As redes sociais trouxeram grandes transformações, que incluem a forma como as pessoas se comunicam, como consomem notícias, como mostram quem são e até como fazem compras. Mas nem sempre foi assim. O que hoje parece natural – curtir, comentar, compartilhar e postar em tempo real – é resultado de uma mudança profunda que começou no fim dos anos 90, quando a internet ainda engatinhava como “espaço de convivência”. De sites simples com listas de amigos próximos, as redes evoluíram para plataformas que concentram bilhões de usuários e moldam o comportamento de gerações inteiras.
Os primeiros passos foram dados por plataformas como o SixDegrees.com, que já oferecia perfis e conexões sociais em 1997. Mas foi nos anos 2000 que a virada realmente aconteceu. Redes como o Orkut e o MySpace abriram caminho para novas formas de socialização online, mais públicas e mais constantes. A partir daí, tudo se acelerou: o Facebook reinventou o feed e fortaleceu as interações online; o YouTube permitiu que qualquer pessoa gravasse e publicasse vídeos; e o WhatsApp revolucionou a comunicação ao permitir diálogos digitais de forma frenética. Nas linhas a seguir, entenda como tais plataformas surgiram, veja como evoluíram e o que ainda está por vir nesse universo que já é parte intrínseca da rotina de muita gente.
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A seguir, saiba mais sobre o surgimento e a evolução das redes sociais; entenda, ainda, o que se espera para o futuro dessas plataformas
Reprodução/Shutterstock
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1. Como surgiram as redes sociais
O conceito de redes sociais digitais surgiu oficialmente no fim da década de 1990, quando a Internet começava a se popularizar entre usuários comuns e deixava de ser um espaço técnico, restrito a universidades e instituições. A ideia era simples, mas revolucionária: criar ambientes online em que pessoas pudessem se conectar, compartilhar informações e formar comunidades a partir de vínculos pessoais, profissionais ou interesses em comum. O primeiro grande experimento nesse sentido foi o SixDegrees.com, lançado em 1997. A plataforma permitia que os usuários criassem perfis pessoais, adicionassem amigos e interagissem com suas redes de contato. O nome fazia referência à teoria dos “seis graus de separação”, que sugere que qualquer pessoa está conectada a outra por, no máximo, seis intermediários. Embora tenha encerrado suas atividades em 2001, o SixDegrees é considerado o primeiro site de rede social moderna, por reunir as funções que seriam retomadas e aprimoradas nos anos seguintes.
No início dos anos 2000, surgiram outras plataformas que refinaram esse modelo. O Friendster, de 2002, focava em conexões entre amigos e recomendação de contatos. Em seguida, o LinkedIn, lançado em 2003, adotou uma abordagem voltada para o ambiente profissional, conectando pessoas com base em suas experiências de trabalho. No mesmo ano, nasceu o MySpace, que se destacou por dar mais liberdade de personalização e atrair especialmente músicos e jovens em busca de expressão online. O sucesso dessas redes mostrou que a internet poderia ir além da simples navegação e se tornar um espaço ativo de convivência social. Essas plataformas abriram caminho para o surgimento das redes sociais como conhecemos hoje. Elas estabeleceram os pilares fundamentais: perfis individuais, listas de amigos, interações em tempo real e personalização de conteúdo. Ainda que cada uma seguisse um estilo diferente, todas partiam do mesmo objetivo central – aproximar pessoas por meio de uma nova lógica de conexão: digital, imediata e global.
2. Como eram as primeiras redes sociais
As primeiras redes sociais tinham uma proposta bastante diferente das plataformas utilizadas hoje. Elas eram mais simples, com foco em conexões entre pessoas conhecidas – nada de algoritmos, conteúdo viral ou influenciadores. A ideia central era digitalizar os vínculos sociais existentes, permitindo que os usuários criassem perfis, adicionassem amigos e trocassem mensagens dentro de um espaço fechado e bem delimitado. O Friendster, já citado anteriormente, foi uma das primeiras redes a ganhar destaque. Seu funcionamento era baseado em círculos de amizade: você podia visualizar o perfil de amigos e amigos de amigos, além de receber sugestões de novas conexões. A proposta parecia promissora, mas o sistema enfrentava lentidão e instabilidade – fatores que fizeram muitos usuários migrarem para plataformas mais ágeis pouco tempo depois.
