Com 78 mil anos, raríssimas pegadas de família neandertal são achadas em praia

Publicado no último dia 3 de julho, um artigo da revista científica Scientific Reports trata de um achado inusitado em Portugal: enquanto caminhava com a esposa geógrafa Yilu Zhang, o geólogo Carlos Neto de Carvalho encontrou pegadas de neandertal na rocha do Monte Clérigo, no sul do país. Cinco trilhas com 26 pegadas de 78.000 anos foram confirmadas no local, encontrado pelo casal em março de 2020.

Pegadas fossilizadas de hominídeos do passado são raras, e as de neandertais, raríssimas, já que são muito parecidas com as de humanos. Nesse caso, é sabido que a espécie prima deixou os rastros porque os Homo sapiens ainda não haviam chegado na região à época — acredita-se que só saímos da África há cerca de 50.000 anos.

Pegadas de neandertal em Portugal

Apenas 6 pares de pegadas de neandertal foram encontrados anteriormente, e, após o achado, outra pegada (desta vez sozinha) foi achada na Praia do Telheiro, também no sul de Portugal, totalizando 8 trilhas da espécie na Europa. Em Monte Clérigo, os rastros circundam uma duna costeira — eles foram datados com luminescência oticamente estimulada, que revela a última vez que um mineral foi exposto à luz. O resultado datou as pegadas entre 83.000 e 73.000 anos atrás.


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Arte de J. M. Galán feita com auxílio de inteligência artificial mostrando como teria sido o ambiente em Monte Clérigo quando os neandertais passaram pela região (Imagem: Scientific Reports/J. M. Galán)
Arte de J. M. Galán feita com auxílio de inteligência artificial mostrando como teria sido o ambiente em Monte Clérigo quando os neandertais passaram pela região (Imagem: Scientific Reports/J. M. Galán)

Com base no tamanho e formato, acredita-se que as pegadas foram deixadas por um adulto acompanhado de uma criança entre os 7 e 9 anos de idade e um bebê com menos de 2 anos. Isso sugere que os infantes seguiam os mais velhos nas atividades cotidianas. A trilha vai em direção à praia e então volta, indicando que os neandertais estavam forrageando por comida, como mariscos, por exemplo.

Outra possibilidade é que estivessem encurralando ou seguindo presas, como cavalos, veados ou lebres, já que algumas pegadas estavam pisoteadas por rastros de grandes mamíferos. Se os neandertais levantaram acampamento na região, não sobraram registros disso. Eles podem ter ficado no local temporariamente ou por longos períodos, mas, de qualquer forma, devem ter buscado comida na região, segundo os cientistas.

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