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Do gráfico à pista: traders testam limites da alta performance

Decidir com precisão em milésimos de segundo. Controlar potência, medir riscos, manter a calma em alta velocidade, parece até uma corrida, mas também é trading. Com essa premissa, a Clear Corretora promoveu um evento que conectou performance no mercado e na pista.

Homologado pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e pela CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), o Autódromo Velocitta, foi o cenário ideal para que 50 clientes vivenciassem essa conexão entre o universo do trading e o do automobilismo — acelerando carros de alta performance sob orientação profissional.

E todos concordaram: pilotar um carro de corrida e operar o mercado exigem muito mais do que técnica — exigem preparo mental, gerenciamento e autoconhecimento.

“Cada segundo que a gente hesita ali na tela faz toda a diferença para um bom resultado ou um mau resultado”, disse Jonathan de Souza, após descer do carro. A analogia entre os dois mundos foi o ponto central do encontro, que convidou os traders a refletirem sobre como agem sob pressão e o que determina sua performance nos momentos mais críticos.

A arte da decisão em segundos

“Com certeza, em segundos faço ‘n’ análises, olho o contexto do ativo que estou esperando, indicadores. Mas como piloto, é muito treino de tela. O mercado é imprevisível”, comparou Rodolfo Silva Pinto.

A necessidade de agir rápido, mas com convicção, apareceu em todas as falas. “A paciência é ponto-chave para ter sucesso no trade”, completou Jonathan, destacando que, muitas vezes, não operar é a melhor decisão — assim como frear na curva certa.

Para Isaque Pizani, a semelhança é brutal: “Uma decisão errada em milésimo de segundo atrasado faz toda a diferença. No mercado, se você vacilar, perde a entrada e o mercado já andou.”

Evento Clear autódromo Velocitta – carros no box com os clientes se preprando para darem as suas voltas (Imagem: Bruno Nadai)

Gerenciar risco é o que mantém vivo

Tanto na pista quanto na Bolsa, saber quando acelerar e quando segurar é o que separa amadores de profissionais. “Gerenciamento no trade é o que mantém o trader vivo no mercado. E o psicológico influencia muito no resultado”, afirmou Jonathan.

A analista e trader Mari Damaceno reforçou que o ambiente também conta. “Todo momento a gente está se colocando numa situação de risco, só que um risco altamente controlado. Se a gente não tem o mínimo de estrutura, aí sim estamos expostos ao risco invisível. No mercado é igual”, pontuou.

Luiz Moreira, com mais de 20 anos de mercado, disse que só sobreviveu graças a esse pilar. “Já tive momentos de grandes perdas, mas nunca quebrei porque aprendi a gerenciar o risco”, relatou. Para ele, o mercado é igual uma pista, se você não souber gerenciar, não sobrevive.

“O risco é muito grande. É você controlar 600 cavalos e 600 contratos”, disse João Paulo Vicentin. Segundo ele, hesitar pode comprometer todo o resultado. “A hora que as confluências aparecem, a tomada de decisão tem que ser rápida. Você tem que entrar com assertividade e parar quando bate a meta”, avaliou.

Evento Clear autódromo Velocitta – Explicação detalhada sobre as curvas do autódromo (Imagem: Flávio Santana)

O tripé da performance

“Um trader é um profissional de alta performance. Tem que levar em conta todas as variáveis: o ambiente, o emocional e o mercado. Nem todo cenário é para o seu perfil operacional”, analisou Rodolfo.

Para Patrícia Tanaka, o maior desafio é emocional. “A gente precisa estudar muito para saber a hora exata de entrar ou sair. O emocional pesa demais, principalmente quando queremos mais um trade mesmo sabendo que já deu”, avaliou.

Valdir Resende, que se considera ainda em formação, resumiu bem o desafio. “No veículo você tem 99% de chance de que o freio vai funcionar. No clique, o dedo não te obedece. Ele vai continuar clicando”, disse.