Na sequência, o LinkedIn entrou no ar em 2003 com um foco totalmente diferente: conectar profissionais com base em seus currículos e experiências. Foi a primeira grande rede voltada ao mercado de trabalho, e até hoje mantém essa identidade. Ainda em 2003, surgiu o MySpace, que levou o conceito de rede social a outro patamar. Além das conexões pessoais, a plataforma incentivava a criação de páginas personalizadas com fotos, músicas, blogs e playlists. Era um espaço de autoexpressão e criatividade, especialmente entre jovens e músicos independentes. Durante anos, o MySpace foi a rede social mais acessada do mundo – e ajudou a moldar a cultura digital de toda uma geração.
Nesse contexto inicial, as redes sociais eram muito mais voltadas para perfis estáticos e relacionamentos diretos. O conteúdo compartilhado era quase sempre produzido pelos próprios usuários (nada de marcas ou vídeos patrocinados). As interações eram mais simples e limitadas, mas já mostravam o enorme potencial de transformar a internet em um ambiente social e colaborativo. Essas plataformas abriram caminho para o surgimento de redes mais sofisticadas e integradas. Elas ensinaram o mercado de tecnologia que as pessoas estavam dispostas a compartilhar suas vidas online e que, se bem construído, esse ambiente digital poderia se tornar parte do cotidiano.
3. A evolução das redes sociais nos anos 2000
Os anos 2000 marcaram uma virada definitiva no papel das redes sociais. Se, até então, elas eram espaços de perfil e conexão entre amigos, a partir dessa década passaram a concentrar cada vez mais funções: comunicação instantânea, compartilhamento de conteúdo, entretenimento, debates e até atividades comerciais. Foi nessa fase que surgiram as primeiras redes com alcance realmente global – e com impacto direto no comportamento de milhões de usuários. Um dos marcos mais importantes foi o lançamento do Facebook, em 2004. Inicialmente restrita a estudantes de Harvard, a rede se expandiu rapidamente para outras universidades e, depois, para o público em geral. Diferente de plataformas anteriores, o Facebook trouxe um design mais limpo, navegação estruturada em um feed contínuo e uma série de recursos que incentivavam o engajamento, como o botão “curtir”, que virou referência em diversas outras plataformas.
No início, Facebook era restrito a estudantes
Mariana Saguias/TechTudo
Enquanto isso, redes como o Orkut ganhavam popularidade em países como o Brasil e a Índia. O Orkut introduziu elementos que marcaram época, como os depoimentos públicos, comunidades temáticas e a contagem de fãs e amigos. Outro ponto de transformação foi o aumento da conectividade. Com a expansão da banda larga e, posteriormente, dos smartphones, os usuários passaram a acessar as redes sociais com mais frequência e em diferentes momentos do dia. Isso favoreceu a criação de novos formatos de conteúdo, como fotos em tempo real, vídeos caseiros e status atualizados com frequência. O uso da internet se tornava cada vez mais social e as redes deixavam de ser apenas plataformas para se tornarem parte da rotina online.
Orkut ganhou fama a partir de recursos como depoimentos públicos, comunidades temáticas e a contagem de fãs e amigos
Reprodução/Orkut
Desse modo, esse período consolidou a ideia de que as redes sociais não serviam apenas para manter contato com amigos, mas para acompanhar notícias, descobrir tendências, expressar opiniões e consumir conteúdo de maneira contínua. Foi o início da era do scroll “infinito”, da viralização e da cultura do compartilhamento, conceitos que definiriam a próxima fase das redes e moldariam o ambiente digital que os usuários utilizam até hoje.
4. A história do Facebook, YouTube, Instagram e WhatsApp
As redes sociais que dominam o cenário digital atualmente surgiram em momentos distintos, mas com um objetivo comum: transformar a maneira como os usuários se comunicam e compartilham conteúdo. O Facebook, criado por Mark Zuckerberg durante seus estudos na Universidade de Harvard, começou como uma rede restrita ao meio acadêmico – até então chamada de Facemash. A ideia inicial era simples: conectar estudantes. Mas o crescimento foi rápido. Em 2006, a plataforma foi aberta ao público e passou a se expandir globalmente. O Facebook introduziu digitalmente uma lógica de feed contínuo, com foco em atualizações de amigos, fotos e interações em tempo real. Com o tempo, se transformou em um verdadeiro ecossistema digital: ele abriga grupos, páginas comerciais, anúncios… Hoje, é uma das plataformas mais usadas do mundo, mesmo com a ascensão de redes mais recentes.
