Há duas principais formas de a Inteligência Artificial (IA) impulsionar um empreendimento: uma é dando agilidade ao negócio, melhorando a eficiência; a outra é permitir fazer coisas que nunca foram feitas antes, como criar um produto ou serviço inovador do zero.
No caso da NotCo, empresa que fabrica alimentos à base de plantas, o uso da IA própria, chamada Giuseppe, revolucionou a elaboração de novos produtos. O que antes levava 8 meses — como a elaboração do conceito de um novo produto — agora chega a levar 8 minutos para ser feito.
“É quase o substituto de um gerente de produtos”, conta André Weinmann, presidente da NotCo, durante o painel “Como empreender e crescer na era da IA”, realizado nesta sexta-feira (25) na Pop Up InfoMoney na Expert XP 2025.
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Segundo Weinmann, contudo, não adianta simplesmente jogar comandos na IA, é preciso “ter conteúdo”. “Prompts mais robustos geram produtos melhores. Mas aqui eu só mexo na parte do conceito, onde tenho experiência; quem mexe com ingredientes são os chefs e engenheiros de alimentos da equipe”, alerta o executivo.
Ele conta ainda que o negócio — que era para ser focado no B2B e acabou indo para o B2C — já nasceu como uma empresa de IA, “misturando moléculas” em vez de ingredientes, como no “modo analógico de desenvolver produtos”.
“Há 10 anos, quando a empresa nasceu, todos nos acharam marcianos porque isso não existia”, relembra. A Giuseppe tem, atualmente, cerca de 8 mil ingredientes e mais de 3 mil fornecedores cadastrados na plataforma de IA.
Outro caso apresentado no painel é o do Grupo Stefanini, multinacional brasileira de tecnologia hoje presente em 41 países, que adotou a IA há 14 anos, ao criar uma vertical de negócios focada em transformação digital.
“Começamos quando ninguém falava de IA. Tivemos um aprendizado grande antes do ChatGPT, que veio com um motor mais potente e popularizou a IA. É um acelerador do negócio. Todas as nossas verticais são aceleradas por IA hoje”, explica o fundador e CEO, Marco Stefanini. Segundo ele, hoje são mais de 9 mil prompts desenvolvidos pela equipe de IA da empresa.
Segundo os dois executivos, os KPIs utilizados para medir ganhos dependem do ambiente. “Descentralizamos iniciativas, mas centralizamos ambiente. Estratégia foi aplicada aos poucos. Este ano é o que chamamos de escalar. Não adianta usar se não vai gerar negócio. Tem que experimentar, implementar e escalar — com cuidado para escalar. KPI tem que medir o que interessa”, complementa Stefanini, contando que hoje a empresa leva 2 meses para desenvolver um produto que, sem a IA, levava o dobro do tempo.
Na NotCo, o indicador usado é a velocidade de implementação. “Fizemos chocolate em 5 meses e sorvete em 6 semanas”, pontua Weinmann. Segundo ele, hoje a companhia é a “única empresa do mundo que consegue fazer desenvolvimento do início ao fim” com a IA, desde o desenvolvimento do conceito até o produto na gôndola.
Ainda de acordo com o presidente da NotCo, a IA contribui muito para a inovação e para outras empresas embarcarem em novas tendências de consumo, como a busca por “produtos mais saudáveis”.
“Aprendemos que todo mundo quer consumir coisa saudável, mas se não for gostoso, não vai comer”. É o que a empresa vem fazendo com grandes empresas alimentícias com as quais existem projetos, como a Pepsico, exemplifica o executivo.
Para Marco, da Stefanini, mesmo as indústrias que estão mais distantes do consumidor e do mundo digital, como a mineração, podem se beneficiar da IA. Ele conta o caso da Vale, que, com a ajuda da Stefanini, conseguiu desenvolver um sistema capaz de detectar “em segundos” vazamentos no mineroduto — o que antes poderia levar horas ou mesmo semanas por conta da sua grande extensão.
“Hoje, através de automação e inteligência artificial, é possível detectar em segundos um vazamento que levaria semanas para identificar. Com isso, o estrago é menor e o ganho na imagem é maior”, observa o CEO da Stefanini.
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