Evento Clear autódromo Velocitta – Lucas Freitas e Gabriel Marçon, dois dos quatro pilotos que levaram os traders a adrenalina máxima (Imagem: Bruno Nadai)

Encontrar o próprio traçado

Cada trader que correu no Velocitta destacou o processo de se conhecer no mercado. “Eu fui fazendo um detox de tudo que já tinha visto e foquei numa estratégia simples”, explicou Jonathan. “A gente precisa encontrar conforto no desconforto. E só com autoconhecimento dá pra operar com consistência”, completou Mari.

Isaque reforçou o equilíbrio. “Alinhando técnica, gerenciamento e comportamento. Se os três não estiverem alinhados, dificilmente você terá sucesso”, ponderou Para Patrícia Tanaka, encontrar o próprio traçado no mercado é um processo contínuo, que exige dedicação e paciência: “Eu sou nova ainda, então meu traçado é estudar muito e ter tempo de tela. Não tem jeito, é treino diário”, concluiu.

Evento Clear autódromo Velocitta – cliente no cockpit (Imagem: Flávio Santana)

Confiar no freio ou ficar longe do botão?

Na pista, o desafio era confiar no equipamento. No trading, o obstáculo é confiar em si mesmo para não agir no impulso. A reflexão proposta aos participantes sobre o que seria mais difícil — confiar no freio ou manter o dedo longe do botão — revelou o quanto os dois mundos se cruzam no campo mental e comportamental.

Mari Damaceno contou o que mais temeu: “Pra mim, confiar no freio. Tanto é que eu não acelerei o que eu poderia. A gente tinha um carro aqui com 600 cavalos, e o pessoal estava chegando a 180 na reta. Eu não cheguei. Cheguei a 160 porque me dá maior medo de confiar no freio, de se eu demorar um pouco a mais do que eu deveria pra frear”, admitiu.

Rodolfo Silva Pinto também sentiu o impacto da velocidade. “Eu acho que confiar no freio a 200 km/h… aquilo você não tem vivência, você não confia. Pode surgir medo, ansiedade, estresse”, relatou.

Evento Clear autódromo Velocitta – traders reundos e atentos as falas de Beatriz Lino, head de Renda Variável da Clear e Roberto Indech, head de Relações Institucionais da XP Inc. (Imagem: Bruno Nadai)

Mas se na pista o desafio era lidar com a potência, na tela a batalha era conter o impulso. Patrícia Tanaka respondeu sem hesitar. “Ficar longe, quilômetros de distância do botão”, reforçou.

Jonathan de Souza concordou, reforçando que os dias ruins colocam o autocontrole à prova. “Manter o dedo longe do botão, com certeza. Não operar é o mais difícil, principalmente nos dias ruins. Nos dias ruins, a gente quer ficar ali”, completou.

Na mesma linha, Luiz Moreira destacou o risco do viés emocional. “Meu dedo longe do botão é mais difícil, principalmente quando você está numa operação enviesado. Aí você tem que tentar ao máximo trabalhar sem viés, porque o mercado é muito dinâmico. Às vezes ele começa por um lado e volta”, ressaltou.

Evento Clear autódromo Velocitta – carros posicionados para os clientes pilotarem (Imagem: Bruno Nadai)

Curvas que ensinam

“O mercado é como o mar: tranquilo não forma marinheiro experiente”, disse Isaque. Mari Damaceno completou: “Evitar o risco me expunha a um risco ainda maior: o de não fazer nada. Foi na curva que entendi o papel do freio”, refletiu.

“As curvas do mercado me ensinaram a ser mais paciente. O mercado de ontem não é o mesmo de semana passada e nem de hoje. Ele sempre terá algo a ensinar”, destacou Rodolfo.

Para Luiz Moreira, as curvas ensinaram resiliência e disciplina. Já João Paulo Vicentin foi direto. “Na vida, altos e baixos. É quando você está na baixa que você aprende”, concluiu.

“Acho que é o maior aprendizado que eu tive como trader iniciante: foi justamente sobre risco. Sobre o risco que eu corria ao achar que eu não corria risco algum. Não existe nada que a gente faça na vida isento de risco, a questão é sempre como a gente gerencia ele”, finaliza Mari Damaceno.

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