Atualmente, Facebook é uma das plataformas mais usadas do mundo
Mariana Saguias/TechTudo
O YouTube, que nasceu em 2005, surgiu com uma proposta diferente: ser um espaço para compartilhar vídeos de forma simples e acessível. Criado por Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim, em pouco tempo ele virou a principal plataforma de conteúdo audiovisual da internet. Seu grande diferencial foi permitir que qualquer pessoa publicasse vídeos, desde tutoriais e músicas até vlogs e conteúdos humorísticos. Com a compra pelo Google em 2006, a plataforma se profissionalizou ainda mais, integrando anúncios, monetização para criadores e transmissões ao vivo. A plataforma transformou a lógica do entretenimento digital e abriu espaço para o surgimento de uma nova geração de influenciadores.
YouTube nasceu como uma maneira simples e acessível de compartilhar vídeos
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Já o Instagram, lançado em 2010 como um aplicativo para compartilhar fotos com diferentes possibilidades de filtros e em formato quadrado (fazendo referência às câmeras Kodak Instamatic e Polaroid), conquistou rapidamente uma base fiel de usuários. Ele foi criado por Kevin Systrom e Mike Krieger, com a proposta de unir estética, simplicidade e instantaneidade. A plataforma trouxe, ainda, a popularização das hashtags, juntamente com o X (antigo Twitter). Tais marcações permitem descobrir fotos compartilhadas por outras pessoas com temáticas específicas. Em 2012, foi comprado pelo Facebook (hoje Meta), o que acelerou sua expansão.
Com o tempo, o Instagram incorporou novos formatos, como os Stories (inspirados no Snapchat), vídeos curtos (Reels), transmissões ao vivo e ferramentas para criadores e marcas. A rede social ajudou a consolidar a cultura da imagem na web e transformou a maneira como os usuários lidam com estilo de vida, moda, viagens, gastronomia, entre outras tendências. Hoje, conta com aproximadamente 2 bilhões de usuários ativos.
Instagram chegou chamando atenção pelas fotos em formato quadrado e diferentes possibilidades de filtros
Mariana Saguias/TechTudo
O WhatsApp também faz parte da lista: o mensageiro foi criado em 2009 pelo ucraniano Jan Koum, como uma alternativa simples e eficiente aos SMS “Short Message Service). Seu crescimento foi explosivo, especialmente em países como o Brasil, onde virou o principal meio de comunicação digital. Em 2014, o app também foi adquirido pela Meta, o que permitiu diversas melhorias. Com recursos como mensagens de voz, chamadas em vídeo, grupos, figurinhas e, mais recentemente, canais e pagamentos, o WhatsApp deixou de ser apenas um app de mensagens e passou a ocupar um papel central na comunicação pessoal e profissional.
Além de trocas de mensagens rápidas, WhatsApp conta com diversos outros recursos, como mensagens de voz, chamadas em vídeo, canais e pagamentos
Mariana Saguias/TechTudo
5. O futuro das redes sociais
As redes sociais vieram pra ficar, mas estão em processo de transformação. Isso porque muitos usuários passaram a repensar sua relação com os algoritmos e com a exposição constante e até com a privacidade, uma virada de comportamento que está moldando o futuro das redes. Uma das principais tendências é a descentralização. Aplicativos como o Bluesky cresceram com a proposta de oferecer menos controle de grandes empresas e mais autonomia para os usuários. Nesses espaços, as interações são menos impulsionadas por publicidade e mais voltadas para comunidades com interesses em comum.
Outra mudança importante é o avanço da inteligência artificial na personalização de conteúdo. A IA já atua nos bastidores dos algoritmos há muito tempo, mas agora começa a aparecer de forma mais visível, com ferramentas que criam imagens, textos, vídeos e até filtros personalizados. Isso promete facilitar a produção de conteúdo, mas também levanta debates sobre autenticidade, manipulação e impacto na linguagem.
Além disso, cresce a demanda por redes mais seguras e transparentes, que priorizem o bem-estar digital. A busca por espaços com menos ruído, menos comparações e mais controle sobre o que é visto ou compartilhado está se intensificando. O sucesso de redes sociais com foco em autenticidade, como o BeReal, e o ressurgimento de fóruns e comunidades menores, mostra que parte dos usuários prefere interações mais íntimas, honestas e menos voltadas ao engajamento público. Dessa maneira, espera-se que o futuro das redes sociais seja marcado por diversidade de formatos, integração com novas tecnologias e, principalmente, por uma tentativa de reequilibrar a experiência online.
Com informações de Telefónica, Marketing4eCommerce e Medium
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