma fêmea pode gerar até 84 filhotes ao longo da vida.

“Reduzir o acesso ao alimento é uma forma de quebrar o ciclo reprodutivo desses animais”, explica Bragdon à AFP.

Do monóxido ao app

Além de injeções de monóxido e dióxido de carbono em tocas para sufocar os ratos, a prefeitura investe em métodos como:

  • Contraceptivos para roedores
  • Fechamento de buracos em prédios
  • Campanhas de conscientização para a população
  • Treinamentos com administradores de imóveis
  • App de mapeamento de focos de infestação, usado por 70 inspetores da cidade

Essas ações fazem parte de um projeto-piloto no Harlem, que busca testar o que há de mais eficaz no controle integrado de pragas urbanas.

O plano de combate aos ratos ganhou reforço orçamentário. O prefeito Eric Adams destinou mais de US$ 32 milhões (R$ 176 milhões) à limpeza urbana no próximo ano fiscal — US$ 4,7 milhões (R$ 26 milhões) voltados exclusivamente ao controle de roedores.

O esforço já apresenta resultados: em 2024, as queixas por infestação caíram 25% em relação ao ano anterior. No bairro chinês de Manhattan, a população de ratos foi significativamente reduzida, segundo autoridades.

A expectativa da prefeitura é transformar 2025 no ano da virada na guerra urbana contra os roedores.

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