Para comprar um carro usado, dar entrada em um financiamento ou bancar aquela viagem dos sonhos, seja qual for o objetivo, juntar R$ 30 mil em apenas um ano pode parecer uma meta ousada. Mas quem decide perseguir esse valor precisa, antes de tudo, entender que não há fórmula mágica: o plano deve ser personalizado, de acordo com a realidade financeira de cada um.
Antes mesmo de definir metas de valor e prazo, é essencial fazer um verdadeiro raio-X das finanças pessoais. Mapeamento de todas as fontes de renda, levantamento de gastos fixos e variáveis, revisão de despesas cortáveis e, principalmente, identificação de dívidas em aberto compõem esse processo.
Essa é a orientação de Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos. “O ponto de partida deve ser sempre a vida real da pessoa. Nenhum planejamento de poupança pode ignorar a existência de dívidas, especialmente aquelas com juros altos.”
Quanto guardar por mês sem se sabotar
Com as contas organizadas, chega a hora de estabelecer um valor mensal que possa ser poupado com constância. A recomendação de Patzlaff é guardar 20% da renda líquida, seguindo a regra 50/30/20: metade da renda para necessidades essenciais, 30% para desejos e 20% para investimentos e economia.
Embora pareça tentador guardar mais para atingir o objetivo mais rápido, o exagero pode ser perigoso. Tentar poupar 50% ou mais da renda exige mudanças drásticas no estilo de vida e pode provocar um “efeito sanfona financeiro”, em que a pessoa economiza muito por alguns meses e depois perde o controle.
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“Um plano pé no chão, com cortes sustentáveis e espaço para algum lazer, tem mais chance de sucesso no longo prazo”, diz o planejador financeiro. Ainda assim, nem todas as faixas de renda permitem poupar R$ 30 mil em apenas 12 meses sem comprometer a saúde financeira.
A partir de uma renda mensal de R$ 12.145,00 (o equivalente a cerca de oito salários mínimos), é possível guardar aproximadamente R$ 2.429,00 por mês e atingir a meta dentro do prazo. Esse é um patamar que garante uma poupança de 20% da renda, sem comprometer gastos essenciais.
Para quem está abaixo dessa faixa, a recomendação é manter o foco, mas adaptar o plano: dividir a meta em prazos maiores ou estabelecer valores menores de partida.
Investimentos ideais para metas de curto prazo
Com a taxa Selic elevada, ativos de renda fixa se tornam a opção mais vantajosa para quem busca segurança e rentabilidade em 12 meses. Há, por exemplo, CDBs com rentabilidade acima de 100% do CDI, Tesouro Selic e fundos DI com taxas baixas devem ser priorizados.
Também é possível diversificar com LCIs e LCAs, que são isentas de imposto de renda, ou fundos de crédito privado com perfil conservador e liquidez de até 30 dias.
A pedido do InfoMoney, Patzlaff simulou como chegar ao montante de R$ 30 mil em um ano, considerando os ativos acima. Veja a seguir:
Investimentos mais arrojados, como ações, criptomoedas ou fundos multimercado de alta volatilidade, não são recomendados pelo especialista. O risco de perdas no curto prazo pode comprometer todo o esforço de quem está economizando com disciplina.
E se não for possível bater a meta em um ano?
Fracassar em atingir os R$ 30 mil em 12 meses não significa que o plano falhou. Segundo Jeff, essa é uma percepção equivocada. Dividir a meta em etapas menores, como juntar R$ 10 mil em seis meses, pode ajudar a manter o engajamento e criar espaço para ajustes.
Também vale adotar um planejamento progressivo, iniciando com aportes menores e aumentando gradualmente conforme os hábitos se consolidam ou a renda aumenta. Na simulação abaixo, o planejador financeiro considerou um plano de poupança para rendas menores, entre um e sete salários mínimos mensais, reservando 20% do orçamento:
Segundo ele, mais do que números, juntar dinheiro é uma questão de comportamento e alinhamento com os próprios valores. Além disso, ter um objetivo claro — como conquistar independência financeira, financiar um projeto pessoal ou realizar um sonho — torna o processo mais tangível e emocionalmente sustentável.
“Criar um propósito para essa poupança, visualizar o motivo pelo qual você quer juntar os R$ 30 mil, torna a jornada mais concreta. O planejamento funciona melhor quando está alinhado com seus valores e desejos reais, e não com metas genéricas impostas de fora”, diz o planejador.
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